“Terra e Paixão” ficou no quase: quais novelas da Globo ficaram mais tempo no ar?
A atual novela das nove chega ao fim – e bate na trave como uma das mais longevas da emissora. Confira o top 5.
Acaba, nesta sexta-feira (19), a novela Terra e Paixão. Na programação da TV Globo desde maio de 2023, a produção de 221 episódios quase entra para o top 5 de novelas da emissora com mais capítulos – só mais 21 e empatava com o quinto lugar.
Quem vai substituí-la no horário das 21h é um remake de Renascer, novela de 1993 que teve 213 capítulos – quem sabe a nova versão encosta no ranking?
Confira as novelas da TV Globo que ficaram mais tempo no ar:
5 – Minha Doce Namorada (1971-1972): 242 capítulos
A jovem órfã Patrícia (Regina Duarte) parte para o Rio de Janeiro. Ela faz amizade com o Seu Pepe (Sadi Cabral), sem imaginar que, além de dono da empresa onde trabalha, é tio-avô de Renato (Cláudio Marzo), um rapaz pelo qual se apaixonou.
Para ficarem juntos, o casal terá que enfrentar a oposição dos tios de Renato e sobrinhos de Seu Pepê. A dupla de vilões quer controlar os bens da família, já que Renato foi considerado o único herdeiro da grana do tio-avô. Outra interessada em destruir o romance é Verinha, a noiva mimada de Renato, que também está de olho na herança.
Minha Doce Namorada foi a responsável por alçar Regina Duarte à fama. A atriz, que depois seria Secretária da Cultura no governo Bolsonaro, ganhou o apelido de “namoradinha do Brasil”, por causa dos papéis de heroínas doces e ingênuas pelos quais ficou conhecida.
4 – Empate: Selva de Pedra (1972-1973)/Barriga de Aluguel (1990-1991): 243 capítulos
Em quarto lugar, temos um empate técnico.
A primeira versão de Selva de Pedra foi um recorde de audiência. Um dos capítulos chegou a registrar 100% de audiência no Ibope. Ela chegou para substituir O Homem Que Deve Morrer no horário das 20h, que, por sua vez, tinha substituído Irmãos Coragem – uma sequência de hits.
De Janete Clair, a trama gira em torno da ascensão do jovem interiorano Cristiano Vilhena (Francisco Cuoco), dividido entre o poder e a felicidade com sua esposa, Simone (Regina Duarte). A ambição aproxima o protagonista do vilão Miro (Carlos Vereza), capaz de tudo para eliminar qualquer obstáculo à ascensão social de Cristiano.
Uma curiosidade: no início, era previsto que Cristiano se casaria com uma outra mulher, Fernanda (Dina Sfat), depois que um acidente de carro desse Simone como morta. Ela, na verdade, tinha sobrevivido, o que colocaria Cristiano em maus lençóis. Contudo, a censura da Ditadura Militar não gostou nada desse enredo e proibiu que isso acontecesse. Teoricamente, se Simone continuasse viva e Cristiano se casasse novamente, ele estaria cometendo o crime de bigamia.
A novela foi a estreia de Glória Pires na Globo. Aos oito anos de idade, ela interpretou Fátima, uma criança que morava na pensão em que Cristiano e Simone se hospedam ao chegar.
Barriga de Aluguel é a novela mais recente da lista: foi ao ar no início dos anos 1990 e é a única colorida. Escrita por Gloria Perez, conta do casal Ana (Cassia Kis) e Zeca (Victor Fasano), que, apesar de um casamento perfeito, não conseguem ter filhos. Para realizar o sonho de serem pais, o casal usa inseminação artificial e contratam a jovem Clara (Cláudia Abreu) como barriga de aluguel.
Clara é uma moça pobre que vê na proposta uma chance de melhorar de vida; ela encara a ideia como um simples negócio, e esconde sua decisão dos amigos e parentes. Com o avanço da gravidez, as relações entre Clara e Ana se complicam e Zeca acaba se envolvendo com Clara. Após o nascimento da criança, as duas passam a disputar a maternidade, e o caso é levado aos tribunais.
Perez teve a ideia da novela em 1985, mas os executivos da Globo acharam a história muito surreal para a época e a empurraram com a barriga (rs). Mesmo quando ela foi ao ar, não acharam que daria tanta audiência e colocaram o folhetim no horário das 18h. Mas a novela foi tão bem que acharam melhor estender sua duração. O final é inconclusivo: não dá para saber qual das duas ficou com a criança.
3 – O Homem Que Deve Morrer (1971-1972): 258 capítulos
Exibida às 20h, a novela de Janete Clair (outra vez por aqui) se passa em Porto Azul, uma fictícia cidade em Santa Catarina. O médico Ciro Valdez (Tarcísio Meira) desperta a ira do vilão Otto Müller (Jardel Filho) ao salvar sua vida com um transplante de coração de um jovem negro. Otto é o poderoso superintendente de uma companhia de mineração na região – é um homem influente, perigoso e racista. A raiva pelo médico aumenta ainda mais quando Ciro se apaixona pela ex-esposa de Otto, Esther (Glória Menezes).
2 – Irmãos Coragem (1970-1971): 328 capítulos
Em segundo lugar fica a primeira versão de Irmãos Coragem, mais um folhetim de Janete Clair. A novela ficou no ar por exatos um ano e quatro dias. A segunda versão, exibida em 1995, teve metade da duração: 155 episódios.
A história é um bangue-bangue à brasileira. João (Tarcísio Meira), Jerônimo (Cláudio Cavalcanti) e Duda (Cláudio Marzo), os tais Irmãos Coragem, se voltam contra o latifundiário Pedro Barros (Gilberto Martinho). Pedro quer controlar o comércio de diamantes na fictícia cidade goiana de Coroado; para isso, corrompe a polícia, compra votos e oprime a população.
Era uma novela do extinto horário das 20h (que, agora, é às 21h). Essa faixa da programação ficou marcada por produções extensas e de alto nível na Globo – e Irmãos Coragem ajudou a começar essa tradição.
“Ele consolida a liderança de audiência da Globo no país”, afirma Lucas Martins Néia, roteirista e pesquisador da história da telenovela. “Você tem uma novela que é meio que o bangue-bangue à brasileira; um gênero cinematográfico trazido para o contexto do país. Esse binômio ‘metrópole e interior’ vai ser muito forte na teledramaturgia, e essa novela é interessante porque ela trabalha muito isso.”
A Grande Mentira (1968-1969): 341 capítulos
Quem leva o título de novela mais longa da história da Globo é a produção A Grande Mentira. Ela foi ao ar em junho de 1968 e acabou em julho de 1969. Foram 341 capítulos, escritos por Hedy Maia, transmitida no horário das 19h durante mais de um ano.
A trama lembra aquelas comédias românticas clichês: o milionário Roberto Albuquerque (Cláudio Marzo) atropela Maria Cristina (Myriam Pérsia) e os dois se apaixonam. Mas a mãe dele, Viridiana Albuquerque (Neuza Amaral), não aprova a relação dos dois porque a moça é pobre.