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E se alguém matasse políticos corruptos?

Texto: Tiago Cordeiro | Design: Yasmin Ayumi e Andy Faria | Ilustrações: Alex Shibao

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e um justiceiro começasse a matar pessoas corruptas, muita gente ia gostar, mas a polícia precisaria agir. Se a vítima fosse um político de expressão, a pressão seria maior, devido à cobertura da imprensa. E, caso o matador continuasse agindo, a população ficaria com medo. Afinal, que tipo de corrupto é alvo? Até quem fura fila vai morrer?

FENÔMENO MIDIÁTICO

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Diante do medo da povo, o justiceiro precisaria publicar na internet suas motivações. Com isso, ganharia apoio de parte do público e uma cobertura cada vez maior na mídia. Ele se tornaria um personagem famoso e seria objeto de debates acalorados na imprensa. Uns o chamam de herói. Outros, de lunático.

SURGEM OS IMITADORES

Outras pessoas se sentiriam estimuladas a fazer justiça com as próprias mãos. “O justiceiro será investigador, acusador e julgador”, diz Gustavo Senna, professor da Escola de Estudos Superiores do Ministério Público. “Um retrocesso em direitos humanos, como o que aconteceu quando os milicianos chegaram às favelas”. No vácuo do Estado, surge uma outra justiça.

RESULTADOS LIMITADOS

Se as mortes continuassem, três cenários seriam possíveis.

DITADURA À VISTA

As autoridades poderiam perder o controle sobre o país. No limite, o assassinato de um presidente forneceria um ótimo pretexto para uma nova ditadura. “Uma estratégia violenta provaria um pouco de benefício no curto prazo e um grande prejuízo no longo prazo”, diz Michael Johnston, cientista político e professor da Universidade Colgate, dos EUA.

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PAÍS DESENVOLVIDO

Em um cenário menos provável, a crise política seria solucionada e os novos políticos eleitos teriam muito mais respeito às leis – e um medo enorme de cometer desvios. Nesse caso, o Brasil melhoraria muito, porque país que tem menos corrupção é mais desenvolvido – as nações mais transparentes do mundo são Dinamarca, Nova Zelândia e Finlândia.

TUDO ACABA EM PIZZA

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Em algum momento, o justiceiro desapareceria ou seria preso ou morto. “Diversos estudos demonstram que, mesmo diante da ameaça da pena de morte, a criminalidade não diminui, ao contrário”, afirma Gustavo Senna. Os corruptos aumentariam sua proteção e tudo voltaria ao que era antes. E alguém faria um filme ou uma série de TV contando a história.

Doutrinador, herói nacional

O Doutrinador é uma figura que luta para acabar com a corrupção dos corredores de Brasília e também com a malandragem do dia a dia. Criado por Luciano Cunha em 2008, o personagem ficou famoso em 2013, auge das manifestações no País.

“Não consigo lembrar o escândalo do dia em que decidi desenhar. Mas foi o acúmulo de casos que me moveu”, diz. São duas histórias completas, e outras duas prontas para serem impressas. Além disso, o personagem virou filme e uma série, exibida pelo canal Space.

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<strong>HQ brasileira virou filme.</strong>
HQ brasileira virou filme. (Luciano Cunha/Reprodução)

Outros dois recentes livros brasileiros de ficção tratam do tema: em Distrito Federal, de Luiz Bras, um ciborgue-curupira extermina políticos corruptos. Em 2.990 Graus: A Arte de Queimar no Inferno, de Adilson Xavier, um justiceiro elimina corruptos enfiando um maçarico no ânus das vítimas.

O que funciona?

As formas corretas de combater a corrupção.

Matar não resolve. “Não há a menor possibilidade de haver um Doutrinador na vida real, quanto mais imitadores”, diz o criador, Luciano Cunha. Mas existem pelo menos duas outras formas mais eficientes de prevenir ações corruptas. Uma delas é dificultar a prática, criando mecanismos de controle externo e de divulgação de atividades, obras e contratos.

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A outra, que vem na sequência, é garantir que os culpados sejam devidamente identificados e cumpram penas pesadas, seja na cadeia, seja com multas ou com a proibição de atuar no mesmo ramo novamente. “A sociedade precisa cobrar que as leis sejam colocadas em prática”, diz o cientista político Michael Johnston.

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