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10 vilões que marcaram 2015

Foi um ano cheio de vilanias. A lista completa seria bem longa.

Por Denis Russo Burgierman
Atualizado em 4 nov 2016, 19h07 - Publicado em 18 dez 2015, 19h00

Num ano em que não faltou desgraça, os vilões fizeram a festa. Ficou até difícil para os bandidos da ficção competir com os do mundo real. A seguir, listamos 10 pessoas que reviraram fígados neste ano tão difícil.

10. Walter Palmer

Não satisfeito em passar o ano todo fazendo seus pacientes sofrerem na cadeira de seu consultório no Minnesota, o dentista Walter Palmer, quando tira férias, gosta de matar animais. Só que dessa vez ele foi longe demais: matou o imponente leão Cecil, animal-símbolo do Zimbabwe, interrompendo sete anos de pesquisa científica de biólogos da Universidade de Oxford, na Inglaterra. O leão, de 13 anos, foi ludibriado e atraído para fora do santuário do Parque Nacional Hwange. Palmer então usou um arco para flechá-lo. O animal agonizou por 40 horas até Palmer encerrar seu sofrimento com um rifle, no dia 1º de julho. Ele ainda teve estômago para esfolá-lo, cortar sua cabeça e sumir com o colar que havia sido instalado pelos biólogos de Oxford. Os guias africanos que ajudaram Palmer foram presos, mas o dentista se safou. Quando reabriu sua clínica no Minnesotta, ele encontrou um grande cartaz que dizia “apodreça no inferno”.

9. Pablo Escobar

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Mesmo morto faz 22 anos, o facínora colombiano deu um jeito de voltar a aterrorizar as pessoas em 2015 – só que dessa vez ele fala espanhol com um estranho sotaque baiano. É que o traficante de cocaína virou personagem de seriado americano de TV, na pele do brasileiro Wagner Moura, que, apesar do sotaque, foi indicado ao Globo de Ouro de melhor ator pela atuação convincente. O arquivilão Escobar, aliás, está em alta: estrelou também o seriado O Senhor do Tráfico, sucesso da TV colombiana. É também personagem principal do livro Meu Pai, lançado este ano no Brasil por Juan Pablo Escobar, filho do traficante, que veio a São Paulo dizer que “meu pai foi um bandido, mas meu amor por ele é incondicional”. Todos esses produtos ajudam a tornar mais complexa a imagem do bandidão, um homem amoroso com a família, um gênio dos negócios, mas ao mesmo tempo capaz de explodir um avião matando 110 pessoas apenas para se vingar do presidente da República (que acabou não embarcando).

8. Andreas Lubitz

Se é absurdo matar 110 pessoas apenas para se vingar de uma, como fez Escobar, o que dizer desse co-piloto alemão, que no dia 24 de março matou 149 para se suicidar? Dizem que a depressão torna as pessoas mais egoístas, mas Lubitz levou essa afirmação a um outro nível. Depois de esconder de seus empregadores da empresa Germanwings que ele já havia sido diagnosticado com tendências suicidas, ele esperou o piloto ir ao banheiro, trancou a porta da cabine e arremessou a aeronave contra uma montanha, nos Alpes franceses.

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7. Aedes aegypti



Bom, se um alemão deprimido entrou nesta lista por matar 110, este mosquito africano fez pior: matou quase 500, só no Brasil, de dengue. É um aumento de 80% em relação ao ano passado, confirmando as previsões de que as mudanças climáticas levariam a uma epidemia generalizada. Mas o Aedes não ficou só na dengue. Ainda transmitiu o vírus da zika, que está ligado a uma pavorosa onda de nascimentos de crianças com problemas graves no desenvolvimento do sistema nervoso – elas nascem com o cérebro menor do que o normal. Já foram registrados os nascimentos de quase 2 mil bebês com microcefalia no país e as autoridades médicas estão aconselhando as mulheres a não engravidarem agora. O pior é que, a julgar pelo fracasso brasileiro no combate à dengue, tudo indica que a epidemia de zika também ficará cada vez pior.

6. Geraldo Alckmin

O governador de São Paulo tem fama de se safar de tudo com sua cara de bonzinho. Mas, em 2015, ele abusou. Depois de ter prometido que “não vai faltar água” antes das eleições do ano passado, continuou negando que houvesse qualquer tipo de racionamento em 2015, enquanto os paulistas viam suas torneiras secarem. Sua campanha de desinformação acabou piorando o problema, ao desmobilizar os esforços de economizar. Sem falar que a falta de planejamento pode ter piorado a epidemia de dengue. Mas não parou por aí. Em seguida, o governo de São Paulo falsificou dados sobre homicídios, ao omitir as mortes causadas por policiais em folga. E, para encerrar, o governo tentou enfiar goela abaixo da sociedade um plano mal explicado de reorganização das escolas. Quando os estudantes se rebelaram e ocuparam duas escolas, o governo chamou a polícia para bater neles, o que serviu apenas para que outras 200 escolas fossem ocupadas também. A Justiça então determinou que o governo negociasse com eles, mas o governador mostrou-se mais desobediente do que os seus alunos.

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5. Dilma Rousseff

Ano passado, a candidata Dilma arrumou briga com metade do Brasil, ao fazer uma campanha eleitoral agressiva que basicamente ofendia qualquer um que não fosse votar nela. Aí, logo no início de 2015, ao assumir a presidência, ela irritou a outra metade da população, ao montar um ministério que era exatamente aquilo que a campanha havia acusado seus opositores de serem. A consequência é que, enquanto seus inimigos iam às ruas para manifestar seu ódio, seus amigos, decepcionados, não tinham ânimo para defendê-la. No meio dessa confusão, o Brasil caiu pelas tabelas e o Facebook virou ringue de boxe. O início de seu governo ficou adiado para 2016.

4. Samarco

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Todo mundo sabia faz anos que a barragem da represa de resíduos de mineração da Samarco estava prestes a desmoronar. Mas, com a baixa dos preços do minério de ferro, a empresa, cujos proprietários são a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, estava sofrendo pressão para aumentar a produtividade sem aumentar custos. Resultado: passou a jogar ainda mais resíduos na represa, fazendo crescer ainda mais a pressão sobre a barragem. Até que ela arrebentou, como era óbvio. A catástrofe ambiental se espalhou no espaço, por mais de 1.000 quilômetros, e no tempo, por décadas. Resultado: rios assoreados, toneladas de animais mortos, um vilarejo em Minas Gerais apagado do mapa, muita morte e desemprego. Tragédia-símbolo desses tempos de absoluto descaso ambiental deste país que parece estar seriamente empenhado em abrir mão da condição de nação mais privilegiada em recursos naturais no mundo.

3. Frank Underwood

No ano em que a série House of Cards se cacifou como uma das melhores da história da TV, o político sociopata interpretado por Kevin Spacey brilhou. E nós, espectadores, fomos cúmplices. Enquanto o assassino e mentiroso Underwood enganava seu país inteiro, ele olhava para a câmera e cochichava para nós, espectadores, o que estava por trás de seus cálculos. Esse recurso fez com que a série fosse mais do que mera ficção televisiva: ela é quase um guia para entender as intrigas escondidas por trás das imagens que os políticos nos vendem. Como Escobar, acima, e Abu-Bakr, abaixo, Underwood é um vilão sedutor, que, ao mesmo tempo que nos revolta, deixa alguns encantados com sua genialidade.

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2. Eduardo Cunha

Mas Frank Underwood é fichinha perto de Eduardo Cunha – que tem a vantagem de não confessar para a câmera quando faz bobagem. Odiado à esquerda e à direita, Cunha se aproveita do fato de que as duas se odeiam entre si mais do que o odeiam. Assim, passou o ano jogando xadrez com os dois lados – chantegeava Dilma em troca de mantê-la no cargo, enquanto seduzia a oposição com a promessa de derrubar a presidente. Enquanto isso, quase todo mundo que se opunha a ele acabava ameaçado de morte. Parecia o fim dele quando várias testemunhas confessaram ter depositado milhões de dólares de propina em contas dele na Suíça, e o banco suíço confirmou que o dinheiro estava lá. Cunha fez cara de inocente e disse que, se havia mesmo mais de 2 milhões de dólares depositados em sua conta, ele não fazia ideia de quem depositou à sua revelia. Engraçado, eu nunca tenho esse tipo de surpresa quando checo meu extrato. Na season finale de 2015, a polícia baixou em sua casa, a Câmara finalmente decidiu investigá-lo e a House of Cunha parece mesmo prestes a cair.

1. Abu Bakr al-Baghdadi

Sabe aqueles arquivilões de filme, que querem destruir toda a civilização? Pois Abu Bakr bota eles todos no chinelo. Líder do Estado Islâmico, ele se auto-nomeou califa, líder supremo de todos os “verdadeiros” muçulmanos da Terra. Como tal, passou 2015 comandando operações terroristas cinematográficas que mataram todo tipo de gente: franceses, russos, africanos, até mesmo muçulmanos que não aceitam seu califado. Como qualquer arquivilão, ele é um sedutor gênio do mal. Como Cunha, usa a estratégia de dividir para conquistar: é odiado por todos, mas se aproveita do fato de que todo mundo tem um inimigo que odeia mais do que ele. Com isso, conquistou vastos territórios no Iraque e na Síria, enquanto os governos desses países estão ocupados demais combatendo grupos rebeldes. Iraquiano, PHD em estudos islâmicos, ele esteve detido na prisão americana de Campo Bucca, onde impressionou até mesmo os guardas, com sua sabedoria e liderança. Por isso, teve privilégios e pôde articular alianças com cidadãos de vários países na cadeia. Essa rede de contatos é o germe do Estado Islâmico, que se tornou talvez a primeira grande organização terrorista verdadeiramente global, com um exército de soldados suicidas em quase todo o mundo islâmico e também nas periferias das grandes cidades ocidentais. Ou seja: o Estado Islâmico provavelmente nem existiria se não fosse George W. Bush, que colocou o cara na cadeia e cultivou seu ressentimento.

 
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