5 mil km em um barco medieval: arqueólogo recria 26 viagens feitas pelos vikings
Estudo identificou quatro novos prováveis portos usados pelos nórdicos há mais de mil anos.

Nos últimos três anos, o arqueólogo sueco Greer Jarrett tem se dedicado a uma missão incomum: refazer as rotas que seus ancestrais fizeram há mais de mil anos. O pesquisador construiu uma réplica de um barco medieval – e recriou as famosas viagens marítimas dos vikings, os famosos guerreiros e saqueadores nórdicos que aterrorizaram a Europa por séculos.
Jarrett, doutorando na Universidade de Lund, na Suécia, já completou 26 viagens, totalizando 5 mil quilômetros. Não se trata de um hobby, mas sim um estudo científico: o arqueólogo já descobriu, entre outros achados, quatro prováveis portos até então desconhecidos na costa da Noruega que eram usados pelos viajantes há mil anos.
Durante a chamada Era Viking, que durou mais ou menos de 800 d.C. a 1050 d.C., os nórdicos praticaram saques, invasões, conquistas, colonização e comércio com grande parte da Europa – e até na América do Norte, já que eles chegaram à Groenlândia e até ao Canadá. Tudo isso graças às avançadas habilidades marítimas dos vikings, claro.
Com exceção dos pontos de partida e chegada, não se sabe muitos detalhes sobre essas viagens vikings – a maior parte do conhecimento ficou preservada na cultura oral destes povos, além de alguns poucos textos escritos e evidências arqueológicas. Para desvendar como as navegações aconteciam na prática, Jarrett convidou alguns colegas e colocou a mão na massa.
Seus achados, publicados recentemente na revista Journal of Archaeological Method and Theory, reforçam a hipótese que os vikings tinham uma longa e complexa rede de comércio, embora descentralizada, baseada em portos espalhados por ilhas e penínsulas do norte da Europa.
Jarrett entrevistou pescadores e navegadores noruegueses para entender quais as melhores rotas marítimas na região, especialmente no século 19, quando não havia as tecnologias modernas. Assim, conseguiu recriar os caminhos mais eficientes e, portanto, os mais prováveis de terem sido usados pelos vikings, que eram experientes na navegação.

Outra conclusão do arqueólogo é que os vikings provavelmente navegavam mais longe da costa do que se imaginava anteriormente. “Este tipo de barco navega bem em águas abertas, em condições adversas”, diz Jarrett. “Mas navegar perto da terra firme e dos fiordes às vezes apresenta desafios grandes, embora não tão óbvios, como correntes subaquáticas.”