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6 passos para o fim do mundo

O mundo mal conseguira pegar no sono após as noites maldormidas durante a 2ª Guerra quando a humanidade quase entrou numa 3ª. Não houve ano entre 1948 e 1989 sem um conflito armado estourando em alguma parte. Porém, eram sufocados pelo receio de que provocassem um guerra aberta, entenda-se: nuclear.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h24 - Publicado em 19 fev 2011, 22h00

Texto Celso Miranda

1 – RUPTURA DIPLOMÁTICA

RISCO: Baixo.
Duração: Entre 1960 e 1962.
ENVOLVIDOS: China e União Soviética.

ANTECEDENTES: A relação entre comunistas chineses e soviéticos nunca foi das melhores depois que Mao Tsé-tung tornou-se líder do PC na China, nos anos 40, contra o apoio de Moscou. No entanto, durante sua Grande Marcha para tomar o poder, Mao virou um líder indiscutível e, apesar das diferenças de método e da antipatia pessoal, garantiu a aliança entre os dois regimes. Na Guerra da Coreia, travada diretamente contra os EUA, fez todo o sentido a maior potência comunista e o país mais povoado do mundo estarem juntos. Mas a subida ao poder de Nikita Kruschev e sua política de “convivência pacífica” com o Ocidente capitalista afastou os dois países. Mao começou a chamar a China de “comunismo real” e dizer que a União Soviética traíra a ideologia. Em 1960, a União Soviética rompeu com a China e cancelou projetos em agricultura, fábricas e, principalmente, armas. Meses depois, em 1962, com as relações ainda mais tensas, Kruschev negou apoio à China na guerra com a Índia por questões na fronteira. Isolada pelo Ocidente, sem o apoio do bloco soviético, restou aos chineses o apoio da Albânia.

PONTO CRÍTICO: Mao declara ao primeiro-ministro italiano: “Quem lhe disse que a Itália deve sobreviver? Restarão 3 milhões de chineses e isso será bastante para a raça humana continuar”. Não se tem outro registro tão honestamente cru de um líder relevante disposto a aceitar e a fazer as contas publicamente sobre a inevitabilidade de uma guerra nuclear e sua possível utilidade como um meio de provocar a derrota final de seus adversários. (1962)

DESFECHO: A China permaneceu isolada por mais uma década, mas, com a doença de Mao, a política externa americana se afastou da URSS para se aproximar da China.

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2 – OCUPAÇÃO DO CANAL DE SUEZ

RISCO: Médio.
ALVOS: Reino Unido, França, Israel, União So-viética e EUA.

O CONFLITO: Em 1952, oficiais do Exército depuseram a monarquia no Egito, amiga do peito da Inglaterra, gerando um friozinho na barriga em relação ao canal de Suez, passagem estratégica entre o Mediterrâneo e o golfo Pérsico. Nos anos seguintes, a região se tornaria um polo constante de tensões entre Israel e os países árabes. Em julho de 1956, o presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, anunciou a nacionalização da empresa que controla o canal e, em 29 de outubro, Israel invadiu a Faixa de Gaza e a península do Sinai. França e Inglaterra se ofereceram para intervir entre as tropas beligerantes e evitar o conflito na região do canal. Nasser disse não, muito obrigado.

PONTO CRÍTICO: A ocupação aconteceu em 31 de outubro e o Egito reagiu afundando todos os 40 navios que estavam no canal. Ingleses e franceses pediram a intervenção internacional, isto é, dos americanos, mas receberam um recado direto da União Soviética de que o envolvimento de uma potência atômica no conflito abriria o caminho para o envolvimento de outra. Os soviéticos puseram seu armamento nuclear de prontidão.

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DESFECHO: O presidente Dwight Eisenhower negou apoio aos aliados europeus e o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Anthony Eden, foi forçado a renunciar. As forças invasoras se retiraram do Egito em março de 1957.

3 – UM ESPIÃO EM MOSCOU

RISCO: Médio.
ALVOS: EUA e União Soviética.

O CONFLITO: Não podia haver momento pior. Em maio de 1960 um avião U-2, pilotado por Francis Gary Powers, foi abatido pelos soviéticos e Powers preso. Os americanos exigiram que o piloto fosse devolvido e disseram que ele fazia pesquisas meteorológicas.

MOMENTO CRÍTICO: Kruschev exigiu desculpas. E promoveu um desfile na praça Vermelha para condecorar como heróis os pilotos que abateram o U-2 americano. De quebra transmitiu para todo o mundo a humilhação pública do piloto, admitindo ser espião. Os soviéticos afirmaram que qualquer ato de espionagem dos americanos em território soviético seria tomado, a partir dali, como um ato de guerra.

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DESFECHO: O governo americano admitiu a espionagem e, apesar da pressão para resgatar seu piloto, resignou-se com a pena que lhe foi imposta: Powers foi condenado a 10 anos de prisão. Foi solto dois anos depois e trocado por um espião russo. Morreu num acidente de helicóptero cobrindo o trânsito para uma emissora de TV.

4 – GUERRA DO YOM KIPPUR

RISCO: Médio.
AMEAÇA: EUA.
ALVOS: Egito, Síria e União Soviética.

O CONFLITO: Em 1973, a crise envolvendo árabes e Israel continuava. Síria e Egito, aliados soviéticos, atacaram Israel para retomar as posições ocupadas durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. A novidade, no entanto, era a crise no fornecimento de petróleo.

MOMENTO CRÍTICO: Pode ter tido uma dose de jogo de cena, mas o presidente Richard Nixon declarou os EUA em estado de “Alerta Nuclear”, a primeira vez desde a Crise dos Mísseis.

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DESFECHO: O conflito armado terminou em impasse, e os israelenses não alteraram o território conquistado nas guerras anteriores. Sob a interferência dos EUA, da União Soviética e da ONU, foram feitos acordos de cessar-fogo. Sem solucionar a Questão Palestina, a Opep passou a boicotar o fornecimento aos países que apoiaram Israel. O aumento dos preços, que vieram logo em seguida, geraram uma crise mundial sem precedentes.

5 – CRISES DOS MÍSSEIS

RISCO: Alto.
AMEAÇA: EUA.
ALVO: Cuba e União Soviética.

O CONFLITO: Em 16 de outubro, o presidente John Kennedy foi notificado que a CIA identificara a instalação de mísseis nucleares soviéticos em Cuba, a 270 quilômetros da Flórida. Reunido às pressas em Washington, o comando militar americano foi unânime em orientar um ataque imediato a Cuba. Kennedy, no entanto, preferiu esperar.

MOMENTO CRÍTICO: Kennedy decretou a apreensão de qualquer navio soviético que se aproximasse da ilha e deu um ultimato para que as bases fossem desmontadas imediatamente. Imediatamente também, iniciou voos sobre a ilha. O presidente americano, no entanto, não foi radical. Em meio à crise, iniciou conversações com Kruschev. Em 2001, a CIA tornou públicos alguns trechos desses contatos. “Sr. Presidente. Me surpreendi com sua carta que afirma que a lista de armamentos que exigimos que sejam retirados de Cuba sugere um desejo de complicar as coisas. A única solução da crise está na retirada de todos os armamentos que podem ser usados ofensivamente. Sem isso não há chance de falar em solução pacífica para o confronto.”

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DESFECHO: A opinião pública americana já esperava a invasão, e as declarações de alguns militares sugeriam que ela era iminente. Os comandantes soviéticos na ilha tinham autorização de Moscou para iniciar um ataque nuclear contra os americanos ao primeiro sinal de agressão. Kruschev e Kennedy negociaram e evitaram o pior. Em 8 de novembro, o soviético ordenou a retirada das bases de lançamento, em troca do compromisso do americano de não invadir a ilha comandada pelo revolucionário Fidel Castro e de retirar mísseis instalados na Turquia.

6 – GUERRA DA COREIA

RISCO: Altíssimo.
AMEAÇA: EUA.
ALVOS: União Soviética e China.

O CONFLITO: Em julho de 1950, o Exército norte-coreano cruzou a fronteira e tomou Seul, a capital da Coreia do Sul. A ONU, com o patrocínio financeiro e logístico dos EUA, enviou forças comandadas pelo general americano Douglas MacArthur, um herói da guerra contra os japoneses, para comandar as ações. Após 5 dias de guerra, 70 mil soldados norte-coreanos foram vencidos por 140 mil americanos e Seul foi libertada. O general Douglas MacArthur, no entanto, seguiu para a capital da Coreia do Norte, Pyongyang. Tropas chinesas reagiram, enviando 300 mil soldados para a Coreia do Norte, e expulsaram as forças americanas.

MOMENTO CRÍTICO: Douglas MacArthur insistiu na chamada ampliação do conflito e pediu a seus superiores autorização para um ataque nuclear à China, que ele acreditava não possuir arsenal atômico, e, secretamente, defendia um plano de retaliação a cidades soviéticas. Naquele tempo, o controle das armas não era atribuição exclusiva do presidente, e, se obtivesse apoio dos congressistas americanos, MacArthur poderia agir. A possibilidade de um ataque nuclear foi real. O presidente Harry Truman repreendeu publicamente o general. Mas MacArthur era um obstinado, não se deu por vencido e enviou cartas aos congressistas americanos debochando do recuo frente ao avanço comunista.

DESFECHO: Truman demitiu MacArthur trocando-o pelo general Ridway. Um cessar- fogo não declarado foi a solução para acalmar americanos e russos. Mas o impasse com a Coreia do Norte continua até hoje, agravado pelo apoio dos chineses ao regime e pelo potencial nuclear daquele país.

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