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A máquina das emoções

Para você curtir seu programa favorito, um canhão dispara elétrons num tubo de vácuo.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h11 - Publicado em 30 nov 1999, 22h00

Spensy Pimentel

A primeira imagem de TV foi uma linha reta cortando ao meio uma tela num tubo de vidro. De repente, o risco fez um giro de 90 graus e ficou parado na vertical. Você, se deparasse com essa cena, mudaria de canal na hora. Já para o americano Philo Farnsworth (1906-1971) aquele momento, no dia 7 de setembro de 1927, era a concretização de um sonho – o de usar meios eletrônicos para transmitir imagens a distância. Naquela época, a televisão era uma meta ardentemente perseguida por vários inventores. Alguns já tinham até conseguido despachar imagens de um lugar para outro, mas o resultado era instável e precário. O caminho, já se sabia, estava no tubo de raios catódicos, desenvolvido no final do século XIX. Mas ninguém sabia o que fazer com ele. A solução apareceu na cabeça de Farnsworth aos 14 anos de idade. Menino criado na roça, ele devorava as revistas técnicas que chegavam até Rigby, no Estado de Idaho, onde morava. Um dia, reparou nos sulcos paralelos deixados pelo arado ao preparar o solo para as batatas.

Daí surgiu a idéia de constituir as imagens por meio de linhas formadas por um ponto percorrendo uma tela.

Farnsworth batalhou até transformar seu lampejo em realidade. Mas ainda teve de enfrentar uma longa briga na Justiça para registrar o invento. É que a paternidade da TV também era reivindicada por Vladimir Zworykin, um imigrante russo que tinha o patrocínio da RCA, a maior empresa americana de telecomunicações. Farnsworth ganhou a parada, mas a validade da patente se expirou antes que ele começasse a receber o dinheiro pela invenção. Enquanto isso, a RCA continuou divulgando o nome de Zworykin como o “pai da televisão”. Amargurado, Farnsworth se entregou ao álcool e à depressão. Indagado certa vez sobre o que tinha inventado, respondeu: “Um monstro na frente do qual as pessoas irão desperdiçar sua vida.”

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Como funciona o televisor

Um canhão eletrônico varre a tela em alta velocidade.

O coração do aparelho de TV é o tubo de raios catódicos – uma espécie de canhão que lança elétrons contra uma tela revestida de material fosforescente. Os elétrons iluminam pontos na tela, desenhando as imagens.

1. ONDAS INTELIGENTES

Um cabo, ligado à antena externa, capta as ondas eletromagnéticas correspondentes à freqüência do canal em que o aparelho está sintonizado. Essas ondas carregam instruções para que as imagens sejam reconstruídas. Variações na freqüência da onda vão indicando a intensidade da luz em cada um dos pontos da tela. Os quadros que formam a imagem são transmitidos em seqüência, um após o outro.

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2. O TRAJETO DOS ELÉTRONS

Os circuitos eletrônicos do televisor transformam as ondas eletromagnéticas em impulsos elétricos de intensidade variável. Esses impulsos vão determinar a quantidade de elétrons que incidirá em cada ponto (ou “pixel”) dos quadros e organizar a seqüência em que esses pontos vão se acender e se apagar.

3. RAIOS DE ENERGIA

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Os impulsos acionam três canhões de elétrons. Dentro de cada um deles, há um filamento de metal chamado cátodo. Aquecido, o metal fica com seus átomos energizados e libera elétrons no interior do tubo de vácuo, em direção à tela. O vácuo é para que os elétrons, que são muito pequenos, não esbarrem em moléculas de ar no caminho. Por terem carga negativa, os elétrons são atraídos por um pólo positivo (ânodo), dentro do canhão. Ali, uma peça chamada eletrodo acelerador, carregada com energia suficiente para arremessar os elétrons (quase 30 000 volts), recebe instruções dos circuitos e controla a quantidade de elétrons jogada na tela. Mais ou menos elétrons traduzem-se em mais ou menos luz num ponto.

O interior do tubo é pintado com uma tinta de grafite chamada de aquadag. Ligada a um pólo elétrico positivo, essa camada atrai e elimina os elétrons que já se chocaram contra a tela. Se os elétrons ficassem lá dentro, causariam problemas.

4. DOMADORES DE ELÉTRONS

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As bobinas defletoras (anéis compostos por eletroímãs) manipulam um campo magnético que se forma dentro do tubo, direcionando os três feixes de elétrons de modo que eles percorram a tela num movimento da esquerda para a direita e de cima para baixo, formando linhas. É como a leitura de um texto, só que a uma velocidade de mais de 15 000 quilômetros por hora. O sinal da antena orienta os ímãs a fim de que haja sincronia entre a seqüência das linhas na tela e a intensidade com que os feixes de elétrons atingem cada ponto.

5. PINTURA EM PONTOS

Cada um dos milhares de pontos na tela fosforescente brilha por 1 milésimo de segundo depois de ser atingido, formando um rastro de luz. Quando o feixe de elétrons chega ao final da tela, os primeiros pontos já deixaram de emitir luz, e tudo começa outra vez. Cada ponto na imagem é formado, na verdade, por três pontinhos menores, um para cada uma das cores primárias da luz – verde, azul e vermelho. Esses pontos contêm substâncias químicas para formar as cores. A combinação da intensidade dos três feixes de elétrons sobre cada ponto produz as formas e as cores na tela.

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6. DISPAROS CERTEIROS

A máscara de sombra, uma lâmina atrás da tela, toda furada, garante que cada canhão atinja os pontos da tela correspondentes à cor que lhe cabe desenhar. Sem esse ajuste milimétrico, não haveria como formar as centenas de diferentes tonalidades de cor que um televisor pode exibir.

A ilusão do movimento

Você acha difícil acreditar que três feixes de elétrons, passando 30 vezes por segundo pelos mais de 300 000 pontos de luz que compõem a tela, consigam formar todo o movimento e as cores na TV? Pois essa é a pura realidade. Ilusão é o que acontece na sua cabeça. Cada imagem que aparece na tela fica fixada no fundo de seu olho por algo entre 0,05 e 0,1 segundo. O seu cérebro ainda nem acabou de interpretar o que apareceu na tela e outro quadro já está se formando. Assim, duas imagens separadas são percebidas como um movimento contínuo. Esse fenômeno se chama persistência visual. Sem ele, você não acreditaria na TV nem no cinema.

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