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A verdadeira história dos Illuminati

Como um grupo que durou menos de dez anos virou fonte inesgotável de teorias conspiratórias, num processo alimentado por mais de dois séculos de lendas - da Revolução Francesa a Beyoncé.

Por Bruno Garattoni e Eduardo Campos Lima
Atualizado em 5 dez 2022, 18h30 - Publicado em 18 nov 2022, 11h17

S“Se um grupo de conspiradores é descrito como tão secreto a ponto de ser invisível, você simplesmente não será capaz de provar que ele não existe.” Essa máxima de Michael Barkun, professor de ciência política da Universidade de Syracuse (EUA) e um dos maiores especialistas na história das teorias de conspiração, serve para muitas sociedades secretas.

Mas ela é especialmente adequada para os Illuminati: uma confraria que foi extinta no final do século 18, mas até hoje é um símbolo de poder oculto – o qual, para quem acredita nele, estaria por trás de todos os problemas do mundo.

Os Illuminati surgiram em 1776, uma época em que a Europa passava por grandes transformações: a aristocracia e a Igreja estavam começando a perder o domínio sobre a sociedade, com o surgimento de regimes republicanos. Era a ascensão do Iluminismo – no qual, não por acaso, os Illuminati basearam seu nome.

O grupo foi criado por Adam Weishaupt, um professor de filosofia e direito canônico na Universidade de Ingolstadt, na Baviera, sul da Alemanha. A instituição era controlada por jesuítas (que se mantinham ativos localmente, embora sua ordem tivesse sido dissolvida pelo Vaticano em 1773).

Weishaupt, que à época tinha apenas 28 anos, não tolerava mais o controle dos clérigos no dia a dia. Então decidiu se rebelar. Montou um grupo com cinco alunos, elegeu a coruja de Minerva (símbolo da sabedoria na mitologia greco-romana) como distintivo e escolheu o nome: Federação dos Perfectibilistas. Mas o próprio Weishaupt achou meio estranho, e mudou para Illuminati pouco tempo depois.

Os Illuminati seguiam uma estrutura hierárquica similar à da Maçonaria, com diferentes níveis e graus de iniciação, e chegaram a ter parcerias com ela. Weishaupt fez acordos com a principal loja maçônica (grupo) de Frankfurt e depois a de Berlim.

Com isso recebeu autorização para fundar novas unidades em outras cidades, como parte do movimento maçônico. Grande parte dos novos “iluminados” vinha dos maçons, inclusive. Em seu auge, em 1784, os Illuminati tinham cerca de 2.500 membros, espalhados por lojas na Alemanha, Áustria, Suíça, Polônia, Itália e Eslováquia.

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Foram bem sucedidos em reunir médicos, advogados, engenheiros, intelectuais e funcionários públicos, e também tinham o apoio de alguns aristocratas. Escritores importantes, como o poeta Johann Wolfgang von Goethe, eram membros.

Ilustração de 6 elementos dentro de triângulos: Adam Weischaupt, seu livro e a coruja de Minerva, cenário da Bavária, castelo de Wilhelmsbad, Goethe e Carlos Teodoro.
Liderados por Adam Weishaput (no alto), os Illuminati atraíram intelectuais como o poeta alemão Goethe (no centro). Mas foram banidos pelo príncipe da Baviera, Carlos Teodoro (à direita). (Estevan Silveira/Superinteressante)

Com isso, os Illuminati chegaram a ter influência sobre algumas decisões da Justiça e dos negócios. Mas ela durou muito pouco, pois a ascensão do grupo logo gerou descontentamento. Panfletos anticlericais, que circulavam nas grandes cidades, eram logo atribuídos a eles – e seu poder sempre era extremamente superestimado.

O resultado disso foi que, já em 1785, o príncipe Carlos Teodoro da Baviera proibiu a sociedade dos Illuminati. Weishaupt e outros membros do alto escalão tiveram que fugir, deixando para trás seus escritos e documentos, que foram tornados públicos. Os Illuminati não tinham mais nada de secreto. Do exílio na Turíngia, Weishaupt escreveu quatro livros sobre o Iluminismo e a história do seu grupo de “iluminados”. Mas a coisa morreu ali.

Ou melhor, não morreu. Os Illuminati foram extintos em 1785. Mas estavam prestes a começar uma nova trajetória: a de lenda urbana, transformada em arma política.

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Fake news da Bastilha

Em 1795, dez anos após o fim dos Illuminati, eles ressurgiram nas páginas de um livro do jesuíta francês Augustin Barruel: Memórias para Servir na História do Jacobinismo, com cinco volumes, em que o abade Barruel ataca a Revolução Francesa.

Para ele, a revolução teria sido fruto de uma conspiração orquestrada por filósofos da Maçonaria e pelos Illuminati – cuja aliança teria resultado na formação do grupo dos Jacobinos (grupo político-intelectual bastante importante durante a revolução). Era pura invenção, mas pegou. “A ideia, apesar de mentirosa, disseminou-se entre monarquistas”, diz Barkun.

Aquilo era uma forma de deslegitimar a Revolução Francesa. “Ao descreverem as revoluções como processos engendrados por grupos ocultos, seus oponentes tentaram tirar delas o caráter espontâneo. É uma tentativa de invalidá-las”, argumenta o escritor americano George Johnson, autor do livro Architects of Fear (“Arquitetos do medo”, não lançado no Brasil), sobre a história das conspirações.

Ilustração de 4 elementos dentro de triângulos: uma cena da Revolução Francesa com execuções na guilhotina, George Washington, a nota de dólar e Thomas Jefferson.
George Washington (no alto), primeiro presidente dos EUA, foi influenciado pelo mito de que havia Illuminati no país – uma lorota usada em 1800 para tentar impedir a eleição de Thomas Jefferson (acima). (Estevan Silveira/Superinteressante)
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A obra de Barruel não foi a única a ir por essa linha. Em 1797, o matemático e físico escocês John Robison (curiosidade: ele é o inventor da sirene moderna) publicou Provas de uma Conspiração, com o mesmo papo de relacionar a Revolução Francesa aos Illuminati.

Os dois livros foram traduzidos para vários idiomas e chegaram aos EUA – onde suas ideias começaram a se propagar. Em 1798, o geógrafo e pastor Jedidiah Morse passou a fazer discursos alertando para esse suposto perigo. “Há muito tempo se suspeita que sociedades secretas, sob a influência e as ordens da França, e com princípios que subvertem nossa religião e governo, existiram neste país.”

Em setembro daquele ano, George Washington, que havia sido o primeiro presidente dos EUA (1789-1797), escreveu uma carta ao reverendo G.W. Snyder para fazer um agradecimento (1): “Eu ouvi falar bastante do plano, nocivo e perigoso, e das doutrinas dos Illuminati, mas nunca tinha visto o livro até que você me enviasse”. O tal livro era Provas de uma Conspiração, que Snyder tinha mandado para Washington ler. 

Logo depois, na corrida eleitoral de 1800, os Illuminati viraram assunto. Tudo porque Thomas Jefferson, que disputou a presidência naquele ano, tinha relações com a França (havia sido nomeado, em 1785, embaixador dos EUA para o país). Jefferson, adivinhe só, foi acusado pelos opositores de ser um Illuminati.

Não colou: ele foi eleito, e reeleito quatro anos depois. Mas as teorias envolvendo os Illuminati nunca mais foram embora. Elas tiveram ciclos de alta e baixa ao longo do século 19, sendo geralmente associadas à Maçonaria ou a supostas conspirações judaicas.

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A Estátua da Liberdade, que a França construiu e deu de presente aos americanos em 1886 (ela é um monumento à Independência dos EUA, que os franceses apoiaram com o intuito de enfraquecer a Inglaterra), foi esculpida por Frédéric Auguste Bartholdi, que era maçom.

E na base da estátua há uma placa com símbolos maçônicos: o compasso, o esquadro e a letra “G” (que, dependendo da interpretação, pode significar “geometria” ou god – Deus, em inglês). Isso alimentou um mito de que a estátua seria um símbolo illuminati – assim como o Olho da Providência presente nas notas de um dólar [leia mais sobre ele no quadro abaixo].

Mas foram as conspirações de viés antissemita que mais ganharam força na primeira metade do século 20. “No período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, alguns escritores promoveram a ideia de que os Illuminati tinham sido os artífices da Revolução Francesa e da Revolução Russa”, diz Barkun.

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“Eles seriam uma força do mal, criando caos no mundo ocidental de maneira contínua. Essas ideias se ligaram a outras teorias da conspiração existentes, como aquelas que envolviam o povo judeu”, explica. A inglesa Nesta Helen Webster foi uma grande defensora dessas teses.

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Membro do movimento fascista britânico, tinha especial predileção em acusar os judeus de organizar planos subversivos – e inspirou muitos autores, na Inglaterra e nos EUA, com sua combinação de mitos Illuminati e antissemitismo.

Ao mesmo tempo, nunca deixaram de surgir sociedades secretas que reivindicavam alguma conexão com os Illuminati. Por volta de 1895, um novo grupo foi criado na Europa, batizado de Ordo Templi Orientis, ou “Ordem dos Templários Orientais”, que recuperava parte da terminologia e dos rituais dos Illuminati.

Surgida na Alemanha ou na Áustria (o local exato é incerto), a OTO começou imitando a Maçonaria, até que o escritor e ocultista inglês Aleister Crowley se filiou ao grupo, em 1910. Crowley havia escrito alguns anos antes O Livro da Lei, supostamente ditado a ele por um ser mitológico chamado Aiwass.

O texto se tornou a base da Thelema, uma doutrina religiosa criada por Crowley e adotada pela OTO. Ao mesmo tempo em que segue essa crença, o grupo reivindica parentesco com os Illuminati, e os nomes de alguns de seus níveis de iniciação remetem a eles – como o grau 8, em que o membro se torna um “Pontífice Perfeito(a) dos Illuminati”.

A organização existe até hoje. Crowley morreu em 1947, mas seu estilo de vida radical (que incluía orgias e uso recreativo de drogas) acabaria levando os Illuminati a um contexto totalmente diferente: a contracultura dos anos 1960. 

O mito moderno

Robert Anton Wilson havia trabalhado como motorista e vendedor, mas queria mesmo era ser escritor. Foi jornalista freelancer, atuou nas redações das revistas Balanced Living e Fact, até que em 1965 conseguiu uma vaga de editor-assistente na Playboy.

A revista era uma potência editorial, que chegaria a vender 7 milhões de exemplares por mês, e um fenômeno cultural: além dos ensaios fotográficos, ela era famosa pelas entrevistas aprofundadas, textos de grandes escritores e reportagens sobre temas da contracultura.

Wilson gostava de esoterismo e ocultismo, e tinha lido Aleister Crowley. Também adorou um livro chamado Principia Discordia, publicado em 1963 pelos jovens californianos Gregory Hill e Kerry Thornley.

Ilustração de 6 elementos dentro de triângulos: símbolo da Ordo Templi Orientis, retrato de Aleister Crowley, retrato de Robert Anton Wilson segurando uma revista Playboy, retrato de Tom Hanks, retrato da Beyoncé no Louvre e do Jay-Z fazendo um símbolo com as mãos.
Aleister Crowley (no alto à esquerda), líder da OTO, grupo que se diz Illuminati; o escritor Robert Anton Wilson (no alto), que levou os mitos à cultura de massa – onde alimentaram filmes como “Anjos e Demônios”, com Tom Hanks (à dir.), e uma lenda envolvendo Jay-Z e Beyoncé (ao lado). (Estevan Silveira/Superinteressante)

Eles criaram o Discordanismo, uma doutrina que discutia o universo e a existência a partir dos conceitos de ordem e desordem, propondo que ambos são a mesma coisa: meras fabricações do cérebro humano. Na verdade, toda a teoria era só brincadeira. Uma gozação, que Thornley e Wilson se juntaram para levar (muito) adiante.

Os dois começaram a inventar e plantar boatos conectando eventos reais, como o assassinato do presidente americano John F. Kennedy, com os Illuminati. Queriam tirar onda com a crescente paranoia nos EUA durante a Guerra Fria. A coisa consistia em mandar cartas e publicar anúncios em seções de classificados de jornais e revistas com teorias malucas – e depois desmenti-las, o que acabava servindo para alimentar as lendas. E a seção de cartas da Playboy, como Wilson admitiria anos depois, foi um dos principais alvos da operação.

Depois de sair da revista, ele publicou a trilogia Illuminatus!: são três livros, escritos por Wilson com um ex-colega de Playboy, em que os Discordianos enfrentam os Illuminati, ressuscitam soldados nazistas e são responsáveis pelas mortes de JFK, Robert Kennedy e Martin Luther King.

Além disso, como que para não deixar dúvidas, uma das edições trazia o Olho da Providência na capa. Tudo ficção, claro. “Wilson brinca com a ideia de uma grande conspiração secreta que domina o mundo”, resume George Johnson. “E, também, com o senso de paranoia que havia no movimento hippie, algo que aparece nos filmes de Cheech & Chong [dupla de humoristas dos anos 1970], por exemplo.”

Illuminatus! não foi um sucesso estrondoso, mas rapidamente conquistou aficionados e se tornou cult. Ao longo dos anos, Wilson escreveria vários livros complementares para a trilogia, que acabou ganhando uma adaptação para o teatro.

Também há jogos de cartas e histórias em quadrinhos inspiradas nela, bem como músicas que fazem referência a aspectos da trilogia. Seu peso é indiscutível: ela introduziu na cultura de massa a ideia de que há uma sociedade secreta por trás de catástrofes e escândalos famosos. Isso é sedutor, chama a atenção – e foi explorado por vários outros artistas nas décadas seguintes.

O best seller Anjos e Demônios, lançado no ano 2000 pelo escritor americano Dan Brown, mistura os Illuminati, a Igreja Católica e um novo tipo de arma nuclear, baseada em antimatéria. Foi um megahit, e rendeu mais uma obra na mesma linha: O Código da Vinci.

Vários músicos, do rapper Prodigy à cantora Madonna, já gravaram músicas com menções aos Illuminati. Mas os campeões são o casal Jay-Z e Beyoncé, que costumam fazer um triângulo com as mãos em seus shows.

É o logotipo da antiga gravadora de Jay-Z, a Roc Nation, mas muitos fãs acham que é o Olho da Providência. E os dois não parecem nada preocupados em desmentir isso. Afinal, “ser” Illuminati faz qualquer um parecer mais importante e poderoso do que realmente é. 

Conspirações costumam ser bem atraentes, porque satisfazem necessidades básicas da mente humana. “A primeira delas é a epistêmica: a demanda de saber a verdade e ter clareza e certeza. As outras são existenciais, ligadas à necessidade de se sentir seguro e ter controle sobre o que acontece à nossa volta, e sociais, que têm a ver com nossa autoestima e com os grupos de que fazemos parte”, diz Karen Douglas, professora de psicologia social da Universidade de Kent, na Inglaterra, e autora de estudos sobre teorias da conspiração.

Com a internet, as teorias da conspiração explodiram. “Muito rapidamente, ideias marginais podem tornar-se dominantes agora”, diz Michael Barkun. É por isso que, nos últimos anos, fake news e conspirações foram se tornando tão comuns nas campanhas políticas.

Nos EUA, muitos seguidores de Donald Trump continuam acreditando que a eleição em que ele perdeu para Joe Biden, dois anos atrás, foi fraudada – e parte deles acredita que os Illuminati estão envolvidos no esquema, afirma George Johnson. “O próprio conceito de fake news empregado por Trump tem a ver com isso. A mídia seria parte de uma conspiração para prejudicá-lo”, diz.

Um complicador nesse quadro é que, embora a grande maioria das teorias da conspiração seja pura fantasia, uma pequena parte é real: sempre houve, e provavelmente sempre haverá, planos secretos para tomar o poder. “Houve conspirações reais da CIA para derrubar governos estrangeiros, como foi o caso do Chile de Salvador Allende, por exemplo. Também houve uma conspiração no escândalo do Watergate”, lembra Johnson.

É verdade. Em 1974, o jornal The New York Times revelou (2) que a agência de inteligência dos EUA havia instigado e financiado a grande greve de caminhoneiros, de 26 dias, que parou o Chile no ano anterior – e acabou levando ao golpe de estado contra Allende.

E o Watergate, em que o governo dos EUA espionou os escritórios do Partido Democrata durante o ano de 1972, ficou tão comprovado que o então presidente Richard Nixon, do Partido Republicano, foi forçado a renunciar.

“Ou seja, conspirações podem ser verdadeiras. Mas as teorias da conspiração levam essas possibilidades reais para outro nível”, diz Johnson. Os Illuminati não existem. Mas a luta pelo poder, sim. E fazer as pessoas acreditarem em conspirações e sociedades secretas (inclusive, em alguns casos, para desviar sua atenção de fatos e tramoias reais) pode ser um jeito bem eficaz de alcançá-lo. 

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Fontes (1) To Reverend G. W. Snyder. G Washington, 25/setembro/1798. Library of Congress. Disponível em bit.ly/3FSZXBy(2) C.I.A. Is Linked to Strikes In Chile That Beset Allende. The New York Times, 20/setembro/1974. Disponível em nyti.ms/2LSePpd

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Ilustração do Olho da Providência.
(Estevan Silveira/Superinteressante)

O Olho da Providência
Ele está na nota de um dólar – e há quem acredite que seja um símbolo Illuminati. Mas não é bem isso.

Você já deve ter reparado. No verso da nota de US$ 1, aquela que tem o ex-presidente americano George Washington na frente, há uma pirâmide com um olho no topo e as inscrições annuit coeptis e novus ordo seclorum.

É meio estranho mesmo: a combinação de dinheiro, pirâmide e um olho dentro de um triângulo parece evocar algo de conspiratório. Mas, na verdade, trata-se apenas de um símbolo medieval associado à Maçonaria. Ele se chama Olho da Providência, ou Olho que tudo vê, e representa Deus observando a humanidade.

Esse símbolo aparece em obras de arte na Europa desde a Renascença, quando artistas e intelectuais manifestaram um renovado interesse não só pelo mundo greco-romano, mas também pelo Egito Antigo. Uma das imagens egípcias que chamaram a atenção dos renascentistas foi o Olho de Hórus, o poderoso deus falcão dos faraós.

Ele era considerado um símbolo de proteção, e usado como amuleto. E pode ter inspirado a criação do Olho da Providência – cuja primeira aparição conhecida é no quadro A Ceia em Emaús, pintado em 1525 pelo italiano Pontormo.

O Olho da Providência simbolizava um Deus onisciente e onipresente, sempre atento às necessidades de seus filhos. O triângulo em que ele aparece inserido é uma referência direta à Trindade, formada por Pai, Filho e Espírito Santo.

Ao longo dos séculos, o Olho da Providência foi surgindo em quadros, pinturas religiosas e igrejas na Europa e nos EUA – e em lojas maçônicas também.

Em 1782, seis anos após a independência dos Estados Unidos, o Secretário do Congresso Continental, Charles Thomson, sugeriu a imagem que seria utilizada no Grande Selo do país, um dos principais símbolos pátrios.

É uma pirâmide com treze patamares, em referência aos 13 estados que faziam parte da nova nação naquele momento, e o Olho da Providência. O dizer annuit coeptis significa “ele aprova” (representa a bênção de Deus ao novo país), e novus ordo seclorum é “nova ordem dos séculos”.

Essa expressão vem de um verso do poeta romano Virgílio, e significa, para os cristãos, a nova era após o nascimento de Jesus. O selo foi incorporado à nota de um dólar em 1935.

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