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Agradeça ao tijolo

Os blocos de barro cozido foram a matéria-prima dos primeiros núcleos urbanos.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h11 - Publicado em 30 set 1987, 22h00

Sérgio Rizzo

A história das invenções esconde um grande injustiçado – o tijolo. Artefato tão importante quanto a roda e o arado, ele pouco aparece nos livros escolares. No entanto, tornou possível a existência das primeiras cidades. O tijolo cozido foi a matéria-prima dos zigurates, templos que apareceram na Mesopotâmia por volta do ano 3000 a.C., e também das casas que abrigavam seus sacerdotes e servidores. Logo esses povoamentos se tornaram também centros políticos onde moravam os primeiros reis. O núcleo urbano mais antigo da Antiguidade foi a capital de um império – Ur, no atual Iraque. Erguida pelos sumérios ao redor de um enorme zigurate, Ur existiu até o ano 300 a.C., quando seu sistema de irrigação entrou em colapso.

Segundo o historiador americano Lewis Mumford (1895-1990), autor de A Cidade na História, a semente das cidades foi plantada há 12 000 anos, quando alguns grupos de nômades cercaram seus acampamentos com pedras para se proteger de feras e de bandos rivais. Ficavam por lá enquanto houvesse água e comida. Depois, partiam em busca de outro lugar. Esses acampamentos só se tornaram permanentes quando o homem trocou a caça e a coleta pelo cultivo da terra e pela criação de animais. No Oriente Médio, isso ocorreu ao redor do ano 5 000 a.C. Foram necessários mais dois milênios até que essas aldeias passassem a abrigar palácios, templos e habitantes que ganhavam seu sustento com atividades sem relação direta com a terra. Esses moradores não se limitaram a usar a argila para fazer tijolos. Também moldaram as tabuletas onde foram gravadas as primeiras letras. Assim nasceu a escrita – uma invenção urbana.

Um trajeto de 5 000 anos

Conheça a evolução das cidades.
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INVENTANDO A CIVILIZAÇÃO

 

As primeiras cidades surgiram há 5 000 anos na Mesopotâmia, região fértil situada entre os rios Tigre e Eufrates, no atual Iraque. As mais importantes foram Ur e Babilônia, que se limitavam às funções políticas e religiosas. Sem vida econômica própria, se sustentavam dos tributos dos agricultores.

NASCE A CIDADANIA

Na pólis, a cidade-Estado grega do século V a.C., surgiu a democracia como método de tomar decisões. Mas ela era restrita aos proprietários de terras, os únicos que detinham o título de cidadão. O território da pólis ateniense se dividia entre a acrópole, centro religioso no alto de uma colina, e a cidade baixa, onde ficava a ágora, local para reuniões.

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O MERCADO SE INSTALA

A hegemonia de Roma, a partir do século III a.C., assinala o período em que algumas cidades se tornaram a capital de impérios voltados para o comércio. A maior metrópole da Antiguidade abrigava, além das instituições políticas e religiosas, o mercado – que na pólis grega ocupava um lugar à parte, para que não houvesse interferência comercial na esfera política.

SEMPRE ALERTA

Na Idade Média, quase todos os núcleos urbanos eram cercados por muralhas de pedra. Eram construídos, de preferência, no alto de rochas, de onde se podia observar a aproximação de inimigos e resistir com mais facilidade aos ataques. Ali se instalou também um contingente cada vez mais numeroso de comerciantes e artesãos. Eram os burgueses, assim chamados porque viviam no burgo, como eram chamadas as cidades medievais.

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O COMÉRCIO GERA A RIQUEZA

A partir do Renascimento, no século XVI, as cidades-Estado retomaram sua força em várias partes da Europa, graças ao comércio. Florença e Veneza, na Itália, se tornaram particularmente poderosas. Essas cidades cresceram com a chegada de camponeses atraídos pela variada oferta de empregos, ainda que subalternos, e melhores condições de sobrevivência.

NA ÓRBITA DAS CHAMINÉS

A partir da Revolução Industrial, no século XIX, multiplicaram-se os casos de cidades que nasceram ou cresceram ao redor das fábricas, como Manchester, na Inglaterra. Nelas, predominam os distritos industriais e os bairros-dormitório. Muitas dessas cidades fabris entraram em decadência com as mudanças tecnológicas das últimas décadas.

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Atrás das muralhas

Veja algumas das funções da cidade medieval.

DEFESA

 

A ameaça de invasores levou à criação de um corpo permanente de guardas armados.

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TROCA

O comércio cresceu e proporcionou a acumulação de capital.

PRODUÇÃO

Os artesãos, organizados em corporações, se tornaram cada vez mais especializados.

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