As mães-de-santo , lição de tolerância
As mães-de-santo abençoam as pessoas na porta da igreja, sem nenhum problema, até com o consentimento oficial do padre.
Todas as segundas-feiras, devotos sobem os degraus da igreja no Alto de São Lázaro, em Salvador. Vão orar e agradecer a ajuda de São Lázaro e São Roque, protetores dos doentes. Até aí, nada demais. Só que, na saída, a maioria dos crentes aproveita para… tomar um banho de pipoca com uma mãe-de-santo. O banho de pipoca é um ritual de purificação do candomblé. Está associado aos orixás Omulu e Obaluaê, que, no sincretismo religioso, assumem os papéis de São Lázaro e São Roque. As mães-de-santo abençoam as pessoas na porta da igreja, sem nenhum problema, até com o consentimento oficial do padre. Estranho? Não na Bahia, não na cidade do Senhor do Bonfim e de Iemanjá. O sincretismo religioso (fusão de doutrinas) é secular em Salvador. Do mesmo modo, muitas mães-de-santo participam dos festejos ao Senhor do Bonfim, no dia 6 de janeiro, e católicos levam oferendas a Iemanjá no dia 2 de fevereiro. Um exemplo de tolerância e de convivência pacífica, num mundo cheio de cercas embandeiradas.