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As primeiras palavras de Deus

Há cinqüenta anos, dois beduínos encontravam centenas de pergaminhos enterrados no deserto. Hoje, setenta cientistas estão prestes a terminar a tradução dos Manuscritos do Mar Morto, os mais antigos textos bíblicos conhecidos.

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Atualizado em 31 out 2016, 18h16 - Publicado em 31 mar 1997, 22h00

Ricardo Arnt

Como uma cabra mudou a História

Num final de tarde em abril de 1947, Juma Muhammed espreguiçou-se e decidiu que era hora de recolher o rebanho. Subiu em um rochedo, atrás de uma cabra, e aí algo chamou sua atenção: duas aberturas nas rochas. Eram cavernas, bem pequenas. Um homem teria que se espremer para entrar. Atirou uma pedra pelo buraco e ouviu o barulho de um vaso se quebrando. Desde Ali Babá, o que mais poderia haver numa caverna do deserto senão um tesouro? Juma chamou o primo que estava embaixo, Muhammed Ahmed (também conhecido como “Lobo”), e os dois examinaram a entrada. Como já estava escurecendo, resolveram voltar para o acampamento – as tendas dos beduínos nômades taamireh, na margem do Mar Morto, perto de Qumran – e retornar depois.

No dia seguinte, Lobo deu o golpe. Acordou de madrugada e correu à caverna sozinho. Esgueirou-se lá dentro e descobriu, contra o fundo, uma fila de jarros esguios e tampados. Havia entulho e cacos no chão. Penosamente, arrastou-se pelo chão e enfiou a mão em um deles. Nada. Vasculhou nove jarros freneticamente. Nada. No décimo, agarrou algo enrolado em tecido. Achou três rolos de pergaminho, envoltos em linho e couro. Abatidíssimo, foi acordar os primos sonolentos.

É claro que era um tesouro. Arqueológico. Naquela manhã, Lobo descobriu o mais antigo original existente do Livro de Isaías, da Bíblia, o Comentário de Habacuc (outro profeta judaico) e o Manual de Disciplina dos essênios – a seita de eremitas judeus que enterrou seus textos para protegê-los de um ataque romano no ano 68 d.C. Preservaram os escritos, mas o seu convento foi arrasado. Restam, hoje, as ruínas de Qumran.

Cinqüenta dólares

Os taamireh voltaram à caverna, tiraram os jarros de dentro, abandonaram-os na estrada e levaram os pergaminhos que acharam para Belém, mal dobrados nas bolsas. O Manual de Disciplina chegou partido em dois. A cidade estava sob Lei Marcial. Eram os últimos dias do domínio inglês, os judeus queriam a independência de Israel, havia combates e atentados. Em meio ao tumulto, ofereceram os rolos a mercadores, mas ninguém se interessou. Um sapateiro concordou em vendê-los em troca de comissão.

Em maio, um dos pergaminhos foi oferecido ao bispo Athanasius Samuel, da igreja cristã ortodoxa síria de Jerusalém, o primero a intrigar-se. De saída, percebeu que, se o manuscrito não fosse uma falsificação e tivesse vindo do Mar Morto, deveria ser antigo, pois aquela região era desabitada desde o começo do cristianismo. Um mês depois, o sapateiro lhe vendeu cinco rolos por um preço jamais revelado. Diz a lenda que custou 50 dólares.

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Recuando a História

Em março de 1948, os exames paleográficos confirmaram: o Livro de Isaías era do ano 100 a.C. Imagine-se o nervosismo. O mais antigo original existente do Velho Testamento era da Idade Média. A destruição de Jerusalém pelos romanos, no ano 70, não poupou documentos. A mais velha Bíblia judaica, encontrada em Alepo, na Síria, era do século X. O mais remoto documento judeu existente era uma Mishná, o código dos rabinos, do ano 200. Quanto ao Novo Testamento (cristão), o original mais antigo era o Papiro John Ryland, um fragmento do Evangelho de São João, do ano 125, em grego, da Biblioteca John Ryland, da Universidade de Manchester, Inglaterra.

Os manuscritos, portanto, eram provas materiais de uma história passada 2 000 anos antes. Tão logo a notícia se espalhou, beduínos e arqueólogos vasculharam 267 cavernas na região de Qumran. De 1951 a 1956, o padre Roland de Vaux, da Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém, escavou as ruínas, então desconhecidas, e descobriu o convento dos essênios (leia na página 54).

No total, cerca de 900 manuscritos, escritos em hebraico, aramaico e grego, foram achados em mais dez cavernas, numeradas, então, de 1 a 11. Outros sítios arqueológicos associados a Qumran, também com pergaminhos, foram descobertos, como a fortaleza judaica de Massada, no sul do Mar Morto. Muitos rolos estavam em bom estado, mas a maioria não resistiu aos séculos e despedaçou-se. A caverna 4 enlouqueceu os paleógrafos: continha 575 dos 900 manuscritos, mas em 15 000 pedaços, alguns do tamanho de uma unha. Antes da tradução, um quebra-cabeças infernal, faltando peças, devia ser montado.

“Os manuscritos são a maior descoberta arqueológica do século”, disse à SUPER o padre católico e filólogo Emile Puech, da Escola Bíblica e Arqueológica Francesa, um dos tradutores. “Basta considerar sua idade, diversidade e conteúdo.” Outro tradutor, o teólogo Eugene Ulrich, da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, especifica: “É a mais importante descoberta da história religiosa do Ocidente.”

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O arquivo dos essênios revelou pergaminhos do ano 225 a.C. ao ano 65 d.C., contemporâneos, portanto, de Jesus Cristo (que morreu no ano 33, aproximadamente). Possuía originais de 22 dos 23 Livros do Antigo Testamento (a exceção é o Livro de Esther) e vasta literatura não bíblica. Tem, assim, a mais antiga palavra registrada do Deus judaico-cristão: um fragmento do Livro de Samuel, do ano 225 a.C., achado na caverna 4.

Graças à descoberta, as cópias do Antigo Testamento feitas por gregos, latinos, sírios, etíopes e bizantinos, durante séculos, podem ser conferidas. Os manuscritos iluminaram a história do judaísmo e as raízes do cristianismo.

O cofre dos donos da verdade

Essênios e cristãos habitaram os mesmos lugares na mesma época. Essa vizinhança transformou o estudo dos manuscritos numa tarefa nervosa. Cada pergaminho desenrolado prometia revelações espetaculares. Só que não houve nenhuma. Não há menção ou alusão a Jesus Cristo nos 900 manuscritos, quase todos já traduzidos. Nenhumazinha. E as supostas identidades entre os textos de Qumran e os evangelhos cristãos foram rejeitadas pela maioria dos estudiosos. Isso significa que os essênios eram uma seita à parte, distinta daquela que os cristãos formavam.

Na época, o que não faltava eram seitas. Havia fariseus, saduceus, hassidim, zelotas, sicários, betusianos e cristãos. Os essênios eram poucos, mas sua conduta exótica atraiu a atenção de historiadores como Flávio Josefo (37-100), Plínio, o Velho (23-79) e Fílon, o Judeu (20 a.C.-50 d.C). Estavam espalhados por toda a Judéia, porém a comunidade que morava às margens do Mar Morto (veja o mapa na página 53) era especial. Lá viviam como cenobitas (monges que levam vida retirada mas em comum com outros), sob disciplina ultra-severa.

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Filhos de Zadoque

Como as outras seitas, os essênios se consideravam os únicos filhos de Israel, os legítimos herdeiros das tradições autênticas de Moisés, e rejeitavam a aristocracia sacerdotal do Templo de Jerusalém. Tanto que seus sacerdotes se intitulavam “filhos de Zadoque”, o sumo sacerdote do rei Davi, de quem se achavam descendentes diretos. Os demais membros eram divididos em doze tribos – como as doze tribos de Judá que aparecem na Bíblia.

Roland de Vaux desenterrou as fundações de um edifício de pedra, construído por volta de 150 a.C., que tinha entre vinte e trinta aposentos e treze cisternas. Achou um cemitério com 1 200 sepulturas. Abriu 26 ao acaso e encontrou corpos de homens adultos, sem adornos ou objetos. Não havia mulheres. A comunidade renovava-se com ondas de refugiados que buscavam salvação. Na época, acreditava-se piamente na vinda próxima do Messias e no fim do mundo, o apocalipse.

A irmandade não devia ultrapassar 200 indivíduos. Moravam em cavernas, cabanas e tendas e iam ao mosteiro para rezar, comer ou freqüentar assembléias. Foram achados restos de lâmpadas, picaretas, agulhas, pentes, botões, colheres, tigelas e pratos de madeira, pregos, fechaduras, chaves, cinzéis, foices, vasos, tinteiros e manuscritos. Também havia paredes derrubadas, marcas de incêndio e flechas de ferro romanas. Espalhadas pelos edifício, encontraram-se 400 moedas, mas nenhuma nas cavernas. A mais velha era do ano 136 a.C. e a mais nova do ano 79 – já com a inscrição Judaea capta (Judéia capturada), indicando que os romanos ocuparam o convento depois da sua destruição.

Silêncio piedoso

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Era uma existência de renúncia ao conforto e ao prazer. Os membros entregavam seus bens e davam o que ganhavam à “ordem”. Em troca, recebiam tudo de que necessitavam. Um administrador fazia as compras e administrava o dinheiro. Cultivavam a terra, produziam cerâmica, curtiam peles, eram pastores e apicultores. Boa parte do tempo era gasto na produção dos manuscritos da doutrina.

Vestiam-se sempre de branco. A comida era sujeita a rígidas regras de purificação. Davam extrema atenção ao asseio e se banhavam muito. Obedeciam a todas as leis de Moisés e dos profetas. Não tinham escravos nem amos. A disciplina estabelecia hierarquias de acordo com graus de “pureza espiritual” dos irmãos, com os sacerdotes no topo. O silêncio era muito importante. Era proibido conversar antes do nascer do sol e as refeições deviam ser realizadas sem ruído. Ninguém deveria falar fora de vez. O guardião da seita, chamado “Mestre da Justiça”, presidia as assembléias, dava a palavra aos que queriam falar e avaliava o progresso espiritual de todos.

Calúnias contra a congregação ou rebeldia contra a disciplina recebiam expulsão imediata. Quem quebrasse a lei por descuido merecia dois anos de penitência. Quem escondesse posses era excluído do convívio e tinha sua cota de alimentos reduzida. Mentir, enganar, vingar-se, falar mal de um companheiro injustamente, “andar nu ante seus companheiros sem ter sido obrigado a isso” – curiosa cláusula do Manual de Disciplina – implicavam seis meses de penitência. Falar tolamente, três meses. Rir tolamente, trinta dias. Interromper a fala de alguém, dez dias.

As proibições do Sabbath (o dia de descanso) eram minuciosas. Era proibido trabalhar, cozinhar, comer frutas do campo, carregar água, varrer a casa e andar (por qualquer razão) mais do que mil côvados (457 metros). Não era permitido ajudar animais que caíssem numa cova. Faltas eram punidas com sete anos de prisão.

Tanta severidade acabou enfraquecendo os essênios, explicou à SUPER o professor Geza Vermes, do Centro de Estudos Judaicos da Universidade de Oxford, na Inglaterra: “A frágil estrutura da sua organização inflexível e restrita não foi capaz de resistir à catástrofe nacional do ano 70” (a destruição de Jerusalém pelos romanos). Sistemas dogmáticos não têm flexibilidade. Ou resistem ou desabam. Para Vermes, “comparada ao conservadorismo e à rigidez da lei essênica, o judaísmo ortodoxo é progressista e flexível”.

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O triunfo da ciência sobre a vaidade

Nunca houve uma tradução igual. Em janeiro passado saiu o volume 22 e, agora, em abril, foi publicado o volume 15 das Descobertas do Deserto da Judéia, pela Oxford University Press – a edição oficial dos Manuscritos. Sai um volume a cada três meses, fora de ordem porque os tradutores trabalham autonomamente. Setenta paleógrafos, filólogos, lingüistas e teólogos em Israel, na Europa e nos Estados Unidos contribuem para a obra, prevista para 39 volumes. Até dezembro, todos os textos referentes à Bíblia serão publicados. A edição dos demais será concluída só no ano 2000.

O que falta? Falta publicar a tradução, já feita, de pergaminhos da caverna 11 e montar os fragmentos da caverna 4, ainda não decifrados. “São textos desconhecidos cujo entendimento apresenta surpresas e problemas”, diz Eugene Ulrich. Emile Puech confirma: “Demoraremos mais alguns anos para terminar com a caverna 4.”

Como muitos pergaminhos estavam despedaçados em partes minúsculas, a primeira tarefa dos pesquisadores foi enfrentar o quebra-cabeças. Para montá-lo, os paleógrafos analisam a pele do pergaminho, a escritura (a tinta, a pena usada), o estilo literário e a caligrafia do escriba. Até o “padrão de estrago” ajuda a agrupar fragmentos de rolos atacados por roedores, insetos ou umidade que geram danos similares. A Genética identifica as peles de um mesmo animal. Sua origem e idade pode ser precisada comparando os dados com genes de fósseis do Mar Morto. A análise do DNA permite encaixar fragmentos na ordem certa.

A tradução avançou, mas não acabou. Mas pelo menos acabou o mistério: os textos que ainda faltam da caverna 4 referem-se à organização dos essênios. “Não há nenhuma bomba teológica”, diz Geza Vermes. Ou seja, não haverá revelações estrondosas.

Complô policial

A novela científico-policial da tradução começou em 1951, quando o governo da Jordânia – que controlava a margem ocidental do Rio Jordão, onde está Qumran, e a parte oriental de Jerusalém, ambas anexadas por Israel em 1967 – montou a primeira equipe de tradutores. Foram escolhidos se-te eruditos, a maioria padres católicos, filólogos da Escola Bíblica e Arqueológica Francesa. Por motivos políticos, pesquisadores judeus foram excluídos. A equipe embarcou numa missão impossível. Os sete simplesmente dividiram 500 textos entre si. Houve excesso de autoconfiança e vaidade intelectual nessa empreitada que, afinal, prometia revirar o cristianismo.

Resultado: somente um tradutor, o inglês John Allegro, conseguiu publicar o que devia. Mas seu trabalho ficou tão ruim que o artigo com correções é mais longo que o original. De 1960 a 1990 – trinta longos anos –, a equipe publicou apenas 100 dos 500 textos encomendados. E impediu o acesso dos outros pesquisadores. As solicitações dos estudiosos “de fora” para examinar os pergaminhos foram recusadas. E quando membros da equipe faleceram, seus textos foram “legados” a colegas de confiança, como se fossem herança.

Três décadas de sigilo alimentaram teorias conspiratórias. Muitos acreditavam que o Vaticano, por meio da influência sobre os padres tradutores, estaria impedindo revelações dos pergaminhos que abalariam a religião cristã. “Inventou-se um complô – diz o padre Puech – digno de um romance policial.” Em 1977, o professor Geza Vermes, de Oxford, chegou a chamar a tradução oficial de “o maior escândalo acadêmico do século XX”.

Pressão pela transparência

Em 1985, a Biblical Archaeology Review, dos Estados Unidos, começou uma campanha pela “liberação dos manuscritos”. Mas a abertura foi gradual. Primeiro, o governo de Israel, que assumira o controle dos documentos desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, decidiu em 1991 criar uma nova comissão de editores-chefes, formada por Emanuel Tov, da Universidade Hebraica de Jerusalém, Eugene Ulrich e Emile Puech. Finalmente, em novembro do mesmo ano, a Biblioteca Huntington, da Califórnia, acabou com as especulações, tornando públicas fotocópias de todos os fragmentos. Com isso, a exclusividade sobre o material trancafiado em Jerusalém perdeu o sentido. Venceu a transparência.

O sensacionalismo também perdeu. O que os manuscritos afinal revelaram foi a diversidade de um judaísmo em transição, antes da catástrofe provocada pelos romanos. Depois do ano 70, as seitas desapareceram, com exceção dos cristãos e dos fariseus, os fundadores do judaísmo rabínico. A literatura de Qumran e a cristã derivam, portanto, de uma tradição judaica comum, da qual importaram rituais de batismo, refeições comunitárias, ascetismo e até modelos de organização: os essênios se dividiam em doze tribos, tal como a igreja cristã, estruturada em doze apóstolos. “Os manuscritos não mudaram minha visão de cristão”, diz Puech. “Revelaram o ambiente judeu, as crenças e práticas da época. Neles, os textos evangélicos encontram um fundo histórico, um país, um território.”

Para saber mais

Para Compreender os Manuscritos do Mar Morto, Hershel Shanks, Imago, São Paulo, 1993.

Os Manuscritos do Mar Morto, Geza Vermes, Mercuryo, São Paulo, 1991.

Os Manuscritos do Mar Morto, Edmund Wilson, Companhia das Letras, São Paulo, 1994.

Na Internet:

The Dead Sea Scrolls Foundation: https://www.hum.huji.ac.il

Um tesouro no deserto da Judéia

A entrada da caverna 1, em Qumran, onde os primeiros manuscritos foram encontrados

Os pastores Juma e Muhamed fizeram a “descoberta arqueológica do século”

O bispo Athanasius Samuel foi o primeiro a perceber a importância dos pergaminhos

Orando de frente para o Mar Morto

Ruínas de Qumran. Os eremitas essênios moravam nas cavernas e rezavam no mosteiro

Um esconderijo bem seguro

Os manuscritos eram pergaminhos de pele de cabra e de ovelha, enrolados e amarrados com uma tira. Estavam envoltos em panos de linho ou em couro. Eram depositados em jarros estreitos de barro, com 50 centímetros de altura, tapados e escondidos no fundo das cavernas.

Uma crise entre gente muito erudita

Vermes denunciou a edição dos manuscritos como “o escândalo acadêmico do século XX”

Para o padre Emile Puech, “ inventou-se um complô digno de um romance policial”.

Trecho de uma oração essênia do ano 100 a.C.

“É da fonte de Sua retidão que advém minha absolvição, e de Seus maravilhosos mistérios advém a luz do meu coração. Meus olhos fitaram, esgazeados, o que é eterno, a sabedoria ocultada aos homens, um manancial de poder, uma nascente de glória escondida do conjunto feito de carne.”

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