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Batom de 4 mil anos é o exemplar mais antigo já encontrado

O primeiro batom vermelho da história é um pó escuro em um pequeno frasco encontrado no Irã – que mostra a tradição maquiadora dos povos da época.

Por Leo Caparroz
24 mar 2024, 16h00
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  • Maquiagem não é algo recente: a região do atual Irã tem uma tradição maquiadora muito mais antiga que a Quem Disse, Berenice?. Prova disso é um pequeno tubo de quase 4 mil anos, com uma pasta vermelha escura que provavelmente é o batom mais antigo já encontrado.

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    Localizado na região de Jiroft em 2001, no atual território do Irã, o batom estava guardado no Museu Arqueológico de Jiroft. Lá, uma equipe de pesquisadores colheu amostras para analisar seu conteúdo e inferir seu uso. Eles publicaram sua descoberta no periódico científico Scientific Reports.

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    O ingrediente principal do tataravô da Natura são minerais – mais de 80% de sua composição é de materiais que produzem um tom vermelho escuro. O principal deles a hematita, um óxido de ferro muito comum e vermelho – é a hematita que dá à Marte, o “planeta vermelho”, essa cor. Extraindo o pó fino e escuro do recipiente, os pesquisadores identificaram outros compostos usados, como manganita e a braunita, usados para escurecer o tom, além de outros minerais e ceras vegetais.

    A substância encontrada no frasco de pedra era feita de diversos minerais – incluindo hematita, mostrada em vermelho.
    A maioria da composição do pó é de hematita – um mineral vermelho. Por isso, os pesquisadores acreditam que essa era a cor planejada para o batom. (M. Vidale, F. Zorzi/Reprodução)

    Essa mistura “tem uma notável semelhança com as receitas dos batons contemporâneos”, segundo os pesquisadores. Também existe a possibilidade dele ter sido perfumado à la Carmed Fini: ele continha fibras vegetais, que poderiam ter sido adicionadas para produzir um cheirinho agradável.

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    O pequeno frasco cilíndrico tem cerca de dois centímetros de diâmetro por cinco de altura. Segundo os pesquisadores, o formato esguio do frasco sugere que alguém poderia segurá-lo facilmente ao mesmo tempo que segurava uma alça de um espelho na mesma mão, deixando a outra livre para usar um pincel ou outro tipo de aplicador. Assim, ele estaria mais para um batom líquido, em que você usa um pincel para espalhar o produto nos lábios, do que em bastão, em que a aplicação é direto na boca.

    O batom data de 1936 a 1687 a.C., provavelmente obra dos Marḫaši, uma civilização poderosa que ocupou o que hoje é o leste do Irã. Se nós achamos impressionante um produto de beleza tão antigo, isso é só mais um concorrente da Mari Maria para os arqueólogos. Em seu artigo, eles escrevem que a idade avançada do pigmento “está longe de ser surpreendente, considerando a longa e bem conhecida tradição técnica e estética em cosméticos no antigo Irã”.

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    Esse lip tint era só um dos muitos produtos de beleza usados naquela época. Talvez o cosmético mais proeminente da região fosse um delineador. Amêndoas, nozes, avelãs, pistache e coco eram moídos e torrados em óleo de gergelim para produzir um pó preto chamado sormeh, que era aplicado com um aplicador de madeira ou de osso. A maquiagem era usada tanto por mulheres quanto por homens para embelezar e realçar os olhos. Os antigos iranianos também usavam vários tipos de pós nas bochechas e sobrancelhas e até tinham skin care.

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    Alguém aí perdeu um batom?

    Embora os pesquisadores saibam os componentes minerais do pó, imaginem como e para quê era usado, a quem o frasco pertencia ainda é um mistério.

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    O batom é um entre os milhares de itens encontrados em tumbas e sepulturas da Idade do Bronze na região de Jiroft. Depois de uma inundação em 2001, esses túmulos foram expostos e seus itens se espalharam junto com as águas. Os tesouros arqueológicos acabaram nas mãos de habitantes locais, que vendiam por aí como um produto qualquer. Alguns deles, incluindo o batom, foram posteriormente recuperados e entregues ao Museu Arqueológico de Jiroft.

    Pouco se sabe sobre a identidade dos corpos enterrados nos antigos cemitérios da região e, mesmo que se soubesse, por não estar vinculado a nenhuma tumba específica, é difícil tirar qualquer conclusão sobre o dono do batom.

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    Segundo os pesquisadores, a aparência do produto reforça a “ideia de que os produtos cosméticos nos tempos antigos eram comercializados em recipientes padronizados com formatos específicos, permitindo fácil identificação visual”, assim como os cosméticos atuais. Um batom é um batom aqui e no Irã a 4 mil anos atrás.

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