Rodrigo Cavalvante
Como toda organização, a máfia tem seu organograma de trabalho. A estrutura que se tornou mais conhecida foi a da Cosa Nostra, nos EUA, com sua hierarquia clara e centralizada em forma de pirâmide (veja ilustração ao lado). No topo aparece o chefão (ou don), com um conselheiro e um subchefe no andar debaixo. Os capi (chefes), espécie de tenentes, formam a terceira fileira da hierarquia. E abaixo deles vêm os soldados, responsáveis pelo trabalho sujo. Na base da pirâmide estão os “associados” – juízes, políticos, empresários, traficantes, gigolôs, assassinos de aluguel e todo tipo de parceiro que possa ser comprado para facilitar os negócios da máfia.
Há quem considere, porém, essa estrutura vertical e centralizada incompatível com a flexibilidade exigida pelos negócios de qualquer organização mafiosa hoje em dia. “É preciso livrar-se da imagem de um ‘polvo’ com uma cabeça e milhares de tentáculos”, afirma o historiador italiano Salvatore Lupo. “Os mafiosos estão inseridos em negócios que os ligam a assuntos que não pertencem à máfia: intermediários, criminosos de todo tipo e nacionalidade, narcotraficantes turcos ou chineses, banqueiros.”
A necessidade de diversificação de negócios e de intercâmbio global, hoje, obriga o crime organizado a operar em rede, como a internet – sem um centro de poder que, uma vez destruído, acabe destruindo toda a organização. Resultado: máfias como as italianas, russas e japonesas continuam tendo um organograma de trabalho. Mas sua estrutura é cada vez mais complexa e horizontal, bem diferente do esquema clássico de organização da Cosa Nostra americana.
Mafiosos S.A.
Segundo o organograma clássico da Cosa Nostra, a máfia deve operar como uma empresa
DIRETOR EXECUTIVO:
O subchefe da máfia é o responsável pela execução das decisões tomadas pelo chefão. Cabe a ele fazer com que os subordinados executem as tarefas que lhes são delegadas.
PRESIDENTE:
O chefão, conhecido como don, responde pelas grandes decisões, resolve conflitos internos e mantém todos na linha. Como maior “acionista” da organização, deve ser protegido de vínculos com a base da pirâmide.
CONSELHEIRO:
O papel do consigliere é aconselhar o chefão, por meio de um julgamento menos apaixonado e mais imparcial. Caberia a ele legitimar as decisões tomadas pelo superior, assegurando que elas sejam “justas”.
GERENTES:
Conhecidos como capi, cada um deles comanda uma atividade ilegal da organização mafiosa. São os responsáveis pelos resultados de suas áreas, comandando quadrilhas que podem reunir centenas de homens.
OPERÁRIOS:
São os chamados soldados, categoria pela qual todo mafioso ingressa na carreira. Cabe a eles fazer todo o tipo de trabalho sujo – sem jamais envolver o nome dos superiores em suas ações.
PARCEIROS:
Políticos, empresários, juízes… Os “associados” são todos aqueles que podem prestar algum serviço ou manter negócios com a máfia, sem pertencer à organização.