Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

E se… o 11 de Setembro não tivesse ocorrido?

A primeira dúvida é quem seria o presidente dos EUA hoje. Antes do 11/9, George W. Bush era um governante apagado, rejeitado por quase 40% do eleitorado.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h23 - Publicado em 31 ago 2006, 22h00

Sérgio Gwercman

A primeira dúvida é quem seria o presidente dos EUA hoje. Antes do 11/9, George W. Bush era um governante apagado, rejeitado por quase 40% do eleitorado. Depois dos atentados, foi promovido a estadista com aprovação de até 90%. Não é à toa que para muitos analistas Bush jamais se reelegeria sem ter a bandeira da luta contra o terror. E, nesse caso, o atual presidente tampouco seria John Kerry, derrotado por Bush em 2004 – veterano do Vietnã, ele só foi para a disputa porque o clima bélico do país exigia candidatos com experiência militar.

Se os EUA não estivessem em guerra, os democratas teriam outro candidato. E Al Gore seria o favorito. Afinal de contas, ele havia recebido mais votos que Bush nas eleições de 2000 e só não levara a Presidência por causa do complicado sistema eleitoral americano.

Como seria a gestão Gore? Ambientalista das antigas, seu governo poderia ser marcado pela entrada dos EUA no Protocolo de Kyoto. Seria uma mudança significativa para o planeta – os americanos emitem 25% dos gases que provocam o efeito estufa. “Gore provocaria um efeito em cadeia. Teríamos mais empresas ecológicas, mais políticos preocupados com o verde”, diz o jornalista Sérgio Abranches, especialista em questões ambientais. Para Abranches, até o Brasil sofreria conseqüências. “Seríamos pressionados a zerar as queimadas na Amazônia, que representam 80% das nossas emissões”, diz.

Mas é bobeira acreditar que Bush entregaria a Presidência de bandeja. Sem o terrorismo, ele buscaria outras questões capazes de mobilizar a opinião pública. Em especial, os eleitores do interior, conservadores e religiosos, que sempre o apoiaram. “A Presidência focaria toda a atenção em eleitores famintos por ações firmes contra o aborto, a pesquisa com células-tronco e os direitos gays”, escreveu o analista político Frank Rich na edição da revista New York dedicada a discutir como seria o mundo hoje sem os atentados de 2001. Se você se assustou com a onda conservadora que varreu a América sob Bush, pense que sem 11/9 talvez ela fosse mais forte ainda. Pior: com um presidente eleito especialmente para cuidar que as coisas ficassem assim.

As torres estão em pé. E agora?

Deus na escola

Continua após a publicidade

George Bush torce o nariz para quem diz que o homem evoluiu do macaco. Opinião, aliás, compartilhada por 55% dos americanos. Como 65% do eleitorado, o presidente gostaria de ver as escolas da América ensinando o “design inteligente”, nome chique para a velha teoria bíblica de que foi Deus quem criou o homem. Com tamanha capacidade de mobilizar o público, é bem possível que o ensino do criacionismo perfilasse como carro-chefe de um governo “cristão”.

Inimigo público

Que fundamentalismo islâmico que nada. Antes dos ataques, dizem analistas, eram os chineses que se encaminhavam para vestir a fantasia de inimigo número 1 da América. “A administração Bush tinha a crença de que China e EUA estavam destinados a uma guerra fria”, escreveu Thomas Friedman, colunista do New York Times. Poucos no governo acreditavam que os dois países seriam capazes de dividir a hegemonia mundial em harmonia.

Direito do feto

Bush patrocina campanhas pró-abstinência sexual, apoiou restrições aos métodos abortivos e foi simpático ao estado de Dakota do Sul, que tenta proibir o aborto inclusive em casos de estupro. Mas a legislação nos EUA continua liberal – com maior ou menor dificuldade, toda americana consegue interromper uma gravidez. Lutar por uma nova lei, propondo uma emenda à Constituição, por exemplo, seria essencial para um Bush comprometido com os religiosos.

Continua após a publicidade

Instinto selvagem

Muitos acreditam que Bush inventaria uma guerra. “Se não contra o Iraque, contra o Irã; se não o Irã, o Hezbollah. Enquanto ele estiver no poder, existirão guerras”, diz o professor Riordan Roett, da Universidade Johns Hopkins. Mas não há dúvida de que sem os atentados seria muito, mas muito mais difícil fazer a opinião pública apoiar uma guerra. E, sem o conflito, teria sido poupada a vida de cerca de 42 mil civis iraquianos – algo como 14 WTCs.

Choque previsto

Se o 11/9 não acontecesse em 11/9, ele viria em outra data – e hoje se chamaria 26/8 ou 16/12. O confronto entre fundamentalismo e Ocidente parecia inevitável. “O Afeganistão continuaria dominado pelo Talibã e a Al Qaeda estaria tranqüilamente abrigada lá. Clérigos continuariam a fomentar o ódio contra o Ocidente. Milionários sauditas continuariam financiando militantes. E continuariam existindo jihadistas planejando um ataque contra os EUA. A história seria atrasada, mas não negada”, afirmou Fareed Zakaria, editor da revista Newsweek.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.