A descoberta de 115 corpos mumificados no Deserto de Xinjiang, rio nordeste da China, levanta uma possibilidade jamais imaginada. Que esse país já tenha sido habitado por pessoas com características físicas ocidentais: pele branca, e não amarela, cabelos loiros, em vez de pretos, e olhos arredondados, em lugar dos olhos puxados. Pois as múmias de Xinjiang são assim. São fisicamente parecidas com gente que viveu bem longe da China, nas estepes da Ucrânia e da Rússia. “É provável que tenham sido nômades e que passassem parte do ano na China”, arrisca o pesquisador Victor Mair, do Instituto de Estudos Orientais da Universidade de Pensilvânia, nos Estados Unidos. O certo é que elas viveram há 4 000 anos, como atestam as análises feitas com carbono-14. Nessa época, os chineses estavam sob o domínio da dinastia Yang Shao, uma das mais antigas de que se tem notícia, na longa história da China. Uma das múmias é de um jovem de uns vinte anos, com tranças nos cabelos. Outra, de um homem adulto, veste roupa fúnebre, de cor escarlate e azul.