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Grafite de Alexamenos: por que a imagem mais antiga de Jesus tem cabeça de asno?

Acredita-se que a imagem que representa Cristo crucificado foi feita no século 3 d.C. – mas não por um cristão.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 2 Maio 2025, 14h45 - Publicado em 2 Maio 2025, 12h00

É difícil cravar qual a representação gráfica mais antiga de Jesus, mas uma possibilidade é que seja a imagem chamada de Grafite de Alexamenos. Além de ser uma das primeiras gravuras de Cristo, ela é também uma das mais estranhas: a figura crucificada é humana, mas com cabeça de um equino, provavelmente um burro.

Encontrado em 1856, o desenho está gravado em uma parede na Colina Palatino, uma das sete colinas que formavam Roma, e por isso também é conhecido como Grafite de Palatino. A sua datação não é certa, mas a hipótese mais aceita diz que a ilustração foi feita no século 3 d.C. A imagem mostra um homem diante de uma cruz, onde está outro homem que possui uma cabeça de cavalo ou asno. Ao lado, uma inscrição em grego diz: “Alexamenos adora seu deus”.

A interpretação mais aceita dessa gravura é que o citado Alexamenos é o homem com as mãos levantadas, adorando a figura crucificada – que seria, portanto, Jesus. Dessa forma, a figura seria feita uma espécie de zombaria do homem cristão, representando sua divindade com a cabeça de um burro. 

O animal não foi escolhido à toa: na época, um rumor popular entre romanos era que judeus adoravam um deus em formato de asno – algo que foi estendido, depois, para os primeiros cristãos.

A mais antiga imagem de Cristo, portanto, provavelmente não foi feita por um cristão, e sim por pagãos romanos que zombavam de um homem dessa religião incipiente no império. Não só a cabeça de equino é um insulto na ilustração, aliás: a própria representação da crucificação é um jeito de zombar da divindade – afinal, o método de tortura e execução era usado em Roma para punir os piores criminosos, e a ideia de um deus crucificado inconcebível para quem não era cristão.

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Há interpretações alternativas para o desenho, com menos aceitação entre historiadores. Uma delas, por exemplo, afirma que a figura crucificada pode não ser Jesus, mas sim o deus egípcio Anúbis, tradicionalmente representado com uma cabeça de chacal, ou ainda Set, outra divindade também com cabeça de cão. 

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Dessa forma, o grafite poderia simplesmente retratar um homem adorando um desses seres divinos, sem necessariamente um subtexto jocoso – ou, na verdade, poderia ter sido feita por cristãos justamente para zombar dos pagãos que adoravam os deuses egípcios. Essas ideias, porém, são minoritárias – é mais provável mesmo que o Grafite de Alexamenos represente Jesus de forma ofensiva.

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Essa é provavelmente a imagem mais antiga de Cristo, embora a datação seja incerta. Outra candidata ao posto é uma gravura feita em um amuleto datado também do século 3 d.C., hoje exposto no Museu Britânico.

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