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Histórias de espião

Quando se disseminam pela população, os falsos rumores alimentam o ódio, inclinam as pessoas para a guerra e ajudam políticos a chegar ao poder

Por Fábio Marton
Atualizado em 29 out 2016, 12h10 - Publicado em 12 mar 2011, 11h36

+ Quando a mentira tem pernas longas

Protocolos dos Sábios de Sião

Histórias de espião - Protocolos dos Sábios de Sião

Quando: 1903
Quem: Okhrana – polícia secreta do Czar da Rússia
Publicado na Rússia czarista, o livro culpa os judeus por todos os fracassos da monarquia. Os Protocolos dos Sábios de Sião seriam um conjunto de documentos roubados dos judeus, revelando seus planos secretos para dominar o mundo por meio do capitalismo internacional, a imprensa, a destruição da religião, a maçonaria e assim por diante. A obra era uma das preferidas de Adolf Hitler. No livro Minha Luta, o paranoico líder nazista teima em acreditar no boato: “Eles [os protocolos] são forjados, o jornal Frankfurter Zeitung afirma toda semana; essa é a melhor prova de que são autênticos”.

Os Protocolos são ainda hoje endossados publicamente pelo Ministério da Educação da Arábia Saudita (onde são ensinados em aulas de história), pelo governo da Líbia e pelo governo palestino, que disponibiliza na internet uma versão dos Protocolos para download.

O livro de Colorir dos Panteras Negras

Histórias de espião - O livro de Colorir dos Panteras Negras

Quando: 1968
Quem: FBI
Distribuído casualmente a famílias de classe média brancas como se fosse um panfleto autêntico do movimento Panteras Negras, o livro mostrava crianças pegando em armas e negros retratados como heróis, enquanto os brancos são representados por porcos. O panfleto ainda defendia o assassinato de policiais. Tratava-se de uma tentativa de desqualificar a ala do movimento negro como lunática e pregadora do ódio. Em 1971, essa e diversas ações do Programa de Contrainteligência do FBI foram desmascaradas quando um grupo de ativistas roubou documentos secretos em um escritório e os distribuiu à imprensa. O programa foi encerrado em escândalo. Diversos processos contra o governo por parte dos movimentos foram movidos nos anos seguintes.

Filme pornô com o presidente

Histórias de espião - Filme pornô com o presidente

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Quando: 1957
Quem: CIA
Num dos momentos mais bizarros da história das polícias secretas, a CIA fez um vídeo pornô com Kusno Sosrodihardjo, ou Sukarno, presidente da Indonésia entre 1945 e 1967. O líder era tido por simpatizante dos comunistas. Como não acharam nenhum sósia do presidente entre os membros da nascente indústria pornográfica, simularam sua participação com uma máscara. A ideia não era tanto mostrar Sukarno fazendo sexo, o que a agência calculava que teria pouco impacto, mas sendo feito de bobo por uma agente da KGB. O filme só causou risadas e Sukarno durou mais de 20 anos, até ser deposto num golpe apoiado pelos Estados Unidos. O jornal Pravda comprou a versão da espiã soviética e publicou-a numa matéria de 2002.

A AIDS foi criada pelos EUA

Histórias de espião - A AIDS foi criada pelos EUA

Quando: anos 80
Quem: KGB
Em 1986, o professor Jakob Segal, da Alemanha Oriental, publicou o panfleto Aids: mal feito em casa nos EUA, em que afirmava que Robert Gallo, o cientista que primeiro descreveu o vírus HIV em 1984, era, na verdade, o criador da doença. Para provar isso, Segal comparou o HIV com vírus que causam linfoma e leucemia. Seria dessa mistura que, em 1979, no instituto militar de Fort Detrick, Gallo teria criado a doença. Considerado um pesquisador sério, Segal teve sua teoria espalhada por periódicos científicos. As proporções de RNA previstas por Segal não batem com as do HIV, e ele foi denunciado como agente soviético pelo ex-arquivista da KGB, Vasili Mitrokhin.

Brinquedos-bomba soviéticos

Histórias de espião - Brinquedos-bomba soviéticos

Quando: 80
Quem: CIA
A União Soviética havia desenvolvido um novo tipo de mina antipessoal, a PFM-1, que, geralmente, não mata, mas é capaz de causar amputações. Por questões aerodinâmicas, a mina, que pesava 75 gramas, tinha o formato de uma borboleta, e era jogada de helicóptero para impedir que insurgentes afegãos usassem certas estradas. O formato e a cor deixaram as crianças curiosas: muitas delas morreram atraídas pelo aparelho. A CIA aproveitou para aumentar a história, difundindo o boato de que os soviéticos espalhavam bonecos, carrinhos e ursinhos com bombas dentro, para ferir as crianças. Ainda hoje algumas notícias mencionam incidentes com os “brinquedos-bomba soviéticos”.

Conselho Pela Paz Mundial

Histórias de espião - Conselho Pela Paz Mundial

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Quando: 50-90
Quem: KGB
ONG fundada em 1949 e teoricamente não marxista, o Conselho pela Paz Mundial existe até hoje e é parceiro da ONU, e já teve uma brasileira como presidente, a ex-deputada Socorro Gomes (PC do B). Durante a Guerra Fria, vários analistas consideraram-na uma mera peça da KGB. Como Richard Staar, que calculou em 63 milhões de dólares o financiamento soviético. Em sua história, a ONG denunciou veementemente as guerras da Coreia (1950-1953) e Vietnã (1959-1975), mas se calou diante da invasão soviética da Hungria (1956) e do Afeganistão (1979-1989).

Carta de Zinoviev

Histórias de espião - Carta de Zinoviev

Quando: 1924
Quem: MI6, o serviço secreto britânico
Em 1924, o primeiro-ministro trabalhista Ramsey McDonald havia reconhecido a União Soviética como país e assinado tratados comerciais, o que causou furor entre seus adversários conservadores. Com eleições do parlamento marcadas para aquele ano, o jornal conservador Daily Mail publicou uma carta da 3ª Internacional Comunista. A mensagem pedia ao Partido Comunista Britânico e trabalhistas simpatizantes que se preparassem para a revolução. A fraude, perpetrada pelo serviço secreto de Sua Majestade, ajudou os conservadores a ganhar a eleição.

O sabonete de Satã

Histórias de espião - O sabonete de Satã

Quando: anos 90
Quem: distribuidores da Amway
Até mesmo as empresas usam os boatos para desqualificar adversários. Como a Amway, antiga companhia de cosméticos e produtos de limpeza distribuídos por representantes e não em lojas, e cujos fundadores eram cristãos conservadores. Nos anos 90, os vendedores espalharam o boato de que um executivo da rival Procter & Gamble disse numa entrevista que era membro da Igreja de Satã. E mais: quem procurasse bem poderia encontrar referências satânicas nos logos da P&G. Assim, nenhum cristão digno do nome deveria consumir produtos dessa marca.

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