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Igreja centenária é “rebocada” na Suécia devido à expansão de mina de ferro

Kiruna Kyrka percorreu cinco quilômetros sobre rodas em uma operação inédita diante da expansão da maior mina subterrânea de ferro do mundo, na Suécia.

Por Luiza Lopes
Atualizado em 20 ago 2025, 13h28 - Publicado em 20 ago 2025, 08h00

A igreja Kiruna Kyrka, uma das construções mais emblemáticas da Suécia, percorreu cinco quilômetros sobre rodas nesta semana para ser instalada em um novo endereço. 

A mudança do edifício de madeira vermelha foi organizada pela mineradora estatal LKAB, responsável pela cidade, e acompanhada por milhares de moradores, turistas e até pelo rei Carl XVI Gustaf. O processo levou dois dias e foi transmitido pela televisão sueca como um espetáculo nacional.

A mudança foi motivada pelo avanço da maior mina subterrânea de ferro do mundo. Localizada em Kiruna, 145 quilômetros ao norte do Círculo Polar Ártico, a jazida provocou rachaduras no solo e ameaça engolir o antigo centro da cidade.

A realocação da igreja faz parte de um projeto iniciado nos anos 2000 que prevê a transferência de cerca de 6 mil pessoas e 3 mil casas para uma nova área segura. 

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O presidente da LKAB, Jan Moström, declarou ao The Guardian que o investimento de mais de 500 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 286 milhões) foi inevitável: “Se a mina deve permanecer, precisamos mover o centro de Kiruna. Um centro sem a igreja, não consigo imaginar”.

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O transporte mobilizou engenheiros e exigiu obras prévias. A estrutura de 672 toneladas foi erguida sobre vigas de aço e colocada em plataformas motorizadas sobre rodas. O trajeto, a uma velocidade média de meio quilômetro por hora, exigiu a ampliação de ruas de 9 para 24 metros e a retirada de postes, semáforos e até de uma ponte. 

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O gerente do projeto, Stefan Holmblad Johansson, disse à BBC que “era um evento histórico, muito grande e complexo, e não havia margem de erro”. Para proteger o patrimônio artístico, o altar pintado pelo príncipe Eugen e o órgão com mais de dois mil tubos permaneceram dentro da igreja, devidamente estabilizados.

Considerada uma das maiores estruturas de madeira do país, a Kiruna Kyrka foi projetada por Gustaf Wickman e inaugurada em 1912. Em 2001, recebeu o título de “edifício mais bonito da Suécia construído antes de 1950”, em votação nacional. O templo foi originalmente um presente da LKAB à comunidade local, que desde o início do século 20 vive da exploração mineral.

O deslocamento despertou emoções distintas. Para a pastora Lena Tjärnberg, que acompanhou cada etapa, o momento foi ambíguo: “A igreja é a alma de Kiruna, um lugar seguro. Para mim, é um dia de alegria, mas as pessoas também sentem tristeza porque precisamos deixar este lugar”, disse à Reuters

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A estrategista cultural Sofia Lagerlöf Määttä contou à BBC que a cena trouxe lembranças pessoais e coletivas: “O movimento trouxe de volta memórias de alegria e de dor, e agora estamos levando essas memórias para o futuro”.

Entre os indígenas sámi, povo tradicional do norte da Escandinávia que depende da criação de renas e do uso de terras para sua subsistência, a percepção foi de perda. Lars-Marcus Kuhmunen, líder de uma associação de criadores de renas, afirmou à Associated Press que a expansão da mineração ameaça rotas migratórias e pode inviabilizar a atividade tradicional.

À Reuters, ele lembrou as palavras de seu bisavô: “Cinquenta anos atrás, ele disse que a mina iria devorar nosso modo de vida. E ele estava certo”. 

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Já Karin K Niia, do vilarejo sámi Gabna, disse ao The Guardian que a transferência foi “um grande show” para desviar a atenção da destruição cultural e ambiental causada pela mineração.

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