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Meneghetti: viciado no crime

Amleto Meneghetti tornou-se famoso em todo o país graças à incrível habilidadede roubar e fugir da prisão.

Por Keila Bis
Atualizado em 31 out 2016, 18h26 - Publicado em 31 Maio 2006, 22h00

Meneghetti começou sua prolífica carreira roubando frutas e, depois, relógios. Em 1893, aos 15 anos, ao deixar a aldeia de pescadores onde nascera, perto de Pisa, Itália, já tinha sido preso 4 vezes. Foi para Marselha, onde acabou na cadeia por porte ilegal de armas. Ao sair, realizou pequenos serviços na Suíça e na Áustria, mas foi preso de novo ao alugar um navio e entrar como clandestino na Córsega. A prisão ficava em um castelo medieval em uma ilha do mar Adriático. O muro tinha 25 metros de altura, mas ele fugiu usando como escada um banco para 78 detentos tirado do refeitório. Saltou e nadou por meia hora até a praia mais próxima.

Ao voltar para Pisa, sua irmã lhe escreveu insistindo para que viesse ao Brasil. Em 1913, Meneghetti desembarcou em São Paulo. Aqui, furtava principalmente jóias, que considerava bens supérfluos. Agia sozinho e não gastava mais de 5 minutos em cada roubo, graças à habilidade para saltar muros e subir em telhados. Ainda recém-chegado, foi detido e instalado, nu, em uma solitária: um poço redondo com forro de ferro. Apoiou os pés em uma parede, as costas na outra, forçou a tampa e escapuliu, com uma audácia que ganhou as páginas dos jornais. Fugiu para o Sul e depois para Minas Gerais, ficando em cada cidade só até se tornar conhecido pela polícia. Para voltar a São Paulo, viajou debaixo de um vagão de trem, enrolado em uma toalha molhada para se proteger das faíscas e não ser reconhecido. Tornou-se ainda mais audacioso, a ponto de deixar seu cartão de visita nas casas assaltadas. O chefe da polícia paulista Roberto Moreira, ao assumir o cargo, reuniu a imprensa e disse que prenderia Meneghetti em 48 horas. Este, por sua vez, enviou uma carta aos jornais dizendo: “Então por que não me prendeu? Eu estava na coletiva”.

Quando, por fim, foi pego em 1926, ficou no pau-de-arara por duas semanas. Jogaram-no então em uma cela blindada, com grades de aço duplo, feita só para ele. Turistas faziam fila para vê-lo. Ficou 35 anos preso, dos quais 18 na solitária. Solto, recebeu do então prefeito Ademar de Barros uma banca de jornais, com a qual começou a se reerguer. Um dia, a polícia encontrou ali uns pés-de-cabra, a ferramenta que usava nos arrombamentos. Cumpriu mais uns meses de pena e faleceu já livre, aos 98 anos.

 

Grandes momentos

 

• Aos 92 anos, tentou arrombar uma casa e foi levado para a delegacia. Disse ao delegado: “Não é possível ser um bom ladrão sem ter os ouvidos funcionando direito. Acho que terei de me aposentar”.

 

• Revoltado com os maus -tratos na cadeia, defecava e guardava as fezes na boca. Quando um policial aparecia, cuspia-lhe no rosto.

 

• Seus roubos renderam dinheiro suficiente para comprar uma casa para sua amada e seus dois filhos.

 

• “Para mim, roubar é uma necessidade quase física. No dia que não roubo, não durmo direito”, dizia ele.

 

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