Mulheres que mudaram a história: Valentina Tereshkova
A primeira mulher a ir ao espaço se tornou uma líder das cosmonautas de sua geração. Também teve influência no Partido Comunista soviético
O que é: cosmonauta
Onde vive: Rússia
Quando nasceu: 1937
O feito de Valentina Tereshkova foi tão impressionante que demoraria quase 20 anos para uma segunda mulher ir ao espaço. A cosmonauta circulou o planeta 48 vezes em junho de 1963. Tinha apenas 26 anos. É até hoje a única, das 60 mulheres que já deixaram nosso planeta, a subir ao espaço sozinha. Em segundo lugar viria uma outra russa: Svetlana Savitskaya decolou em 1982. Os Estados Unidos só enviaram a primeira americana, Sally Ride, em 1983.
PASSADO PROLETÁRIO
Valentina nasceu no vilarejo de Bolshoye Maslennikovo, no oeste da Rússia. Seu pai era um motorista de trator que morreu na 2ª Guerra, quando a menina tinha apenas 2 anos. A mãe trabalhava numa fábrica de tecido, a mesma profissão da filha. Além do emprego, Valentina era secretária da Liga Comunista da Juventude da região.
Nas horas vagas, praticava paraquedismo. Sem sua mãe saber, treinava quase todos os fins de semana, saltando de dia e de noite e descendo em terra ou no rio Volga. A combinação de atividade política e prática de esportes aéreos fez dela uma forte candidata a se tornar a primeira astronauta da União Soviética.
Foi selecionada em 1962, entre mais de 400 candidatas, para fazer parte da missão Vostok 6, que obrigatoriamente levaria uma mulher – o Kremlin queria estudar os efeitos do espaço sobre o corpo feminino. Ela esteve entre cinco finalistas, todas com menos de 30 anos e menos de 1,70 m de altura (os cosmonautas não podiam ser muito altos, pois as cápsulas eram bem apertadas). Mas seu passado proletário e o fato de seu pai ser herói de guerra ajudaram Valentina a ser escolhida.
Depois de meses de treinamento e troca de informações com Yuri Gagarin, o primeiro homem a ir ao espaço dois anos antes, ela finalmente entrou na espaçonave. Passou dois dias e 23 horas tirando fotos.
MISSÃO: MARTE
Chegou a conversar por rádio com o comandante da União Soviética, Nikita Khrushchev. Sentiu náuseas boa parte do tempo, um problema esperado, até porque a viagem deveria durar um dia e acabou sendo estendida para três. Algo em especial a incomodou: ela se esqueceu de levar escova de dente.
Ao retornar, a cosmonauta foi recebida como uma heroína. Aceita como membro do Partido Comunista, assumiu uma postura de liderança. Também provocou comoção quando se casou, com o cosmonauta Andriyan Nikolayev, e ficou grávida. Era a primeira criança filha de mãe e pai cosmonautas. Yelena Adrianovna nunca apresentou problemas de saúde decorrentes da viagem da mãe. Tornou-se médica.
A proeza de Tereshkova abriu caminho para que, nas décadas seguintes, 64 mulheres de várias nacionalidades fossem ao espaço. Desde que voltou, ela defende que os países se unam em torno de um programa para evitar a colisão de meteoros e asteroides. Valentina está com 84 anos, e ainda tem planos: diz que gostaria de ir a Marte, para lá passar seus últimos anos de vida.