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Na agência de correios mais remota do mundo, um dos trabalhos é… contar pinguins

Veja como é viver em Porto Lockroy, um local que surgiu durante uma operação militar britânica e, hoje, funciona como agência postal e museu – e processa 80 mil cartas por ano.

Por Luisa Costa
14 out 2022, 18h49
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  • Para trabalhar em Porto Lockroy, é preciso passar por um longo processo seletivo. Em uma das etapas, o RH avalia a sua capacidade de trabalho em equipe. Normal, certo? Nem tanto: o “trabalho em equipe”, nesse caso, envolve organizar cartas e contar pinguins em plena Antártida.

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    Porto Lockroy fica na Península Antártica, uma pontinha do continente gelado próxima da América do Sul. Ele é administrado pela UK Antarctic Heritage Trust (UKAT), uma instituição britânica responsável pela conservação de lugares e monumentos históricos na região, que é povoada por 1,5 mil pinguins – não à toa, Lockroy recebeu o apelido de Penguin Post Office (Correio do Pinguim). 

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    Trabalhar no Correio do Pinguim não é nada glamuroso. São cinco meses em temperaturas abaixo de zero, dormindo em beliches, sem eletricidade nem banheiro com descarga. Mas administrar a agência de correios mais remota e fria do mundo desperta o interesse de muita gente: neste ano, mais de 6 mil pessoas se inscreveram para ocupar as quatro vagas de trabalho.

    A história do local

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    O Correio do Pinguim atrai visitantes por sua importância histórica. Em 1944, o governo britânico ocupou Porto Lockroy como parte de uma missão militar realizada durante a Segunda Guerra Mundial: a Operação Tabarin. O objetivo era estabelecer uma presença permanente na Antártida com a construção de bases. Porto Lockroy foi a primeira delas.

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    Dali em diante, o local se tornou uma importante estação de pesquisa (onde rolaram estudos sobre a atmosfera do planeta) e um centro de comunicação entre as bases mais ao sul do continente. Também virou o berço do British Antarctic Survey (BAS), um instituto britânico de pesquisa polar.

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    Porto Lockroy continuou operando como estação de pesquisa até 1962, quando foi substituído por bases maiores e mais modernas. Em 1995, foi reconhecido como um local histórico. No ano seguinte, UKAHT e BAS trabalharam na restauração dos edifícios e estabeleceram um museu.

    Agência de correios na Antártica.
    Há três prédios em Porto Lockroy. Dentre eles está o museu, a agência postal e acomodação dos funcionários de lá. (Antarctic Heritage Trust/Divulgação)

    Há três prédios em Porto Lockroy. O maior (que é também o edifício original da Operação Tabarin) abriga o museu, a agência postal e uma loja. Tudo isso é dedicado aos turistas que aparecem no verão –  e escrevem 80 mil correspondências por temporada. 

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    O segundo edifício, construído em 1957, é um galpão de barcos. Já o terceiro é uma reprodução de uma cabana que ficava no mesmo local em 1944, mas desmoronou cinquenta anos depois. Hoje, é onde moram os funcionários do Correio do Pinguim.

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    Trabalho duro

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    A UKAHT abre quatro vagas por temporada: um líder da base, um gerente de loja e dois assistentes gerais. Os contratos são de seis meses, e os salários variam de US$ 1.600 a US$ 2.300 por mês (R$ 8.450 a R$ 12 mil), dependendo da função.

    Os funcionários cuidam da manutenção do local, atendem os turistas e cuidam das cartas enviadas para mais de 100 países a cada temporada. Além disso, recolhem e enviam dados para o BAS sobre o ciclo reprodutivo dos pinguins gentoo que vivem na ilha. Para isso, mantêm uma contagem do número de casais de pinguins, dos ninhos que eles fazem, dos ovos que são colocados e dos filhotes que nascem. Tudo isso para entender como a população aumenta ou diminui com o passar do tempo.

    Pinguins Gentoo.
    Monitorar os pinguins gentoo da ilha é uma das funções de quem trabalha em Porto Lockroy. (David Merron/Getty Images)

    Essa investigação começou em 1996, e os pesquisadores publicaram os resultados em 2018. Nesse período, houve uma redução de 25% nos pares reprodutores e de 60% no número de filhotes. Não se sabe ao certo o que provocou o declínio, mas os pesquisadores suspeitam do aumento das temperaturas e do número de turistas no local. O estudo continua, com a ajuda dos funcionários da agência postal.

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