Nikola Tesla
O excêntrico inventor nascido na Sérvia que tornaria a distribuição de energia elétrica viável em longas distâncias
Dizem que a genialidade costuma morar muito perto da loucura. Não há evidência conclusiva, mas o preceito certamente se aplicava a Nikola Tesla.
Seu feito mais concreto, entre tantos, foi ter desbancado o sistema de corrente direta (DC) de distribuição de eletricidade advogado por Thomas Edison com a corrente alternada (AC), que sairia vencedora na disputa de padrão, viabilizando o fornecimento de energia proveniente de fontes remotas – seria extremamente complicado, por exemplo, levar energia de Itaipu para a costa brasileira se não fosse a corrente alternada.
“Seu nome se tornou sinônimo de magia nos mundos intelectual, científico, social e de engenharia, e ele foi reconhecido como um inventor e descobridor de grandeza sem paralelo”, disse James J. O’Neill, amigo e biógrafo de Tesla.
Sérvio de nascimento, foi nos Estados Unidos que ele desenvolveu suas ideias mais fabulosas. Seu primeiro emprego no país foi justamente sob o comando de Edison. E foi lá que nasceram os desentendimentos entre ambos que levaram à “guerra das correntes”.
Em 1885, Tesla disse a Edison que podia redesenhar seus motores e geradores ineficientes, melhorando o desempenho. O patrão teria respondido: “Há 50 mil dólares nisso para você – se conseguir”. A empresa nem tinha um montante desses (equivalente a US$ 1,2 milhão de hoje), mas Tesla levou a sério. Quando concluiu o trabalho e foi cobrar, o chefe disse que estava brincando. “Tesla, você não entende nosso humor americano.” Deu um aumento a ele e tocou a vida. O sérvio ficou fulo e pediu demissão.
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Ao sair, desenvolveu o sistema de corrente alternada e se emparceirou com George Westinghouse para popularizá-lo. E foi aí que o empregado superou o patrão. Edison mais tarde admitiria que seu único erro na carreira foi ter favorecido o sistema DC, em vez do AC.
VISÃO ALÉM DO ALCANCE
Se para Edison a genialidade era 99% transpiração e 1% inspiração, para Tesla era o contrário. Hábil com a ciência por trás dos fenômenos, ele dependia menos da prática para produzir invenções. Por isso, até ganhou a fama de futurista.
O inventor desenvolveu meios de transmitir eletricidade sem fio a dispositivos, pensou num veículo aéreo movido a propulsão iônica e foi precursor do rádio e da robótica, entre outros feitos.
Flertando igualmente com a loucura, tinha obsessão pelo número 3 e vivia recluso boa parte do tempo. Os relatos dão toda a pinta de que ele sofria de distúrbio obsessivo-compulsivo, o que certamente contribuiu para sua fama de “cientista maluco”. Ele viveu os últimos dez anos de sua vida num quarto de hotel em Nova York. Morreu em 1943, aos 86 anos.