Nova espécie de dinossauro com “vela” nas costas é descoberta na Inglaterra
Batizado de Istiorachis macarthurae, este dinossauro herbívoro viveu há 125 milhões de anos e chama atenção pela crista de espinhos alongada.

Uma nova espécie de dinossauro herbívoro, com uma estrutura chamativa ao longo das costas e da cauda, foi identificada na Ilha de Wight, no sul da Inglaterra.
Batizado de Istiorachis macarthurae, o animal viveu há cerca de 125 milhões de anos e é descrito por paleontólogos como único dentro do grupo dos iguanodontes.
A descoberta foi feita pelo Dr. Jeremy Lockwood, pesquisador da Universidade de Portsmouth e do Museu de História Natural, que analisou fósseis encontrados originalmente pelo caçador de fósseis Nick Chase, que morreu de câncer em 2019.
Por anos, acreditou-se que os ossos pertenciam a uma das espécies já conhecidas da região. A comparação detalhada com um banco de dados de vértebras de dinossauros semelhantes, no entanto, revelou diferenças significativas.
“Embora o esqueleto não fosse tão completo quanto alguns dos outros encontrados, ninguém havia realmente examinado esses ossos de perto antes”, disse Lockwood ao The Guardian.
“Ao contrário dos outros, este tinha espinhos dorsais particularmente longos, o que era muito incomum.” Os resultados da pesquisa foram publicados no Papers in Palaeontology.
Pesando cerca de uma tonelada e com dimensões semelhantes às de um bisão, o Istiorachis era um herbívoro que vagava em manadas pelas planícies da região, então parte da formação rochosa conhecida como Wealden.
Essa camada geológica é uma das poucas da Europa a preservar fósseis do início do Cretáceo, há cerca de 145 a 100 milhões de anos, quando os iguanodontes se tornaram dominantes.
Eles substituíram herbívoros gigantes do Jurássico, em parte por mudanças ambientais que alteraram a vegetação e favoreceram animais de porte médio a grande que viviam em manadas.
O que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi a vela dorsal, formada por espinhos excepcionalmente alongados.

Estruturas desse tipo são raras na natureza atual – apenas alguns répteis, como camaleões-de-crista, lagartos-de-vela e certos basiliscos, apresentam algo semelhante. Elas são mais conhecidas de animais já extintos, como o Espinossauro e o Dimetrodon, um parente distante dos mamíferos.
A equipe comparou os fósseis com registros de outros iguanodontes e percebeu que espinhos dorsais mais altos se tornaram comuns durante a transição do Jurássico para o Cretáceo.
Foi um período marcado pelo surgimento de novas paisagens e plantas, o que impulsionou a evolução de dinossauros herbívoros maiores e mais robustos, que passaram a andar sobre quatro patas por mais tempo.
No entanto, no Istiorachis, essa característica era muito mais exagerada.
Hipóteses como regulação térmica ou armazenamento de gordura foram descartadas. “Uma vela com muitos vasos sanguíneos seria muito vulnerável a ataques e poderia causar perda maciça de sangue se fosse danificada”, explicou Lockwood em comunicado.
Para ele, a função mais provável era a sinalização visual: as velas poderiam ter servido em exibições sexuais, além de ajudado indivíduos a se reconhecerem em meio a manadas ou afastado predadores ao dar a impressão de maior porte.

“A sinalização sexual é a explicação mais provável”, destacou Lockwood. “Quando uma característica é exagerada além de sua função prática em animais vivos, isso se deve invariavelmente à pressão evolutiva para atrair um parceiro. A vela de Istiorachis parece ser outro exemplo disso.”
Segundo ele, encontrar novos fósseis da espécie pode ajudar a confirmar essa hipótese.
O nome Istiorachis macarthurae, por sua vez, combina a expressão “espinha de vela” com uma homenagem à velejadora britânica Dame Ellen MacArthur, que em 2005 estabeleceu o recorde mundial de viagem solo mais rápida ao redor do globo sem escalas.
“Certamente não é algo cotidiano ser questionado se um dinossauro recém-descoberto poderia fazer referência ao seu nome”, disse Ellen à BBC. “O fato de a ‘vela’ do Istiorachis poder ser comparada às velas nas quais passei grande parte da minha vida foi muito tocante. É extraordinário e uma grande honra que uma criatura que viveu há 125 milhões de anos possa estar ligada ao meu sobrenome.”