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O milagre no rio Hudson

Com as duas turbinas da aeronave pifadas, Chesley Sullenberger realizou uma das maiores proezas da história da aviação.

Por Redação Super
4 dez 2019, 14h25

“Estaremos no Hudson”, disse o piloto Chesley Sullenberger ao controlador de tráfego. Logo após o recado, a comunicação foi cortada. O desespero se espalhou entre a equipe da torre de controle do aeroporto de LaGuardia, em Nova York. O avião da US Airways decolara apenas cinco minutos antes. Agora, teria de enfrentar um pouso forçado sobre o rio. A manobra era tão difícil que a mensagem de Sullenberger soou como um adeus. Minutos depois, contudo, o controlador de tráfego viu algo extraordinário na tela da TV: a aeronave boiando nas águas com as asas abarrotadas de sobreviventes.

O inverno de 2009 foi muito rigoroso em Nova York. Naquele 15 de janeiro, o dia já nascera branco de neve. Por volta das 15 horas, o Airbus decolava rumo a Charlotte, na Carolina do Norte. Um dos pilotos era Jeffrey Skiles, 49 anos, que cumpria seu primeiro voo em um Airbus da US Airways. O outro era Sullenberger, de 57 anos, um veterano da Força Aérea americana e já experiente com aquele modelo de aeronave.

A uma altitude de 800 metros, Skiles avistou uma formação de pássaros se aproximando. Não houve tempo para fazer desvios: o bando de gansos chocou-se contra as turbinas. Colidir com aves não é algo incomum no dia a dia da aviação (entre 1990 e 2007, foram registrados mais de 12 mil incidentes do tipo, segundo dados do governo americano), e geralmente não cria maiores problemas. Mas o Airbus teve muito azar. Ambas as turbinas do avião engoliram gansos, e pifaram. Pelo vidro da cabine, os pilotos viram rolos de fumaça marrom-escura. Sentindo os solavancos do avião, os passageiros avistaram fogo pelas janelas. O Airbus então informou a torre de comando: “Atingidos por pássaros. Perdemos dois motores. Estamos voltando a LaGuardia”.

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O avião começou a perder altitude. Os solavancos haviam cessado, mas os passageiros agora sentiam um forte cheiro de combustível. Sullenberger logo percebeu que não conseguiria chegar a LaGuardia. Com crescente preocupação, os controladores instruíram o Airbus a descer no aeroporto de Terterboro, Nova Jersey. Passaram-se alguns instantes. Então veio a resposta de Sullenberger: “Não vou conseguir. Estaremos no Hudson”.

Naquele exato momento, o avião sobrevoava o rio que separa Nova York de Nova Jersey. Sullenberger percebeu que, se fossem adiante, a aeronave se chocaria contra uma das margens. Os passageiros já haviam notado a perda de altitude e o pânico começava a se instalar. Da cabine de comando, vieram as lacônicas palavras do comandante: “Preparem-se para o impacto”. A aeronave foi descendo alinhada com o rio até tocar a superfície. Os pilotos só viam a água batendo contra os vidros. Aos poucos o Airbus foi deslizando mais devagar, até flutuar ao sabor das ondulações. “Pousar um avião na água é muito difícil.

Mesmo assim, Sullenberger realizou o movimento com maestria. É um sucesso que depende da habilidade e da sorte. Se tivesse feito algo errado, o avião poderia ter se desintegrado”, diz Thiago Brenner, da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da PUCRS. Tão logo o pouso terminou, o piloto abriu a porta da cabine e ordenou: “Evacuar!” Os tripulantes começaram a conduzir os passageiros às asas do avião e a um bote salva-vidas. O episódio acabou sem nenhum ferido. Sullenberger tornou-se uma celebridade: naquele mesmo ano, publicou um livro de memórias, que entrou imediatamente na lista de best-sellers do New York Times. Após se aposentar em 2010, foi contratado pela rede de televisão CBS como consultor.

Inimigo alado

As colisões entre pássaros e aviões geralmente acontecem logo após a decolagem, quando a aeronave ainda está voando relativamente baixo e devagar. Ou seja, o pior momento possível para acontecer pane em uma das turbinas (ou em duas, como aconteceu no voo da US Airways). As turbinas modernas são projetadas para resistir ao impacto de pássaros, até certo limite. Aves de até 100 gramas, como a andorinha, não causam problema nenhum – a turbina pode engolir até 16 delas de uma vez, sem sofrer dano. Aves maiores, de até 1,2 kg (como a garça-branca), causam um transtorno maior. A turbina para de funcionar, mas pode ser reiniciada. O grande risco são aves maiores, como gansos e urubus. Se a turbina pegar um deles, pode pifar de vez.

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