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O pirata do Caribe

Com o aval da coroa britânica, o pirata Henry Morgan devastava sem dó. Um grande predador da região caribenha que acabou sendo chamado de herói

Por Fábio Marton
Atualizado em 31 out 2016, 18h23 - Publicado em 14 dez 2007, 22h00
super.abril.com.br

 

Em 4 de abril de 1672, Henry Morgan, o “Rei de Todos os Piratas”, devia estar pensando que teria o mesmo fim de qualquer bucaneiro chinfrim que não havia acabado no fundo do mar: a forca. Deportado para Londres, Morgan, então com 37 anos, era acusado de fazer o mesmo que havia feito a vida inteira: assaltar cidades, levando ouro, açúcar e escravos – estupros e torturas por cortesia. E talvez o que mais o ofendesse fosse ser chamado de pirata: Morgan era um corsário autorizado pelo governo a atacar os inimigos. Fazia o mesmo que qualquer pirata faz. O que o capitão não sabia é que, durante seu ataque ao Panamá, em 1670, Inglaterra e Espanha tinham acabado de assinar um acordo de paz – o que o tornava, aos olhos do rei Charles 2º, um pirata.

Nascido em 1635, no País de Gales, Morgan foi recrutado em Bristol, Inglaterra, em 1654. No mesmo ano, participava da infeliz expedição do general Venables, que queria conquistar a cidade espanhola de Santo Domingo (atual Haiti). Tomou uma surra e acabou ganhando do rei como prêmio de consolação a miserável Jamaica, em 1655.

Miserável porque não havia ouro, nem cana, nem escravos (riquezas da época). Por isso, a Inglaterra passou a usar o país como base de ataques corsários a cidades e navios espanhóis.

Foi aí que Morgan iniciou uma carreira de invasões, com táticas como as empregadas em 1668 no saque de Puerto Bello (Panamá), onde usou padres e freiras como escudos humanos. Ou em 1669, em Maracaibo (Venezuela), quando afundou um e pôs para correr dois navios de guerra espanhóis muito mais bem armados que os dele. Morgan encheu um cargueiro velho com explosivos e vestiu bonecos de palha para simular a tripulação, enviando o “alvo fácil” em direção ao inimigo.

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Após dois anos na cadeia, Morgan foi estratégico: acabou convencendo o rei de que não fazia a menor idéia do tal tratado de paz e, mais que isso, que talvez não fosse lá uma grande idéia ficar em paz com a Espanha. Deu certo. O corsário não apenas foi solto como, no Natal de 1675, foi nomeado “sir” pelo rei Charles 2º e reenviado à Jamaica para assumir o papel de governador. O mais irônico de tudo isso é que sua principal função era combater piratas. Acabou perdendo o cargo em 1681, e passou a se dedicar a suas fazendas de açúcar, compradas ao longo do tempo com o dinheiro das pilhagens. Fazendas de açúcar que viviam, evidentemente, de escravos e desmatamento.

Gordo e podre de rico, Morgan morreu de um inchaço intestinal causado por excesso de comida e bebida, em 1688. E foi enterrado como um herói.

 

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Grandes momentos

• Captain Morgan é a marca de um rum feito na Jamaica, e, em suas 6 variedades, é o 7º destilado mais vendido no mundo.

• O escritor francês Alexandre Exquemelin (1645-1707) esteve na tripulação de Morgan e escreveu História dos Buncaneiros da América, um relato das aventuras de Morgan e outros piratas.

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• Morgan se casou com a própria prima, em 1665, mas não teve filhos.

• No filme Piratas do Caribe 3, há um certo “código” que teria sido escrito por Morgan e Bartholomew, outro pirata da época.

 

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