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Pela primeira vez, cientistas encontraram uma família de neandertais

Entre os 13 indivíduos, estavam um pai e sua filha adolescente, além de dois parentes de segundo grau. Entenda.

Por Luisa Costa
Atualizado em 20 out 2022, 19h26 - Publicado em 20 out 2022, 19h25

Feito inédito: cientistas identificaram uma família de neandertais: um pai, sua filha adolescente e dois parentes de segundo grau (um jovem e uma adulta, talvez sua prima, tia ou avó). Eles analisaram o material genético de 17 restos mortais encontrados nas cavernas Chagyrskaya e Okladnikov, na Sibéria, e publicaram os resultados nesta quarta (19), na revista Nature.

Os pesquisadores do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva descobriram, entre os 17 restos mortais (dentes e fragmentos ósseos), 13 indivíduos: sete homens e seis mulheres, dos quais seis eram adultos e cinco, crianças e adolescentes. Esse foi o maior número de restos de neandertais já sequenciados em um único estudo.

Os neandertais ocuparam essas cavernas há cerca de 54 mil anos atrás. Os restos mortais de Chagyrskaya renderam genomas completos e parciais de 11 indivíduos, enquanto as amostras de Okladnikov estavam mal preservadas: apenas duas delas tinham material genético suficiente para os cientistas extraírem e sequenciarem.

(Imagine que o material genético funciona como um manual de instruções para construir e operar o organismo – chamado de “genoma”, em sua totalidade. Ele é feito de um alfabeto com quatro letras: A, T, G e C, as bases nitrogenadas do DNA. Sequenciar esse código significa decifrá-lo letra por letra.)

A equipe do estudo analisou o DNA mitocondrial dos restos mortais – ou seja, o material genético presente nas mitocôndrias, estruturas celulares que produzem energia. Assim, eles encontraram variantes genéticas que persistem apenas por um pequeno número de gerações. A combinação dessas variações e dos indivíduos sugere que todos, de ambas as cavernas, devem ter vivido e morrido na mesma época.

“Isso significa que eles provavelmente vêm da mesma comunidade. Então, pela primeira vez, nós podemos usar a genética para estudar a organização social de uma comunidade neandertal”, explica Laurits Skov, autora principal do estudo, em comunicado.

Os pesquisadores identificaram uma diversidade genética extremamente baixa dentro desse grupo de neandertais, semelhante à de grupos de espécies à beira da extinção. Eles também compararam a diversidade genética no cromossomo Y (herdado de pai para filho) e no DNA mitocondrial (herdado das mães). A diversidade no DNA mitocondrial era muito maior, o que sugere que os grupos estavam ligados pela migração feminina.

Sabe-se que os neandertais dessas cavernas coletavam matérias-primas para suas ferramentas de pedra a dezenas de quilômetros de distância. A ocorrência da mesma matéria-prima em Chagyrskaya e Okladnikov indica que os grupos estavam intimamente ligados, corroborando os dados genéticos do estudo.

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Chagyrskaya e Okladnikov ficam a 100 quilômetros a oeste da caverna Denisova. Em 2010, o biólogo sueco Svante Pääbo e sua equipe sequenciaram o DNA de um osso de dedo feminino encontrado nessa caverna. Aí descobriram que o resto mortal era de um hominídeo até então desconhecido – depois batizado de “hominídeo denisovano”.

Desde então, pesquisadores do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva sequenciaram mais 18 genomas de 14 sítios arqueológicos na Eurásia. Esses estudos forneceram informações sobre aspectos amplos da história dos denisovanos; as descobertas de agora podem oferecer pistas inéditas sobre parentesco e estrutura social entre esses hominídeos.

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