Pesquisadores encontram impressão digital de Leonardo da Vinci
Mestre do Renascimento manuseou um papel com as mãos sujas de tinta, deixando estampada para a posteridade uma marca de seu polegar esquerdo; veja
Estamos nos aproximando do aniversário de 500 anos da morte de Leonardo da Vinci, uma das mentes mais brilhantes que a humanidade já produziu. Então prepare-se para ouvir falar muito sobre ele até o dia 2 de maio. O achado da vez, que tem causado rebuliço entre especialistas e entusiastas, está estampado em uma obra feita entre 1509 e 1510. Nela, é possível ver com clareza sem precedentes a impressão digital de da Vinci.
Trata-se de um ensaio de anatomia humana que retrata o sistema cardiovascular de uma mulher e alguns de seus órgãos mais importantes. O desenho é de propriedade da família real britânica. Está guardado no Castelo de Windsor sob os cuidados da Royal Collection Trust, organização que preserva e gerencia a coleção de arte herdada pela rainha Elizabeth II, uma das mais importantes do mundo.
Sobre a qualidade da marca deixada no canto do papel, Martin Clayton, encarregado pelas impressões e desenhos da Royal Collection Trust, diz que nunca viu nada igual. “Isso é o mais perto possível que você pode chegar de Leonardo, vendo a digital dele assim tão claramente”, disse ao jornal britânico The Guardian. “É tão claro que quase parece ter sido proposital.” Outros exemplares parecidos já haviam sido encontrados em alguns dos 550 desenhos de da Vinci que integram a coleção real, mas são ou parciais, ou borrados.
Os curadores só perceberam a relevância deste registro recentemente, enquanto preparavam uma nova exposição em homenagem ao quinto centenário de morte do renascentista. Essa notável impressão digital será analisada mais a fundo no livro Leonardo da Vinci: A Closer Look (“Leonardo da Vinci: Um Olhar Mais Próximo”, em tradução livre), que será lançado em fevereiro no Reino Unido. Veja a marca do dedo de Leonardo:
Enquanto manuseava o papel há mais de 500 anos, ele estava com as mãos sujas de uma tinta avermelhada que acabou deixando o registro perfeito de seu polegar esquerdo na parte da frente, e um borrão do dedo indicador atrás da folha. Além de descobrir as marcas, novas análises das técnicas de desenho utilizadas mostraram que o mestre fazia experimentações com vários tipos de papel, alguns contendo fibra de palha e de corda, lã e às vezes até asa de inseto. Isso não era comum entre os artistas da época.
O desenho com o dedão de Da Vinci carimbado será exposto ao público pela primeira vez a partir de fevereiro no Museu Nacional de Cardiff, na Inglaterra, e em seguida deve passar por Londres e Edimburgo, junto das outras gravuras do acervo. Mais do que uma mera curiosidade, determinar com precisão a impressão digital do gênio italiano pode ter fins mais concretos, como atestar seu possível envolvimento em trabalhos cuja autoria é disputada.