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Por que a China não dominou o mundo?

Eles sempre tiveram quase tudo: gente, organização, tecnologia. Chegaram a dominar os mares. Mas desistiram misteriosamente

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h28 - Publicado em 31 Maio 2008, 22h00

Texto Reinaldo José Lopes

“Ué, como assim não dominou?”, pergunta-se você depois de ler esse título e ver a marca “made in China” no seu tênis, no seu tocador de mp3 e no seu boné. É claro que todos esses objetos testemunham o crescimento vertiginoso da economia chinesa e de sua influência no mundo, mas estamos empregando a palavra “dominar” num sentido mais específico historicamente. O fato é que o país asiático, se comparado com a Inglaterra ou mesmo com Portugal, deixou poucas marcas de seu poderio militar e cultural fora das próprias fronteiras. Também nunca foi o maior em tecnologia ou empreendedorismo nos últimos 500 anos: os componentes eletrônicos e as empresas que hoje estão fazendo a China crescer são invenções ocidentais. Taí algo que parece não fazer o menor sentido.

Isso porque, como escreve o biogeógrafo americano Jared Diamond, “a China medieval liderava o mundo em tecnologia. A longa lista de suas invenções tecnológicas inclui a bússola, a pólvora, o papel e a imprensa”. Mais do que isso: de 1405 a 1433, um almirante eunuco chamado Zeng He liderou uma poderosa frota chinesa que circulou por meio mundo, arrancando tributos de cidades africanas e transformando o país na maior potência naval de seu tempo (nessa mesma época, os portugueses estavam apenas engatinhando em sua exploração da costa ocidental africana).

Alguns historiadores mais afoitos chegam a propor que Zeng He teria chegado à América, mas, mesmo que ele não tenha realizado esse feito, fica claro que a China poderia ter se tornado o que os países europeus acabaram virando: a senhora dos mares, o primeiro país a construir um império realmente global. Muque para isso a frota de Zeng He aparentemente tinha: sua armada contava com quase 30 mil homens. No entanto, com a morte do patrono do almirante castrado, o imperador Yongle, as viagens rarearam e a frota foi desmantelada. A China proibiu as longas viagens marítimas e condenou as novas tecnologias. O país só se abriu no século 19, por pressão armada das potências européias.

Em seu livro Armas, Germes e Aço, Diamond propõe que essa reviravolta aparentemente burra só foi possível por causa das condições geográficas da China. A frota chinesa caiu em desgraça quando subiu ao poder uma facção inimiga dos eunucos como Zeng He. Como a China era um país ultracentralizado politicamente, qualquer decisão do governo acabaria com a fabricação de navios no país inteiro.

SEM BARREIRAS

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E por que a China era (e, aliás, é) tão centralizada? Por causa da relativa ausência de barreiras geográficas entre as regiões do país, diz Diamond. As principais regiões da China são um país unificado há quase 2 mil anos. Já a Europa, com sua geografica acidentada, penínsulas e montanhas, teria estimulado o surgimento de dezenas de nações que competiam umas com as outras. Para Diamond, essa competição estimulou as navegações e o desenvolvimento tecnológico porque nenhum país poderia se dar ao luxo de ficar coçando enquanto os vizinhos avançavam. Visionários não teriam um só patrono possível para suas idéias – é o caso de Colombo, que bateu na porta de todos os reinos da Europa antes de achar os reis da Espanha, que apoiaram a viagem da descoberta da América. Certa ou não, a teoria é instigante – e não muda o fato de que o dragão chinês finalmente está acordando.

Navio do tesouro

São muitas as controvérsias a respeito das naus usadas pelo almirante Zeng He. Relatos dão a entender que elas mediam 120 metros, ou seja, umas 4 vezes mais que as caravelas utilizadas por Colombo. Alguns historiadores duvidam que houvesse tecnologia para fazer barcos tão grandes na época.

Girafas e outros animais exóticos de origem africana estão retratados em desenhos chineses que datam da época das viagens de Zeng He.

Por mares nunca dantes navegados

No século 15, chineses chegaram à África

1. Ásia Oriental – 1405-1407

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Partindo dos ancoradouros imperiais e levando seda e porcelana, frota enfrenta piratas.

2. Índia – 1407-1409

Zeng He e companhia dão uma carona a embaixadores da Índia e visitam o subcontinente.

3. África – 1417-1433

O almirante visita a Arábia e a África Oriental, aonde os portugueses chegariam 60 anos mais tarde.

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