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Por que as minas terrestres são tão perigosas?

As minas primitivas, usadas no sul da Itália por volta de 1530, eram pouco mais que explosivos enterrados e disparados por um rastilho de pólvora

Por Rodrigo Ratier
Atualizado em 14 fev 2018, 17h23 - Publicado em 30 set 2002, 22h00

A cada ano, elas matam ou mutilam de 15.000 a 20.000 pessoas em cerca de 70 países. Para quem vive perto de campos minados, basta uma pisadela ou um tropeção para despertar as armadilhas, ativas mesmo décadas depois de terem terminado as guerras em que foram usadas. “No Norte da África, minas da Segunda Guerra Mundial aterrorizam as populações rurais até hoje”, afirma Nigel Robinson, especialista em remoção de minas da Halo Trust, organização humanitária americana que atua em nove países.

O artefato rudimentar, composto apenas de um sistema acionador que detona uma carga explosiva, lança estilhaços de metal capazes de matar em um raio de até 100 metros de distância. As minas primitivas, usadas no sul da Itália por volta de 1530, eram pouco mais que explosivos enterrados e disparados por um rastilho de pólvora. Os modelos mais modernos, acionados pelo peso do corpo de quem pisa no dispositivo, apareceram já no século XVIII.

Atraídos pelo baixo preço — o custo médio de uma mina terrestre é de apenas 5 dólares —, exércitos do mundo todo utilizaram mais de 400 milhões de minas nas guerras do século XX. Cerca de 110 milhões delas continuam enterradas, à espera de novas vítimas. Os países mais afetados são Afeganistão, Angola e Camboja. Na América, o maior perigo está na Nicarágua, em Honduras, Costa Rica e Guatemala.

Desarmar cada um dos 360 diferentes tipos de minas é uma tarefa árdua. Primeiro, porque não se sabe a localização exata dos campos minados. “Sobraram poucos mapas de guerra e os artefatos mudam de lugar por causa de fenômenos naturais. Foi o que ocorreu quando o furacão Mitch passou por Honduras, em 1998”, diz Jaime Perales, especialista da Organização dos Estados Americanos (OEA), que realiza programas de desminagem em sete países do continente. Segundo, porque é demorado: um especialista não limpa mais que 20 metros quadrados de terreno em um dia de trabalho.

Terceiro, porque custa caro: o preço para remover cada mina chega a 3 mil dólares. “A boa notícia é que o total de minas desativadas já supera as usadas em novos conflitos”, diz Nigel. Isso se deve à Convenção de Ottawa, acordo internacional de 1997 que prevê a destruição das minas armazenadas ou colocadas no solo em dez anos. Até hoje, 125 países já aderiram ao tratado, entre eles o Brasil. “O país produziu, exportou e importou minas até 1989. Mas hoje os estoques estão sendo eliminados e o governo fornece recursos e envia especialistas para o programa de remoção de minas da OEA”, afirma Adonai Rocha, jornalista responsável pelo relatório brasileiro do Landmine Monitor (Monitor de Minas Terrestres), importante publicação anual sobre a situação desses explosivos no mundo. O avanço só não é maior porque os três grandes produtores mundiais de minas — Estados Unidos, China e Rússia — se negam a assinar o acordo.

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