PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana

Somos filhos de micro-ETs?

Vale a pena investigar a hipótese de que os primeiros micróbios chegaram à Terra a bordo de meteoros e asteróides.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h13 - Publicado em 31 jul 1999, 22h00

João Steiner

Há cerca de dois anos, quando estava em Cambridge, na Inglaterra, fui convidado para jantar com o astrofísico Fred Hoyle, no dia em que ele comemorava 80 anos de idade. Lembrei-me, então, das muitas obras desse cientista legendário e controvertido. Uma das mais famosas idéias propostas por Hoyle ao longo de sua existência foi a chamada hipótese da panspermia, segundo a qual a vida se originou na Terra a partir de “sementes” trazidas do espaço por cometas ou por meteoros. É verdade que entre as estrelas não há vácuo absoluto; existe certa quantidade de gás e de partículas minúsculas de poeira. Assim, uma das versões mais radicais da proposta de Hoyle é que a poeira interestelar seria, de fato, composta de vírus. Invasões ocasionais desses microrganismos, caídos aqui de alguma forma, explicariam até os episódios de gripe no nosso planeta.

É mesmo possível que formas primitivas de vida tenham surgido em sistemas planetários de outras estrelas. Mais tarde, durante colisões entre esses mundos e grandes asteróides, fragmentos de rocha teriam espirrado para o espaço, espalhando micróbios pelo Cosmo. Sabemos que episódios como esse podem ocorrer porque alguns meteoritos achados na Terra têm a exata composição geológica de Marte, de onde se conclui que foram expulsos daquele planeta por uma colisão catastrófica com outro corpo. Nas últimas décadas, a panspermia ganhou ainda mais credibilidade com a descoberta de matéria orgânica em meteoritos. Já se detectaram diversas moléculas essenciais à vida, como os hidrocarbonatos e os aminoácidos.

Estudos recentes estão ampliando as possibilidades da panspermia. Alguns deles sugerem que a região central da Via Láctea, por ser muito rica nos elementos químicos vitais, seria o local mais adequado e mais favorável ao surgimento de micróbios primitivos. A partir daí, eles teriam se disseminado para outros pontos da Galáxia. Outra possibilidade é que os micro-ETs tenham se desenvolvido primeiro em aglomerados de estrelas. Mas talvez as pesquisas mais curiosas sejam as observações dos raios infravermelhos vindos de certas estrelas e nuvens de poeira. Ao analisar os dados, tem-se a impressão de que a radiação foi emitida por bactérias de uma variedade muito comum na Terra, a Escherichia coli. Será mera coincidência? Ainda é cedo para dizer. Mas é emocionante pensar que um típico habitante deste planeta também pode existir em mundos de estrelas distantes.

Professor de Astrofísica do Instituto Astronômico e Geofísico da USP

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.