Três tumbas do período do Novo Império foram descobertas em Luxor, no Egito
A descoberta lança nova luz sobre a vida de estadistas que viveram há mais de 3.000 anos.

Na antiga cidade de Luxor, no sul do Egito, arqueólogos egípcios fizeram uma descoberta: três tumbas datadas do período do Novo Império, que se estendeu de aproximadamente de 1550 a 1070 a.C. Descobrir tumbas no Egito é como descobrir garfos na cozinha. Porém, o que diferencia essa descoberta das demais é que as sepulturas encontradas pertenciam a funcionários públicos de alto escalão.
Os sarcófagos estavam na necrópole de Dra Abu el-Naga, um dos sítios arqueológicos mais emblemáticos do país. Luxor é considerada um museu a céu aberto: este ano, por lá, arqueólogos revelaram o túmulo perdido de Tutmés II, um faraó que governou durante o século 15 a.C. Foi o primeiro túmulo de um faraó revelado desde 1922, quando a célebre sepultura Tutancâmon veio a público.
“Esta descoberta não é apenas um testemunho da riqueza histórica do Egito, mas também do avanço da arqueologia egípcia contemporânea”, disse Sherif Fathy, ministro do Turismo e Antiguidades, chamando o feito de “um marco científico e arqueológico” em comunicado.
A equipe de pesquisadores, composta exclusivamente por egípcios, conseguiu identificar os donos das tumbas a partir de inscrições preservadas em paredes e objetos. Uma delas pertencia a Amum-em-Ipet, um funcionário importante no Templo de Amon, que viveu durante o período Raméssida: os séculos finais do Novo Império e um momento de declínio da civilicação egípcia.
As outras duas tumbas remontam à 18ª dinastia, período de grande prosperidade e expansão territorial no Egito. Uma delas pertenceu a Baki, supervisor de um silo de grãos, uma função vital numa sociedade que dependia da agricultura e do controle de estoques para enfrentar as cheias e secas do Nilo.
Já a terceira tumba é mais enigmática: seu ocupante é identificado apenas pela inicial “S”, que, ao longo da vida, ocupou cargos importantes como supervisor no Templo de Amon, prefeito de uma região de oásis no norte e também escriba.
Embora a tumba de Amum-em-Ipet esteja em mau estado de conservação, alguns elementos resistiram. Entre eles, um pátio e um corredor que leva a uma pequena capela, cujas paredes exibem pinturas vibrantes retratando uma procissão funerária e um banquete. As imagens dialogam com as crenças egípcias sobre a vida após a morte.
Baki, por sua vez, foi sepultado em uma tumba em formato de “T”, típica da elite do Novo Império. O longo pátio leva a dois salões perpendiculares que conduzem a um poço funerário e a uma câmara inacabada. A tumba de “S” possui uma configuração semelhante, com dois salões, um deles inacabado, além de um pequeno pátio e um poço.
Entre os artefatos encontrados estão ushabtis, pequenas estatuetas funerárias pintadas, destinadas a servir ao falecido no além, e outros objetos cerimoniais.
As escavações continuam. A equipe ainda explora os poços funerários das três tumbas, que podem guardar novos artefatos, ou talvez informações que ajudem a entender melhor a dinâmica social, econômica e religiosa do Egito há mais de três milênios.