Um rastro de vapor condensado em vez da fumaça de sempre – à primeira vista, esse era o único sinal nos céus de Moscou a indicar que havia algo de diferente no vôo daquele Tu-155, o novo trirreator soviético semelhante ao Boeing 727. O vapor, na verdade, fazia toda a diferença – demonstrava que o combustível do avião não era o habitual querosene e sim o revolucionário hidrogênio, que os cientistas esperam transformar na principal fonte de energia do mundo na primeira metade do século XXI (SUPERINTERESSANTE n.º 5). Recentemente divulgado pela TV soviética, o vôo do Tu-155 será com certeza um marco na história da tecnologia.
O aparelho contém um tanque especial de combustível onde o hidrogênio líquido é mantido a 252 graus negativos. Aquecido, transforma-se em gás e nesse estado vai às câmaras de combustão de um reator. Ali, em contato com o oxigênio do ar, o hidrogênio queima. O calor resultante proporciona um formidável impulso. Uma das mais atraentes características do hidrogênio como combustível é o fato de não poluir – daí o rastro de vapor em lugar da fumaça. Isso permitiu aos soviéticos dizer que o reator do Tu-155 é “ecologicamente puro”. O teste, segundo eles, provou que o hidrogênio poderá ser usado rotineiramente como combustível de aviação quando as reservas de petróleo começarem a minguar.