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Árvore com seiva vermelha: a toca do dragão

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h00 - Publicado em 31 mar 1996, 22h00

Segundo uma lenda árabe, um elefante e um dragão lutaram até a morte na ilha africana de Socotra, a sudeste do Iêmen, fazendo brotar lá uma árvore cuja seiva é vermelha como sangue. Mas a ciência sabe que foi a batalha pela sobrevivência que encheu o lugar de plantas exóticas como s sangue-de-dragão. Há 10 milhões de anos, Socotra não era uma ilha. Seus 3 600 quilômetros quadrados estavam colados na África e faziam parte da atual Somália. De lá pra cá o nível do mar subiu e ela ficou isolada no Oceano Índico. Enquanto rinocerontes acabaram com a vegetação costeira em terra firme, a flora da ilha sobreviveu às mudanças ambientais. As espécies mais resistentes ao clima semi-árido, com ventos de até 43 quilômetros por hora, transformaram Socotra em um dos maiores celeiros de espécies endêmicas – aquelas que só crescem em um lugar – em todo o mundo. São quase 300 plantas que só existem ali, segundo o relato dos botânicos escoceses Diccon Alexander e Anthony Miller, do Royal Botanic Garden de Edinburgo, publicado na revista inglesa New Scientist. Por isso a ilha está nos planos da ONU, para estudo do potencial econômico de sua biodiversidade.

Testemunha da história

A Dracaena cinnabari, ou sangue-de-dragão, é a planta que mais se espalhou pela ilha. É uma espécie endêmica remanescente, quer dizer, uma sobrevivente da flora que desapareceu no continente. Tem folhas carnudas, semelhantes às da babosa e do pau-d·água, que se encontram no Brasil. Só que é bem mais alta. Pode atingir cinco metros de aitura. Seu nome está ligado à resina de cor vemmelho vivo chamada cinábrio, extraída das folhas e das cascas do tronco e dos galhos (foto da página anterior). A população local usa essa substãncia para tingir lã e também como antiséptico bucal, matéria-prima para fazer batom e remédio para dor de estômago, desinteria e queimaduras.

Figo sabor abóbora

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O tronco bojudo da figueira socotrana, classificada cientificamente como Dorstenia gigas, mostra que o endemismo de Socotra se caracteriza por desenvolver plantas com mais tecido, capazes de armazenar a água da chuva que cai no inverno para sobreviver durante a seca do verão. Apesar do nome, ela não produz figo, mas um fruto que se assemelha à abóbora. Pode medir mais de um metro, enquanto seus parentes mais próximos, encontrados no continente, ficam entre 20 e 30 centímetros de altura.

Paraíso perdido

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A região é formada por planícies costeiras semi-áridas, platôs e morros de pedra calcária. Bem no centro estão as montanhas Haggier, de granito. Graças a elas há um pouco de umidade durante o inverno, com as chuvas provocadas pelas nuvens que se instalam nos picos que atingem até 1500 metros de altitude. Por isso Socotra é conhecida como “a ilha das névoas”.

Primo distante da paineira

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Embora seja chamada de pepineiro, a Dendrosicyos socotrana dá um fruto mais parecido com os da paineira brasileira. É um prodígio botãnico: seu tamanho ultrapassa os quatro metros e o tronco chega a um metro de diãmetro. Foi uma das espécies identificadas na primeira expedição científica enviada à ilha pela Associação Britânica para o avanço da Ciência, em 1880.

Perdido no tempo

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A população de Socotra é de 40 000 habitantes. Eles vivem praticamente como há 2 000 anos. Praticam a pesca, a criação de ovelhas e de camelos e o extrativismo de pérolas e de plantas selvagens.

Vidas secas

A Asdenium obesum é conhecida como rosa do deserto. Suas flores são pequenas e o tronco grosso o suficiente para guardar água e sobreviver à seca. No fundo da foto aparecem os arbustos do olíbano, ou Boswellía carteri, usado para fazer incenso.

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