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Entenda de uma vez: o que é nacionalismo, globalismo – e outros “ismos”

Internacionalismo, nacionalismo, sionismo... o que essa sopa de letrinhas diz sobre a situação atual das relações entre Estados e etnias no globo.

Por Salvador Nogueira
Atualizado em 31 jan 2020, 19h57 - Publicado em 31 jan 2020, 17h05

Você já deve ter visto nas redes sociais palavras como globalismo e nacionalismo. Pois é, esse negócio de relações internacionais é e sempre foi uma confusão. Mas dá para tentar montar um pequeno mapa do que está acontecendo no planeta nas últimas décadas, e do que deve continuar acontecendo, nas décadas vindouras. Então aqui vai nosso pequeno dicionário dos “ismos” do mundo no século 21.

O internacionalismo (também chamado de globalismo em algumas bandas) é um tipo de visão de mundo que se fortaleceu cada vez mais – com altos e baixos, óbvio – a partir do fim da Segunda Guerra Mundial, com a criação da Organização das Nações Unidas e suas instituições filhotes e/ou assemelhadas. A ideia central por trás do internacionalismo é a busca por transcender os interesses locais, dos Estados individuais (como o Brasil, os EUA, a Alemanha, a China etc.), em favor de algum tipo de visão que favoreça a comunidade internacional como um todo.

Segundo esse ponto de vista, embora todos continuemos sendo cidadãos do Estado brasileiro, do Estado americano etc., sujeitos a leis específicas dessas entidades que obviamente só têm efeito local, também temos direitos – em especial os direitos humanos proclamados pela ONU – que transcendem essa legislação local e podem até estar acima dela.

Mais do que isso, é dever de indivíduos e Estados, segundo essa perspectiva, trabalhar para que as relações internacionais se pautem por ações diplomáticas pacíficas e pela busca de interesses comuns a toda a humanidade. Talvez o melhor exemplo desse último esforço sejam os acordos ambientais globais – que têm tido níveis bem mequetrefes de sucesso prático, é verdade, mas são melhores do que nada.

Outro exemplo é o dos fluxos internacionais de capital. Eles podem levar a investimentos produtivos de alguns países em outros, mas também encorajam especulação financeira destrutiva.

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O nacionalismo é o reverso da moeda. A ideia aqui é que os Estados-nação – ou seja, organizações políticas estatais que abarcam um povo com características próprias – são a coisa que mais importa nas relações internacionais. Estados devem resistir a qualquer tentativa de controle externo forte à maneira como são geridos. Cada Estado-nação tem o direito de se proteger de ameaças externas e de garantir seus interesses econômicos e políticos; se isso acabar levando a guerras, bem, é a vida. Segundo essa visão, as entidades nacionais não são só um fruto de acidentes históricos que levaram à construção de um país ao longo dos séculos. Elas também envolveriam uma essência cultural e “espiritual” que deve ser preservada.

Que tal dois exemplos de como essas ideias se misturam e batem de frente no mundo moderno? Tente o Oriente Médio. Nos anos 1960, alcançou seu auge o pan-arabismo, uma mescla de internacionalismo e nacionalismo que enxergava a vasta região geográfica em que se fala alguma forma de árabe – do Marrocos ao Iraque – como uma espécie de “nação natural”. Os povos de fala árabe deveriam se unir para se fortalecer e enfrentar seus inimigos. Em parte, a ideia ganhou corpo porque os Estados-nação árabes do século 20 nasceram de fronteiras mais ou menos arbitrárias estabelecidas por potências europeias que os invadiram e dominaram, encabeçadas pelo Reino Unido e pela França. O Egito e a Síria chegaram a ser um só país de 1958 a 1961 graças a essa visão ideológica.

Um dos motivos para a derrocada do pan-arabismo foram as sucessivas derrotas da aliança de países árabes em guerras contra Israel, um Estado fundado nos princípios do sionismo. O nome vem de Sião, uma das designações bíblicas de Jerusalém. No fim do século 19, oprimidos por movimentos nacionalistas em alguns dos países europeus onde viviam, judeus passaram a defender a volta de seu povo ao lar ancestral dos israelitas no Oriente Médio. Era, no fundo, a tentativa de enfrentar o nacionalismo com seu próprio nacionalismo. A criação de Israel, contudo, deixou os palestinos que lá estavam sem uma terra para chamar de sua. Uma solução pacífica ainda parece distante.

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