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Macaco extinto: Sinal vermelho

Não foi por falta de aviso que o correu o primeiro desaparecimento de um primata antropóide nos últimos dois séculos

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h04 - Publicado em 31 out 2004, 22h00

Leandro Steiw

A África já foi a casa de milhões de macacos-colobos-vermelhos e suas subespécies, que vagavam por florestas em grupos barulhentos. No século 20, essas populações sofreram reduções drásticas, sendo que a subespécie Procolobus badius waldroni é considerada extinta. E isso não se deu por falta de aviso. Ao descobrirem esse macaco, em dezembro de 1933, os cientistas avisaram que ele corria risco por viver num habitat restrito de Gana e da Costa do Marfim. Mas o desaparecimento acelerado só começou a ser sentido por volta de 1950, época em que pessoas famosas, como o escritor Ernest Hemingway, exaltavam a caça e incentivavam centenas de estrangeiros a irem para a África atrás de aventuras. O Procolobus badius waldroni se tornou conhecido da comunidade científica quando o naturalista britânico Willoughby Lowe comandava uma expedição para a coleta de animais na África. Interessada nos macaquinhos com detalhes vermelhos na testa e nas pernas, a equipe matou oito exemplares e os levou para estudo na Inglaterra. Já no Museu de História Natural de Londres, o especialista em mamíferos R. W. Hayman batizou o primata de colobo-vermelho-de-miss-waldron, em homenagem à senhorita F. Waldron, funcionária da instituição que participou da expedição.

Com exceção dos detalhes coloridos da pelagem, esse colobo-vermelho não se diferenciava das demais subespécies. Vivia em florestas densas, andava em bandos de 20 ou mais indivíduos, fazia estardalhaço chamando os companheiros e comia folhas de mais de 100 tipos de árvores, digerindo a celulose com seu estômago similar ao dos bovinos.

Em 1976, a especulação imobiliária acelerou a transformação das florestas de Gana, que passaram a ser ilhas de vida selvagens cercadas por um oceano de prédios. Caçadores invadiam a região atrás de carnes exóticas na mesma proporção em que as árvores – fonte de alimento – eram derrubadas. Desde 1978, não existe relato confiável de alguém que tenha deparado com um desses macaquinhos. Em 12 de setembro de 2000, a extinção da subespécie foi anunciada, marcando o desaparecimento oficial do primeiro primata antropóide desde 1800.

O especialista em primatas Scott McGraw, da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, um dos responsáveis pelo artigo que deu o animal como extinto em 2000, ainda tem esperança de encontrar algum desses macacos com vida e oferece recompensas a nativos que relatem aparições. Em 2002, McGraw ganhou a cauda de um primata morto dois anos antes, e um exame de DNA confirmou ser de algum tipo de colobo-vermelho. Além da cauda, só restava o relato do caçador. Em 2003, o cientista recebeu uma foto do que seria um desses macaquinhos – mais uma vez, morto. Como jamais foi fotografado, não se sabe se o bicho era um autêntico Procolobus badius waldroni.

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Macaco-colobo-vermelho-de-miss-waldron

Nome científico: Procolobus badius waldroni

Ano da extinção: 2000

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Habitat: Gana e Costa do Marfim

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