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Quem é Mike Godwin e o que é a “Lei de Godwin”?

E afinal, por que esse norte-americano disse que é "ok" chamar o Bolsonaro de nazista?

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 18 out 2018, 15h58 - Publicado em 17 out 2018, 19h03

Em tempos de eleições presidenciais, você provavelmente tem visto (ou participado) de discussões nas redes sociais diariamente. A troca de “elogios” começa leve: “esquerda” e “direita”, “coxinha” e “petralha”. Conforme a conversa vai crescendo, outros termos começam a surgir: “comunista”, “fascista” e… “Nazista”.

Que atire a primeira pedra quem nunca viu tal tipo de acusação no Facebook ou no Twitter. Nas últimas semanas, com a proximidade do segundo turno, a liderança do candidato Jair Bolsonaro (PSL) e o recente elogio dado a ele pelo ex-líder do grupo racista Ku Klux Klan (KKK), a ideologia associada ao partido de Adolf Hitler voltou a estar em alta no debate popular.

Enquanto você tenta explicar para o seu amigo virtual a verdadeira natureza do movimento (direita ou esquerda), saiba a última sobre o assunto: na terça (16), o advogado norte-americano Mike Godwin, respondendo a um comentário em um tuíte seu demonstrando apoio à campanha #EleNão, disse que não vê problemas de chamar Bolsonaro de nazista. Mas quem é o Godwin, e porque raios foram pedir “autorização” para ele no Twitter?

Lei de Godwin

Godwin ficou conhecido por ter criado, em 1990, a tal Lei de Godwin.

É uma máxima pseudomatemática, que diz o seguinte: “à medida que uma discussão online continua, a probabilidade de uma referência ou comparação a Hitler ou nazistas tende a 100%”. Existe até um gráfico (que claro, é mais meme do que gráfico):

Quem é Mike Godwin e o que é a “Lei de Godwin”?

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O advogado, membro sênior de um instituto de pesquisa política libertário de Washington, desenvolveu a teoria em uma época em que os primeiros fóruns de discussão estavam surgindo na internet. Por incrível que pareça, eles já eram parecidos com o que vemos hoje. Em uma discussão progressivamente acalorada, conforme o pessoal ia perdendo argumentos, as referências ao nazismo e à Hitler (sempre associados à posição do opositor, é claro), iam aparecendo.

Hoje, a lei que leva o seu nome se tornou famosa e é citada quando se fala em críticas, xingamentos e discursos de ódio nas rede – o fenômeno conhecido como o rage.

De acordo com Godwin, o objetivo da Lei de Godwin é ajudar quem está participando (ou assistindo) uma discussão interminável a estabelecer um limite. Invocar a Lei de Godwin serve para, quando alguém fizesse uma comparação ou citação à Hitler ou ao nazismo, deixar bem claro que a conversa já tinha se desgastado do máximo, e não havia mais argumentos possíveis de serem feitos.

A repercussão do tuíte sobre o Brasil

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Na terça (16), Godwin publicou uma foto em apoio à campanha #EleNão, que é contra Jair Bolsonaro. Desde então, o advogado vem respondendo a uma série de tuítes brasileiros – e em português. Alguns deles o parabenizam pelo posicionamento. Já outros são duras críticas a ele.

Godwin é conhecido por atuar em áreas como liberdade de expressão na internet, políticas de tecnologia e direitos globais relacionados à isso. Nos EUA, ele já atuou como conselheiro geral da Wikimedia Foundation, fundação voltada à difusão do conhecimento gratuito (à qual a Wikipédia faz parte).

Em um de seus últimos tuítes, ele elogiou o Marco Civil da Internet, a lei brasileira que regulamenta o uso da rede no país e que virou referência para projetos mundo afora.

Apesar de ter criado a “Lei de Godwin”, ele não gosta quando as pessoas o classificam como uma espécie de “árbitro” para definir se a comparação de alguém com um nazista é justa. Em uma entrevista ao jornal Washington PostGodwin disse que prefere opinar quanto ao uso equivocado da lei do que propriamente afirmar que uma provável associação esteja correta, salvo em casos raros.

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Além do caso recente de Bolsonaro, Godwin se manifestou em outro acontecimento recente: no ano passado, ele também considerou correto associar os manifestantes de Charlottesville, nos EUA, aos nazistas, por conta das crenças supremacistas que eles defendiam.

Discussão ou ódio?

Não é de hoje que o ódio parece ter se instaurado na internet. Se você agora pensa duas vezes antes de abrir o feed do Twitter ou ler os comentários de algum post do Facebook, em 1996 alguém já tinha cantado essa bola.

O psicólogo norte-americano John Suler, ganhou fama por seus estudos que analisavam as diferenças entre o comportamento real e o virtual. Em 2004, ele publicou o artigo “O Efeito da Desinibição Online”, que introduz o conceito de “desinibição tóxica”.

Basicamente, isso se refere ao ato de encher a caixa de mensagens alheia (ou comentar em algum vídeo, foto, blog, etc..) insultos cheios de ódio que carregam, muitas vezes, discursos preconceituosos.

A opinião dos especialistas é que a internet permite que aspectos da personalidade que precisam permanecer escondidos no mundo real podem ser extravasados com o suposto anonimato que a internet proporciona. Seja qual for o resultado das eleições, é bem provável que atitudes como essas continuem a acontecer.

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