Sereias obesas
Colombo provavelmente tinha avistado uma família de peixes-bois, um dos mais estranhos mamíferos sobre a Terra.
Denis Russo Burgierman
Quando o navegador Cristóvão Colombo estava voltando para a Europa, depois de descobrir a América, observou três sereias no mar. Mas, segundo ele mesmo anotou em seu diário, elas “não eram tão bonitas como pintam”. Claro. Colombo provavelmente tinha avistado uma família de peixes-bois, um dos mais estranhos mamíferos sobre a Terra.
Por pouco, esse parente do elefante, que chega a medir 4,5 metros e a pesar tanto quanto um Fusca, não virou um personagem restrito aos livros de história. Há duas décadas, o peixe-boi estava na beiradinha da extinção – o coitado, além de não ter nenhuma agilidade ou astúcia especial para escapar da sanha dos pescadores, nasceu com o azar de ter uma carne deliciosa, muito apreciada pelos gourmets da selva. Hoje, os peixes-bois já são criados em cativeiro e uma ampla campanha de educação convenceu comunidades do Brasil todo a abandonar a pesca. A situação é crítica, mas tudo indica que haverá “dessas” sereias para assustarem nossos netos.
Tudo graças aos serviços prestados pela ONG Projeto Peixe-Boi, cuja história repleta de vitórias é contada em Peixe-Boi (DBA), escrito pelo jornalista ambiental Sérgio Túlio Caldas e belamente ilustrado pelas fotos de Luciano Candisani. O volume contém ainda toda informação imaginável sobre esse simpático e pacato bicho, desde a história dos encontros dele com o ser humano até detalhes da sua singular biologia. Livro ideal para ler e deixar enfeitando, de forma ecologicamente correta, a mesa da sala de estar.