15 exemplos de como Hollywood não entende nada do Brasil
Javalis, babuínos e pirâmides no Amazonas. Gente feliz dançando conga, tango e chá-chá-chá. Mulheres de topless em Ipanema. Bem-vindo ao seu país
Javalis, babuínos e pirâmides no Amazonas. Gente feliz dançando conga, tango e chá-chá-chá. Mulheres de topless em Ipanema. Bem-vindo ao seu país, mas de acordo com os clichês e absurdos de filmes, séries e músicas gringos
BIODIVERSIDADE SEM FIM
A Amazônia é o mais rico bioma do mundo. Mas até mesmo nossa floresta tropical tem seus limites. Lá ninguém encontra, por exemplo, as formigas siafu que atacam Indiana Jones em O Reino da Caveira de Cristal (elas são típicas da África). Ou os babuínos que atacam The Rock em Bem-Vindo à Selva (na verdade, eles são nativos da Ásia e da África). Ou os javalis que aparecem em Anaconda (eles são da Europa e América do Norte).
Supostamente a Amazônia também abriga plantas aquáticas capazes de mexer com o DNA humano e conferir superpoderes (segundo a série No Ordinary Family). E tribos indígenas incrivelmente americanizadas, que criaram o ritmo caliente da lambada como forma de protesto contra o desmatamento (segundo o clássico trash Lambada – A Dança Proibida, que na verdade a gente recomenda muito!)
Para alguns filmes, esse contato com nossa fauna se estende a qualquer parte do país. Em Feitiço do Rio, um macaquinho de estimação sobe tranquilamente no ombro de sua dona enquanto ela toma sol em Ipanema. No bizarríssimo Brenda Starr, Brooke Shields entra em cena “esquiando” em cima de dois jacarés!
+ 28 mentiras que o cinema conta (e a ciência desmente)
+ As 10 maiores reviravoltas do cinema
GEOGRAFIA MALUCA
Na comédia romântica Próxima Parada: Wonderland, a protagonista é seduzida por um “típico” latin lover brasileiro, que canta bossa nova com um sotaque inexplicável e a convida para conhecer as belas praias… da cidade de São Paulo. Ele também explica para ela que oferendas para Iemanjá são comuns na Região Norte do país (que, na verdade, quase não tem mar, exceto nos estados de Pará e Amapá. Será que ele queria dizer Nordeste?).
Nenhum filme, porém, redesenha nosso mapa mais do que 007 contra o Foguete da Morte: a aventura do espião coloca as cataratas de Foz do Iguaçu na região central do Brasil (e pertinho do Pão de Açúcar). O filme também adiciona uma pirâmide maia (hein?) à nossa floresta amazônica.
+ Em quanto tempo a Amazônia acabará?
+ Como foi construído o bondinho do Pão de Açúcar?
HABLA-SE PORTUÑOL
Nenhum filme comete o clássico deslize de dizer que nossa capital é Buenos Aires (eles acham que é o Rio de Janeiro mesmo!). Ainda assim, eles vivem errando nossa língua materna – para os gringos, falamos espanhol. Alguns filmes que cometem esse vacilo são o terror Stigmata e a aventura Brenda Starr.
Há também quem acha que falamos o português de Portugal. Talvez a confusão até seja compreensível – a maior estrela brasileira na história de Hollywood foi Carmen Miranda, que na verdade era portuguesa. E aí dá-lhe sotaque luso em “brasileiros” de filmes como O Incrível Hulk e Próxima Parada: Wonderland e séries como Alias, Lost e America’s Next Top Model.
Um caso especialmente estranho é o do filme Amazônia em Chamas, sobre Chico Mendes, um dos primeiros líderes populares a defender a Amazônia. Embora o personagem, o cenário e a história fossem brasileiros, atores estrangeiros ocuparam os principais papéis. Resultado: todo mundo chamando nosso herói de “Chicôu Mendéz”
MADE IN BRAZIL
Parece que, para quem está acima do Equador, latino é tudo igual. Segundo alguns gringos, por aqui nós curtimos dançar um chá-chá-chá (O Campeão) ou conga (Os Simpsons), tirar uma sesta depois do almoço (007 contra o Foguete da Morte) e tomar um mojito na praia (na canção “Lighter’s Up”, da rapper Li’l Kim).Na série Desperate Housewives, a capoeira foi descrita como um “kung-fu chá-chá-chá”
Em alguns casos, não dá nem pra saber com que país nos confundiram. Alguém aí se veste como os figurantes de Orquídea Selvagem? Ou já viu um barraco de favela que se parece com o do filme L’Homme du Brasil – com mesa e cama retráteis acionadas por polias?
Alguns artistas associam nosso país a seus produtos “tipo exportação”. Em “Living in the City”, a cantora Des’ree diz que bebe um “Brazil” – uma referência ao nosso café. Em “Drivin’ Down Brazil”, a musa da disco music Donna Summers cita nosso guaraná. A ex-Spice Girl Melanie B menciona nossos biquínis em “L.A. State of Mind”. A famosa depilação íntima “à brasileira”, considerada sensual pelas americanas, já foi citada em True Blood, Sex and the City e Ugly Betty. EHouse já resolveu um caso graças à castanha-do-pará e ao nosso “Carnaval de 40 dias” (hã?)
+ Por que Hollywood se tornou a capital do cinema?
TUDO ACABA EM PIZZA (OU BUNDA)
Nenhum clichê brasileiro é tão difundido lá fora quanto a exuberância das nossas mulheres. Ao que parece, maior do que o apetite sexual e o despudor das brasileiras, só mesmo certa parte de sua anatomia… No filme Si Tu Vas a Rio Tu Meurs, um dos personagens chega a apoiar uma caneca de cerveja na retaguarda de uma figurante. No episódio de Os Simpsons no Brasil, a bunda serve até para ensinar o alfabeto às crianças. Em Feitiço do Rio, todas as mulheres na praia (até a Demi Moore!) estão de topless.
Também somos conhecidos como o país da impunidade (por que será, né?). Segundo o documentário Olhar Estrangeiro, em mais de 40 filmes os vilões (ou os mocinhos que precisam escapar da polícia) acabam fugindo para cá. Entre os exemplos,Hulk, Cova Rasa, Um Peixe Chamado Wanda, Irmãos Gêmeos, Amor a Queima-Roupa, Os Produtores… Bandidos de seriados como Numb3rs e The Mentalist também já se refugiaram no Brasil. Pior ainda foi o terror Turistas, que descreveu o Brasil como ponto central no submundo do tráfico de órgãos.
ELES NOS AMAM
Nem todo mundo vacila na hora de retratar nossa pátria. Em visita ao Brasil para preparar um novo longa-metragem, o diretor Orson Welles (Cidadão Kane), se recusou a filmar só os clichês que seus produtores queriam ver. O filme jamais foi completado, mas sua história é recontada no documentário É Tudo Verdade. Entre os músicos, um bom exemplo é Frank Sinatra. Além de amigo e admirador de Tom Jobim, ele saudou nosso país com a canção “Brazil”:
“Agora, quando o crepúsculo apaga o céu
Relembrando as emoções do nosso amor
Há uma coisa de que estou certo
Vou voltar para o velho Brasil”
EM VERSO E PROSA
Infelizmente, para cada bom exemplo como o de Tom Jobim, há vários outros pra lá de estranhos:
“Três noites no Rio de Janeiro, sem o barulho de ônibus
Sem ambulâncias, sem sirenes de polícia para interromper meu silêncio
Mucho trabajo, poquito dinero
Wycleaf Jean, em “Three Nights in Rio”
“Todos os móveis tinham escrito ‘Made in Brazil’
Onde uma mulher se escravizou, com certeza
Levando pra casa 30 centavos por dia, para uma família de doze pessoas
E, sabe, isso é muito dinheiro para ela”
Bob Dylan, em “Union Sundown”
“Conheci uma garota no Carnaval do Rio de Janeiro
[…] E, entre quatro paredes, dançamos um tango”
Ricky Martin, em “Spanish Eyes”
“No Brasil, as bundas são anormais de grande
E elas quicam, azuis, amarelas e verdes”
Chris Brown, em “International Love”
“Estou curtindo com as brasileiras, sotaque forte/
[…] Deixei todas de bunda de fora
Transo com elas em vários lugares”
TI, em “Let’s Get Away”