As origens de 16 superstições de sorte e azar
Quebrar espelho? Fazer figa? Jogar sal sobre o ombro esquerdo? Fomos atrás de quem inventou tudo isso
Superstições fazem parte do dia a dia: mesmo se você nunca teve nenhuma, conhece alguém que tem. E são tão estranhas que não dá para não se perguntar: quem foi o “louco” que inventou cada uma?
Fomos atrás das origens folclóricas e históricas das principais.
Superstições de sorte
1. Jogar sal sobre o ombro esquerdo
É uma lenda popular entre os povos turcos. Para eles, todo infortúnio seria culpa de um anjo mau que vive no nosso ombro esquerdo e fica ali tentando nos prejudicar. Para evitar desgraças, o segredo seria cegá-lo com um pouco de sal nos olhos.
2. Cruzar os dedos
Em lugares e épocas nas quais ser cristão era perigoso, como no Império Romano, cruzar os dedos era uma forma de fazer referência à cruz e pedir a proteção de Jesus Cristo sem ser notado. Pouco a pouco, o sentido religioso se perdeu e o gesto passou a ser interpretado simplesmente como um pedido de boa sorte.
3. Ferradura
Diz a lenda que São Dunstan, que era ferreiro e viveu no século 10, teria recebido certo dia um cliente solicitando uma ferradura para si próprio (em vez de para um cavalo). Ao tirar as medidas do homem, Dunstan percebeu que o pé dele era rachado e tinha só dois dedos: era o diabo em pessoa.
Para dar-lhe uma lição, o ferreiro prensou os pregos bem no meio do pé do tinhoso, causando tanta dor que o diabo jamais ousou chegar perto de uma ferradura. Nos EUA e na Inglaterra, a ferradura deve ser usada com a parte aberta pra cima, de maneira que a boa sorte não “caia”.
4. Olho turco (ou olho grego)
Essa proteção contra o mau-olhado foi usada por diferentes povos ao longo da história, mas começou no Mediterrâneo. A lenda dizia que um homem teria conseguido estourar, só com a força de um olhar invejoso, uma rocha que até então não havia sido rompida nem por mil homens juntos. Se seu olho turco aparecer rachado, significa que ele cumpriu a função de te proteger de algo e, portanto, deve ser jogado fora.
5. Trevo de quatro folhas
De acordo com uma lenda cristã, quando Adão e Eva foram expulsos do Jardim do Éden, ela trouxe consigo um desses trevos. Por ser um pedaço do paraíso, ele é um símbolo positivo e que traz sorte para quem o encontra.
Para druidas (sacerdotes celtas), quem tivesse um trevo de quatro folhas poderia enxergar os demônios e, assim, escapar deles
Já São Patrício usava um trevo para explicar a Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo). Alguns fiéis passaram a ver a eventual quarta folha como mais um elemento, a “Graça de Deus”.
6. Pé de coelho
Vem de uma religião chamada hoodoo, criada pelos negros americanos. Um de seus amuletos mágicos é justamente o pé de coelho. Mas não qualquer um: somente o pé esquerdo de um coelho morto com um tiro ou em um cemitério serviria. Se a morte dele ocorrer em cima de uma tumba, em noite de lua cheia ou numa sexta-feira 13, melhor.
7. Figa
Era um amuleto comum na Grécia e na Roma antiga, principalmente entre as mulheres, por ser considerado um símbolo de fertilidade: o polegar entre os dedos representa o órgão masculino penetrando no feminino. Com o tempo, o símbolo perdeu a conotação sexual
Superstições de azar
8. Derrubar sal
Antes da existência das geladeiras, a única maneira de preservar alimentos perecíveis era colocando sal. Porém, a falta de tecnologia tornava a extração dos grãos muito cara e desperdiçá-los significava prejuízo na certa. Para aumentar o cuidado das pessoas, passou-se a dizer que derrubar sal dava azar. O mito se reforçou graças ao pintor Leonardo da Vinci, que retratou um saleiro caído em frente a Judas no quadro A Última Ceia.
9. Passar sob a escada
Esteja apoiada em uma parede ou aberta, a escada acaba formando um triângulo, um dos símbolos da Santíssima Trindade. Passar pelo centro dele, então, representaria uma ameaça ao equilíbrio entre Pai, Filho e Espírito Santo e, consequentemente, um pecado. Por isso, virou sinônimo de má sorte. Não é apenas a Igreja Católica que dá uma interpretação peculiar ao triângulo: os antigos egípcios diziam que ele é o símbolo da vida.
10. Deixar o chinelo virado causa a morte da mãe
Essa história está relacionada à moda dos chinelos no Brasil nos anos 60. Como muitas casas ainda não tinham acabamento no chão, os calçados ficavam mais sujos se estivessem com a sola para cima. Daí essa falsa maldição, que tinha como objetivo fazer os filhos não largarem os calçados de qualquer jeito.
11. Quebrar espelho
A catoptromancia, adivinhação por meio de reflexos na água, era muito popular na Antiguidade. Porém, se o recipiente caísse e quebrasse, o curioso teria maus bocados pela frente. Os romanos diziam que dava sete anos de azar porque, segundo uma teoria da época, o corpo de um homem se renovava completamente ao longo de sete anos.
12. Noivo ver a noiva com o vestido antes do casamento
Durante boa parte da nossa história, o casamento foi uma relação comercial. Por receio de que o noivo não gostasse da futura esposa e desistisse, a família da menina a escondia até a hora da cerimônia, sob a desculpa de que vê-la antes traria azar.
13. Gato preto
Na Idade Média, eles foram associados às bruxas devido aos seus hábitos noturnos. O papa Inocêncio VIII chegou a incluir os felinos dessa cor na lista dos perseguidos pela Igreja Católica. Para piorar, em 1561 o autor inglês William Baldwin escreveu um trabalho satírico chamado Beware the Cat, no qual os gatos pretos eram, na verdade, bruxas disfarçadas que tinham nove vidas, ajudando a espalhar ainda mais a lenda.
Devido às superstições, gatos pretos são menos adotados de abrigos – há até estudos comprovando isso! Não entre nessa: os bichanos de pelagem negra têm tanto potencial para ser seu bichinho de estimação quanto quaisquer outros. Na hora de adotar, por que não dar uma chance?
14. Abrir guarda-chuva em casa
Os guarda-chuvas só se tornaram um item usado em larga escala na Inglaterra da Era Vitoriana (século 18). Essas primeiras sombrinhas tinham um mecanismo feito de metal que podia causar ferimentos sérios se atingisse alguém. Para evitar acidentes, as pessoas passaram a falar em azar para quem abrisse guarda-chuva em ambientes fechados.
15. Orelhas queimadas indicam que alguém está falando mal de você
O mito ganhou força na Idade Média, pois achava-se que a pessoa estava sendo vítima de um feitiço. A recomendação seria lamber a ponta do dedo e pressioná-la na bochecha, falando o nome dos suspeitos: ela esfriaria na hora em que se mencionasse o culpado.
16. Número 13
Revoltada por ter perdido espaço para o cristianismo, a deusa nórdica do amor e da beleza, Friga, teria se exilado no alto de uma montanha onde, às sextas-feiras, se reuniria com 11 feiticeiras e com o próprio diabo (total: 13 pessoas) para praguejar contra a humanidade.
Ainda sSegundo uma lenda nórdica, 12 divindades participavam de um banquete quando, inesperadamente, apareceu um 13º convidado, Loki, figura associada à trapaça. Malicioso, ele induziu o deus cego Hoder a atirar uma flecha no próprio irmão, Balder.
Na Pérsia antiga, acreditava-se que existiam 12 constelações e cada uma delas regeria o mundo por um milênio. No 13º milênio, o caos reinaria, pois não haveria uma constelação dominante
E, na Última Ceia, Jesus Cristo convidou seus 12 apóstolos para jantar, totalizando 13 pessoas. Além disso, Jesus foi crucificado justamente em uma sexta-feira.