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Como era feita a higiene bucal antes da pasta de dente?

Hortelã pulverizada, pó de ossos e areia já foram usados para limpar os dentes

Por Leandro Saioneti
Atualizado em 22 fev 2024, 10h20 - Publicado em 27 out 2016, 17h54

 

ILUSTRA Adriel Contieri

Dependendo da época, o bafo era disfarçado com flores, pós bizarros e até xixi. Um manuscrito egípcio do século 4 a.C. registra o uso de uma pasta feita da mistura de flores de íris, folhas de menta, pimenta e sal. Na Grécia antiga, no mesmo período, o médico Diócles de Caristo recomendava o uso de hortelã pulverizada. Os romanos, por sua vez, “arriscavam-se” com um pó produzido das cinzas dos ossos e dentes de animais, ervas e areia. Na Idade Média, além das aplicações de pastas de ervas aromáticas, como sálvia, era comum o bochecho com urina para “eliminar” o mau hálito. A primeira fórmula moderna do creme foi inventada por químicos ingleses no século 18. A receita incluía sal, carvão vegetal (!), pó de porcelana (!!) e de tijolo (!!!).

Veja abaixo antepassados de outros artigos de higiene pessoal.

Escova de dentes

Os assírios davam um jeitinho com os próprios dedos. Outros povos se valiam de galhos, folhas e até penas. O artefato mais antigo encontrado com essa finalidade foi um ramo de planta com fibras desfiadas na extremidade, que estava numa tumba egípcia de 3 mil a.C. A primeira escova de cerdas surgiu em 1498, na China, com pelos de porco. Mas eles mofavam. O problema só foi resolvido em 1938, com a criação da escova com cerdas de náilon

Xampu

Durante séculos, cabelo se limpava com seja lá o que fosse usado como sabão. Mas houve exceções. Na Índia antiga, a prática mais comum era ferver amla seca (uma fruta típica da região) e frutos de árvores do gênero Sapindus (com propriedades saponíficas). Na Europa medieval, o truque era ferver raspas de sabão com ervas. A fórmula líquida mais parecida com a atual foi criada pelo químico alemão Hans Schwarzkopf, em 1927

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Sabonete

Os egípcios tomavam banho com uma mistura de sais alcalinos e óleos animais e vegetais. Mas, na maioria das outras civilizações, a receita usava cinzas vegetais e alguma gordura. Para os fenícios, banha de cabra. Para os chineses, pâncreas de porco. A barra sólida só surgiu com a descoberta do processo de saponificação, pelos árabes, no século 7. Os espanhóis deram um tapa na técnica ao adicionar óleo de oliva à receita

Desodorante

Entre muitos povos, o próprio banho valia para combater o mau cheiro das axilas. Os romanos inovaram criando uma almofadinha perfumada para ficar sob o sovaco. O desodorante contemporâneo apareceu em 1888, nos EUA. Era uma cera feita com óxido de zinco, mas tinha baixa ação antimicrobiana. Já o primeiro desodorante antitranspirante surgiu apenas em 1903, também nos EUA. Era uma solução aquosa de cloreto de alumínio

Barbeador

O início do Período Neolítico foi marcado pela técnica de polir pedras e transformá-las em instrumentos. Ou seja: desde 10 mil a.C., o homem já conseguia rapar os pelos! Com a manipulação do metal na Era do Cobre, em 6 mil a.C., surgiram as navalhas, usadas por egípcios, mesopotâmios e chineses. O que variava era o “creme de barbear” – desde azeite até óleo de baleia. O barbeador descartável foi inventado em 1895 pelo norte-americano King Camp Gillette

Absorvente íntimo

Segundo o Museu da Menstruação e História da Saúde Feminina dos EUA, mulheres tentaram de tudo. Em Roma, usavam chumaços de lã; na Grécia, ripas de madeira com retalhos; em tribos africanas, rolinhos de grama; na Indonésia, fibras vegetais; e, no Egito, canutilhos de papiro. E todos eram intravaginais! Na Idade Média, as europeias se acostumaram com toalhinhas reutilizáveis. A descartável, que viria a originar o absorvente, só se popularizou após a 2ª Guerra

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Papel higiênico

Na hora do aperto, o homem apelou a quase tudo: peles de animais, grama, folhas de coco, sabugo de milho, alface, areia, cascas de frutas, neve… Os gregos usavam esponjas amarradas em varas, lavadas em água salgada. Os primeiros a usarem um tipo de papel foram os nobres chineses, em 1391. A realeza francesa chegou a usar panos de seda, enquanto plebeus se viravam com lã de carneiro. O produto industrializado surgiu em 1857, nas mãos do norte-americano Joseph Gayetti

PERGUNTA DO LEITOR Rafael Nascimento da Silva, Mamanguape, PB

FONTES Livros Clean: A History of Personal Hygiene and Purity, de Virginia Smith, Passando a Limpo: o Banho da Roma Antiga até Hoje, de Katherine Ashenburg, O Limpo e o Sujo: Uma História da Higiene Corporal, de Georges Vigarello; sites GUIA DO ESTUDANTE, Aventuras na História, O Guia dos Curiosos e História do Mundo

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