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Como foi o golpe que instaurou o regime militar no Brasil?

Episódio teve influência da CIA, a agência de inteligência dos EUA

Por Tiago Cordeiro
Atualizado em 22 fev 2024, 10h39 - Publicado em 7 ago 2014, 19h02
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    Em 1964, o presidente João Goulart estava em rota de colisão com a parcela conservadora da sociedade. Isso causava apreensão (inclusive no governo dos EUA) em quem não queria ver repetidas, no maior país da América Latina, as revoluções socialistas ocorridas em países como China e Cuba.

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    Além da orientação à esquerda, Jango também queria mudar a Constituição para concorrer à reeleição em 1965. Mas essa eleição nem chegou a existir. Entre o fim de março e o início de abril, a crise que havia começado com a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961 (alçando Jango ao poder), chegava ao auge. De um lado, a cúpula dos militares, a ala conservadora da Igreja Católica, boa parte da imprensa, empresários, latifundiários e as classes média e alta. De outro, lideranças camponesas, sindicatos e militares de baixa patente.

    Princípio do fim

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    Uma rebelião de marinheiros e fuzileiros navais, apoiada por Jango, foi a gota d’água para os militares tomarem o poder

    30 de março

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    PROVOCAÇÃO E ESTOPIM

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    A cúpula militar já estava irritada com João Goulart desde quando ele anunciou a intenção de fazer uma reforma agrária. A participação do presidente em um encontro de militares revoltosos, no Automóvel Clube, no Rio de Janeiro, levou o general Olympio Mourão Filho a deslocar tropas em marcha, de Juiz de Fora ao Rio

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    31 de março

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    “BASTA!”

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    Esse era o título do editorial do jornal Correio da Manhã, no dia seguinte ao encontro, transmitido pela TV. O texto pedia a deposição do presidente da República. Os líderes dos militares insatisfeitos com Jango, em especial Humberto de Alencar Castello Branco e Artur da Costa e Silva, tentaram, em vão, impedir a ação de Olympio Mourão Filho, considerada precipitada

    31 de março

    TROPAS EM MOVIMENTO

    O governo despachou soldados para enfrentar os rebeldes de Juiz de Fora, usou tonéis de petróleo para barrar a praia de Botafogo e bloqueou o acesso ao Palácio das Laranjeiras, onde Jango se encontrava. Na Escola de Comando e do Estado-Maior do Exército, também no Rio, militares pró e contra o governo ficaram frente a frente, mas não entraram em conflito

    1º de abril

    É MENTIRA!

    Várias lideranças militares mudaram de lado. O caso mais simbólico é o deslocamento dos tanques que protegiam o Palácio das Laranjeiras para guardar o Palácio da Guanabara, do governador Carlos Lacerda – Jango fugiu para Brasília. No mesmo dia, manifestantes foram às ruas para comemorar a queda de Jango

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    1º de abril

    PISANDO A CONSTITUIÇÃO

    Com o presidente ainda em território nacional (Jango viajou de Brasília a Porto Alegre), Auro Moura Andrade, presidente do Congresso, declarou a presidência vaga e empossou o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli. Essa sessão, que desrespeitou a Constituição, seria simbolicamente anulada em 21 de novembro de 2013

    9 de abril

    MORDAÇA NÚMERO 1

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    Foi publicado o Ato Institucional (conhecido mais tarde como Nº 1), suspendendo a Constituição por seis meses, cassando direitos políticos de opositores do regime por dez anos e prevendo eleição indireta do presidente. Desde o dia 4, Jango e seu cunhado, Leonel Brizola, estavam exilados no Uruguai, de onde tentaram, sem sucesso, organizar um movimento de resistência

    11 de abril

    ELEIÇÃO INDIRETA

    O Congresso Nacional elegeu o marechal Castello Branco presidente da República, para completar o mandato iniciado por Jânio Quadros em 1961 e continuado por João Goulart até o dia 2 de abril. Concorreram também os militares Juarez Távora e o ex-presidente Eurico Gaspar Dutra. Começava uma ditadura militar de 21 anos

    15 de abril

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    MANDATO AMPLIADO

    Em seu discurso de posse, Castello prometeu entregar o cargo em janeiro de 1966, após as eleições indiretas de 1965. Mas, em julho de 1964, o Congresso aprovou a extensão do mandato até março de 1967. Castello seria sucedido por Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici e João Baptista Figueiredo. Os brasileiros votaram para presidente de novo em 1989

    AJUDA AMERICANA

    O governo dos EUA chegou a iniciar a Operação Brother Sam, que daria suporte militar aos golpistas. Os documentos oficiais estão disponíveis

     

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    Protagonistas adversários

    Personagens importantes do episódio, à direita…

    CARLOS LACERDA

    O governador da Guanabara liderava a frente política contra Jango. Contava com o apoio de colegas como o mineiro José de Magalhães Pinto e o paulista Adhemar de Barros.

    ARTUR DA COSTA E SILVA

    Um dos líderes da cúpula militar que conduziu o golpe, o marechal gaúcho virou presidente em 1967. Sob seu mandato, em 1968, foi promulgado o AI-5, que institucionalizou a repressão.

    AURO DE MOURA ANDRADE

    Como senador e presidente do Congresso Nacional em 1964, liderou a manobra irregular que facilitou a queda de Jango. Tentou, sem sucesso, ser vice-presidente do marechal Castello Branco.

    … e à esquerda

    JOÃO GOULART

    Ex-ministro do Trabalho de Juscelino Kubitschek e vice-presidente até a renúncia de Jânio Quadros, em 1961. Queria emplacar reformas de base – e mudar a Constituição para poder se reeleger.

    LEONEL BRIZOLA

    O deputado federal pela Guanabara e ex-governador do Rio Grande do Sul defendia abertamente o fechamento do Congresso Nacional para evitar um golpe militar. Viveu exilado nos anos 70.

    DARCY RIBEIRO

    O antropólogo mineiro foi ministro da Educação de Jânio e chefe da Casa Civil de Jango, quando tentou impedir o golpe. Depois do exílio, foi vice-governador e senador pelo Rio de Janeiro.

    FONTES Livros A Ditadura Envergonhada, de Elio Gaspari, Os Idos de Março e a Queda de Abril, organizado por Alberto Dines, Castello: A Marcha para a Ditadura, de Lira Neto; sites do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (UFRJ) e arquivosdaditadura.com.br; filme O Dia Que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares.

    CONSULTORIA Jorge Ferreira, historiador da Universidade Federal Fluminense e coautor de 1964. O Golpe Que Derrubou um Presidente, Pôs Fim ao Regime Democrático e Instituiu a Ditadura no Brasil

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