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Como foi o roubo ao Museu Isabella Stewart Gardner, em Boston, EUA?

Ladrões passaram mais de uma hora na instituição e levaram obras no valor de US$ 500 milhões - incluindo quadros de Rembrandt e Vermeer

Por Diego Meneghetti
Atualizado em 22 fev 2024, 10h25 - Publicado em 10 jun 2016, 15h33
EUA

ILUSTRAS Filipe Campoi

Esta matéria faz parte da reportagem OS ROUBOS DE MUSEU MAIS INCRÍVEIS DA HISTÓRIA. Confira as outras:

– Como foi o roubo ao Masp, no Brasil, em 2007?

– Como foi o roubo ao Museu Nacional de Belas Artes de Estocolmo, na Suécia?

MISTÉRIO SEM FIM

Dois ladrões sumiram com um acervo de meio bilhão de dólares… sem deixar vestígios

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1. 18 de março de 1990, 0h53

No dia anterior ao do roubo, câmeras de segurança flagraram uma pessoa não autorizada no museu (uma instituição criada com o acervo da milionária filantropa que lhe dá nome). Era madrugada e o local estava fechado para visitação. O cara estranho permaneceu durante alguns minutos na sala da entrada de serviços, conversando com um dos vigias.

2. 19 de março de 1990, 1h24

Era feriado de São Patrício, celebração de rua muito popular em Boston. Dois homens vestidos de policiais chegaram à instituição, dizendo responder a uma reclamação de perturbação da ordem. Um dos vigias noturnos, Richard Abath, então com 23 anos, deixou a dupla entrar. Logo foi rendido e amarrado no porão. Seu colega foi amordaçado em outra sala.

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3. 1h48

Usando as escadas, os ladrões chegaram à Sala Holandesa, no 1o andar. De lá, retiraram seis obras, entre elas O Concerto, de Johannes Vermeer, estimada em US$ 200 milhões. O museu tinha sensores de movimento e alarmes, mas sem conexão com a polícia – sua função era apenas alertar os seguranças caso algum visitante sem noção tocasse nos quadros.

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4. 1h51

Enquanto um dos ladrões permaneceu na Sala Holandesa, o parceiro seguiu para outro setor, a Galeria Curta, à procura de pinturas do francês Edgar Degas. O curioso é que, no caminho, ignorou alguns quadros de grande valor (como os do pintor italiano Rafael). Isso prova que o roubo havia sido planejado, com a encomenda de obras de arte específicas.

5. 1h54

Quando o quadro A Tempestade no Mar da Galileia foi tirado da parede, um dos alertas de proximidade soou. Isso fez com que o ladrão que estava na Galeria Curta voltasse correndo para a Sala Holandesa para ver o que havia acontecido. Mas eles continuaram a ação. Supõe-se, então, que sabiam que o alarme não avisaria a polícia.

6. 2h08

Ainda na Sala Holandesa, um ladrão surrupiou um ornamento feito de bronze que estava em um mastro de bandeira. Provavelmente, deve ter confundido o material com ouro, pois o valor da peça era baixo e destoava dos outros itens roubados. Depois, voltou à Galeria Curta, onde demorou 18 minutos para retirar das molduras cinco quadros de Degas. (As paredes onde ficavam as pinturas ainda estão, até hoje, desocupadas. Faça um tour virtual clicando aqui)

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7. 2h41

Os sensores de movimento sugerem que os dois saíram pelo mesmo caminho que fizeram ao entrar. Às 2h41, o primeiro escapou pela porta de serviço e, quatro minutos depois, o segundo fugiu pelo mesmo local. Uma câmera posicionada na rua mostra que os dois entraram em um Dodge Daytona modelo 1988.

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8. 0h20

Uma das telas roubadas, Chez Tortoni, de Édouard Manet, prova que o crime não está bem esclarecido. Esse quadro ficava na Sala Azul, no andar térreo, próxima à entrada principal. Mas os sensores de presença nesse local não foram ativados durante a ação dos ladrões. O último registro de movimentação nessa área foi na ronda do vigia, 30 minutos antes de o roubo começar.

9. 9 de maio de 2012

As pinturas ainda estão desaparecidas e até hoje ninguém foi preso. A polícia suspeita que o vigia Abath esteja envolvido, mas o crimejá prescreveu. Só quem estiver com as obras pode ser condenado. A pista mais quente levou o FBI à casa de Robert V. Gentile, um mafioso da Filadélfia de 79 anos, onde encontraram só um papel com o suposto valor das obras no mercado negro. O FBI e o museu oferecem uma recompensa de US$ 5 milhões para quem tiver informações que ajudem a reaver as obras.

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FONTES Jornais Folha de S.Paulo, O Globo, O Estado de S. Paulo, The New York Times, The Boston Globe e The Guardian; sites FBI, BBC, ArtLoss, Codart; e livro Crimes of the Art World, de Thomas D. Bazley

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