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Como os cristãos eram executados nas arenas romanas?

Perseguição foi, na verdade, muito menor do que se propaga

Por Tiago Cordeiro
Atualizado em 11 mar 2024, 16h41 - Publicado em 3 out 2017, 17h50

Sugestão da TdF Victoria Gallagher
Ilustra
Dudu Torres
Edição Felipe van Deursen

Como todas as vítimas das arenas, eles morriam de formas criativas nas mãos de gladiadores ou nas garras de animais. Por toda a extensão do Império Romano, esses espetáculos ofereciam simulações de batalhas, teatros com histórias mitológicas ou lutas – de animais, de gladiadores ou de animais e gladiadores contra prisioneiros. Esses presos podiam ser ladrões, soldados desertores, escravos que haviam descumprido seus senhores ou, apenas, cristãos.

Ser condenado à morte devorado por animais em coliseus tinha até nome: damnatio ad bestias. Via de regra, o império não perseguiu cristãos como política de Estado. Porém, como muitos seguidores da nova religião se recusavam a adorar deuses romanos ou a participar dos rituais em nome do imperador, eles acabavam detidos.

Ao longo de três séculos, desde a origem do cristianismo até a fé se tornar a religião oficial do império, não mais do que 2 mil cristãos morreram pelas mãos do governo. O número é relativamente baixo. Mas a saga de martírio ajudou o cristianismo a se firmar. Veja agora santos que foram ou teriam sido torturados ou executados nas arenas.

Como os cristãos eram executados nas arenas romanas?
(Dudu Torres/Mundo Estranho)

1-São Bartolomeu (?-?)
Era um dos 12 apóstolos. Nasceu em Caná, a cidade onde os fiéis creem que Jesus transformou água em vinho. Depois da morte do mestre, Bartolomeu teria ido para a Armênia, onde converteu o rei. Em retaliação, ele teria sido preso por sacerdotes e torturado: sua pele inteira foi arrancada. Depois, teria sido morto – para o método de execução, existem três versões: ele pode ter sido espancado, degolado ou crucificado de ponta-cabeça

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2-Santa Blandina (162-177)
Escrava francesa de 15 anos, foi perseguida pelo império na região de Lyon. Os algozes a torturaram e a ofereceram a animais selvagens (algumas referências mencionam dois leões; outras, um leão e um urso). Ela deveria ser devorada, mas os bichos se limitaram a lamber suas feridas. Foi mantida na arena por vários dias, viu vários colegas de fé serem trucidados, até que um boi a lançou para o alto e a perfurou com seus chifres

3-Santo Inácio de Antioquia (35-108)
Nascido na Síria, Inácio se revelou um teólogo expressivo e um bispo de renome. Foi aluno do apóstolo João e o terceiro bispo da importante cidade de Antioquia, na atual Turquia. Em suas cartas, foi o primeiro a usar a expressão “Igreja Católica”. Preso na Síria e levado a Roma, tornou-se o primeiro cristão destroçado e devorado por leões no Coliseu, a mais importante arena do Império Romano

4-São Lourenço de Huesca (225-258)
Nascido na atual Valência, na Espanha, foi executado em Roma, aos 33 anos, grelhado vivo. Feliz com a chance de sacrificar sua vida pela fé, teria feito até piada para seus carrascos: “Este lado [do meu corpo] já está bem assado, pode virar”. Sua prisão aconteceu durante um período de grande perseguição ordenado pelo imperador romano Valenciano. Nem o papa Sisto 2º escapou: morreu decapitado

5-Santo Hipólito (170-235)
Discípulo de outro mártir importante, São Policarpo, foi adversário dos papas da época, que absolviam pecados para aceitar o rápido aumento do número de cristãos. Exilado para fugir da prisão em sua cidade natal, Roma, ele acabou na ilha da Sardenha, onde foi preso. Seu corpo teria sido arrebentado por quatro cavalos, cada um puxando uma corda ligada aos pés e às mãos. Depois, seus restos mortais foram levados de volta à capital

6-São Policarpo (69-155)
Era conhecido dos primeiros apóstolos e se tornou bispo de Esmirna, na atual Turquia. Foi condenado à morte durante o governo de Marco Aurélio, que havia determinado que todo cidadão do império deveria louvar os deuses romanos. Policarpo foi preso a uma estaca para ser queimado. Mas, miraculosamente, ele parecia imune ao fogo. Sendo assim, acabou esfaqueado. A tradição cristã diz que ele é o santo certo para curar dor de ouvido

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7-Santa Glicéria (?-177)
Forçada a se apresentar diante de uma estátua de Júpiter feita de ouro, ela teria derrubado a imagem – ou, em outras versões da história, a obra teria desabado diante da presença dela. Glicéria teria sido presa por se recusar a aceitar o imperador Marco Aurélio Antonino como deus. Segundo a crença, ela foi jogada aos leões, mas eles se aninharam a seus pés, pacificamente. Morreu tranquilamente, quando pediu a Deus por sossego

8-Santa Perpétua (181-203) e Santa Felicidade (183-203)
Ambas viviam em Cartago, na atual Tunísia. Perpétua era a patroa e Felicidade, sua escrava. Foram presas por se recusarem a negar a fé cristã. Na arena, uma vaca avançou sobre elas, mas o público pediu clemência, pois Felicidade acabara de dar à luz e estava com os seios cheios de leite. O espetáculo foi interrompido, mas as duas não escaparam: foram degoladas

Consultoria Candida Moss, professora de teologia da Universidade de Notre Dame (EUA), e autora de The Myth of Persecution: How Early Christians Invented a Story of Martyrdom

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