Embora alguns presidentes gostem de improvisos, a cerimônia de posse do mandachuva da República segue obrigatoriamente um roteiro detalhado, estabelecido por decreto em março de 1972. Quem comanda a festança é o chefe do cerimonial da Presidência (órgão ligado ao Ministério das Relações Exteriores), cargo atualmente ocupado pelo embaixador Ruy Casaes. Embora a organização de eventos não pareça ser uma função que demande anos dedicados aos livros e às salas de aula, o cerimonial é integrado por diplomatas graduados, que poderiam perfeitamente estar à frente de alguma embaixada do Brasil ao redor do mundo. Mas não pense que os preparativos para a festa da posse são fáceis. Além dos detalhes de cada etapa do evento, o cerimonial precisa entrar em contato com autoridades do mundo inteiro para tentar trazê-las para Brasília. E, desde 1995, quando a posse passou a acontecer em 1º de janeiro, ficou difícil convencer os chefes de Estado a passar o primeiro dia do ano em Brasília. Essa data ingrata foi instituída pela Constituição de 1988, mas Fernando Collor de Mello escapou dela graças a um item da carta que determinava que o mandato do então presidente (José Sarney) terminasse só em 15 março de 1990. Sorte de Collor, que teve uma festa mais badalada que a de FHC.
Brasília é uma festa! A cerimônia começa com um evento religioso e termina com uma festa
1. Da Granja do Torto o presidente parte para a Catedral de Brasília, acompanhado de 20 batedores da Polícia do Exército e fuzileiros navais. O primeiro evento do dia não consta no protocolo oficial, mas já se tornou tradicional: o presidente e o vice, acompanhados pelas esposas, assistem à missa da manhã
2. Após a benção, o presidente desfila em carro aberto, escoltado por 110 Dragões da Independência, rumo ao Itamaraty. O carro é um Rolls-Royce, presenteado a Getúlio Vargas pelo governo britânico em 1953. Na posse de Lula em 2003 o carro teve que ser empurrado para subir uma rampa…
3. O protocolo não prevê pausa para o almoço, mas, como ninguém é de ferro, o cerimonial arma um banquete no Itamaraty para o presidente recepcionar as autoridades estrangeiras. Em 2003, Lula recebeu 12 chefes de Estado, dois a mais do que FHC em 1995, mas sete a menos que Collor, em 1990
4. Saindo do Itamaraty, ainda no Rolls-Royce, o presidente e o vice partem para o Congresso, onde são recebidos pelos presidentes da Câmara e do Senado. No plenário da Câmara, sob o olhar dos deputados, senadores e convidados, o presidente assina o livro oficial, faz um juramento à nação e discursa
5. Do Congresso para o Palácio do Planalto, onde o presidente eleito é recebido pelo que deixa o cargo e juntos sobem a rampa. Como Lula foi reeleito, provavelmente será recebido pelo embaixador Ruy Casaes, o chefe do cerimonial. Ao final da rampa, encontram os ministros e autoridades militares
6. No Gabinete Presidencial, a faixa passa de um presidente a outro ou, no caso de Lula, passa das mãos do chefe do cerimonial para o seu peito. Ainda no gabinete, o presidente nomeia seus ministros e com eles posa para a foto oficial. Em 2003, quebrando o protocolo, Lula recebeu a faixa no Parlatório
7. À noite, após o rigor de toda a cerimônia, o presidente pode comemorar à vontade. A festa pode ocorrer no Itamaraty ou no Palácio da Alvorada. Normalmente, a festa é um banquete seguido por baile de gala, mas, em 2003, na posse de Lula, sua equipe preferiu trocar o jantar por um coquetel
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