Como surgiu a maçonaria?
Tijolinho por tijolinho: o grupo surgiu na Idade Média, mas suas crenças pregam uma história bem mais antiga
1) Filhos de Noé
Diferentes autores maçons traçam o início da mitologia em torno da irmandade a vários pontos da história religiosa. Alguns dizem até que Adão era maçom! A tese mais “aceita” entre eles determina que os descendentes de Noé (o da arca) foram um tipo de “maçons ancestrais”, porque, como hebreus, acreditavam em um único Deus criador e na imortalidade da alma – dois preceitos fundamentais do grupo
2) Divididos, cairemos
Ainda segundo a crença maçom, os herdeiros de Noé misturaram-se com diversos outros povos na Torre de Babel. Mas, quando ela desabou, os preceitos da irmandade (chamados de “mistérios”) se espalharam para diversas outras religiões, que passaram a praticar, portanto, a “maçonaria espúria”. Os hebreus continuaram com a “maçonaria pura”
3) Obra divina
O grande momento lendário maçônico é a construção do Templo de Salomão. Ele simboliza o início da maçonaria como a conhecemos hoje porque uniu brevemente as duas divisões. Os espúrios, que encaravam a maçonaria mais como prática de engenharia, foram os construtores; os puros, que a viam mais como uma religião, foram os sacerdotes do rei Salomão
4) Segredos que matam
O arquiteto Hiram Abif tinha um pouco dos dois grupos: ele organizou a edificação do templo e a criação dos rituais. Ou seja, conhecia todos os segredos. Três operários gananciosos tentaram arrancar esse conhecimento, não conseguiram e o mataram. Essa traição e o sacrifício de Abif para proteger a irmandade são considerados, até hoje, o “big bang” da maçonaria
5) Origem operária
Historiadores acreditam que pedreiros itinerantes da Idade Média foram os verdadeiros precursores da ordem. Seus conhecimentos exclusivos de como construir grandes edificações, como castelos e igrejas, os deixavam em posição privilegiada: eles tinham autonomia dentro dos reinos, mas também ficavam próximos do poder, “apadrinhados” por reis e pelo clero.É daí que vem o nome do grupo: “masonry”, em inglês, é a técnica de construção com tijolo e argamassa
6) Abre a lojinha!
No século 18, a maçonaria começou a se organizar em Grandes Lojas, que passaram a aceitar cada vez mais gente de diversas profissões e posições sociais. A sabedoria operativa (de erguer templos e castelos) deu espaço à sabedoria especulativa, filosófica. No século 19, duas Grandes Lojas europeias viraram referência: a Grande Oriente da França e a Grande Loja Unida da Inglaterra
7) Made in America
Se a Europa foi o berço da maçonaria moderna, os EUA foram o salão de festas. Desde a era colonial já havia duas grandes Lojas que não se bicavam. Após a independência do país, a maçonaria foi constituída do zero, com Lojas independentes das europeias, e até com seu próprio sistema de gradação (o Rito de York), que hoje é seguido por 80% dos maçons do mundo
8) A briga final
A maçonaria passou por muitas outras divergências e subdivisões. A última relevante foi em 1877. A Grande Oriente da França, mais liberal, determinou que a crença em uma religião monoteísta não seriamais critério para admitir novos membros. A Loja Unida da Inglaterra achou uma afronta. Surgiam a maçonaria continental (mais liberal) e a regular (mais conservadora).
FONTES Livros Encyclopedia of Freemasoney and Its Kindred Sciences e The Symbolism of Freemasonry, de Albert G. Mackey; O Livro Secreto daMaçonaria, de Otavio Cohen; Born in Blood – The Lost Secrets of Freemasonry, de John Robinson; Three Distinct Knocks, autor anônimo; Masonry Dissected, de Samuel Prichard; The Brotherhood, de Stephen Knight; Morgan’s Exposure of Free Masonry, de William Morgan; Manual of Freemasonry, de Richard Carlile; Duncan’s Masoic Ritual and Monitor, de Malcom C. Duncan; Low Twelve: By Their Deeds Ye Shall Know Them, de Edward S. Ellis; Pamphlets on Freemasons’Rituals and Practice in Brazil, da Universidade de Princeton; e General Ahiman Rezon, de Daniel Sickels. Artigos Maçonaria: História e Historiografia, de Celia M. Marinho de Azevedo; e The Third Degree Tracing Board, de Terry Spalding-Martin. E sites The New York Times, Former Masons, Hermetic, freemasonry.bcy.ca e freemasons-freemasonry.com