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É possível conservar cadáveres intactos sem congelá-los?

Por Lorena Verli
Atualizado em 22 fev 2024, 11h23 - Publicado em 18 abr 2011, 18h35

A técnica, inventada pelo alemão Gunther von Hagens, em 1977, consiste em nada mais do que substituir os fluidos corporais por polímeros (silicone, resina de epóxi e poliéster), o que permite que os órgãos adquiram plasticidade e permaneçam sem cheiro e secos. A Universidade Federal do Rio de Janeiro, inclusive, tem uma unidade dedicada especificamente à plastinação de corpos. A técnica só não é mais difundida por causa do custo – a plastinação de um corpo consome cerca de 60 mil dólares – e da polêmica sobre a origem dos corpos. De acordo com seu inventor, todos os espécimes utilizados foram doados pelos “donos” em vida ou esquecidos no necrotério. Mas há quem duvide dessa versão: dizem que Gunther von Hagens e seus seguidores obtêm os cadáveres no mercado negro. De qualquer forma, quem desejar pode doar o corpo para ser plastinado e exibido nos museus do mundo inteiro. Basta entrar no site da exposição, Body Worlds (body-worlds.com), para saber como fazer a doação. Agora, se você só está curioso para saber o que eles fazem com esses cadáveres, dá uma olhada no infográfico.

A volta dos mortos vivos Desde a morte até a exposição, o corpo passa por um ano e meio de tratamento

1. Quando uma pessoa morre, as próprias enzimas celulares começam a fazer a decomposição do corpo. Para evitar que isso aconteça, os cadáveres são embebidos em formaldeídos (o famoso formol) que, além de estabilizar o tecido, previnem o auto-extermínio das células

2. Ao tirar o cadáver da banheira de formol, os plastinadores precisam decidir logo a pose que darão ao corpo ao final do processo. Se quiserem mostrá-lo sem a pele, é nesse momento que ela precisa ser retirada. Na dissecação, os “artistas” usam instrumentos como fórceps e bisturi

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3. O próximo passo é desidratar o corpo para evitar o ataque de bactérias. Por isso, ele é imerso em uma banheira cheia de acetona. Por difusão, a água presente nas células passa para o meio mais concentrado (a acetona) e se dilui nele. Logo, a acetona substitui 99% da água

4. A acetona é então substituída por uma solução de polímero. Para isso, o corpo é colocado em uma câmara de vácuo, que tem a pressão reduzida até a acetona evaporar. O espaço vazio deixado nas células é preenchido gradualmente pelo polímero. Esse processo pode levar várias semanas

5. Com todas as células recheadas com o polímero, é hora de moldar o corpo. Afinal, nesse momento, ele já está preservado, mas ainda não enrijecido. Para colocá-lo na posição desejada, os plastinadores usam cordas, barbantes, agulhas e blocos. Tudo com muito cuidado, para não estourar nenhum músculo ou articulação

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6. Para secar, o corpo é tratado com gás, luz ou calor (dependendo do polímero usado). Em alguns dias, o polímero endurece e a peça fica seca ao toque e rígida, como se tivesse sido esculpida em uma pedra. Mas, ela só ficará totalmente seca após vários meses

7. Por fim, são feitos os retoques. O corpo ganha olhos de vidro e, se necessário, pode ser pintado, para ficar mais definido. Ao final desse processo todo, que pode durar um ano e meio e custar milhares de dólares, o cadáver perde todo e qualquer odor e ganha durabilidade ilimitada, podendo ser exibido e até manipulado

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