É possível estimular um vulcão a entrar em erupção? Bombas funcionariam?
Na teoria, pode até dar certo – mas, na prática, a chance é mínima. “Primeiro, seria preciso encontrar uma câmara magmática não muito profunda com uma grande quantidade de magma e gases sob pressão. Além disso, as bombas deveriam ser extremamente potentes para romper a rocha maciça e abrir caminho para a lava sair”, diz […]
Na teoria, pode até dar certo – mas, na prática, a chance é mínima. “Primeiro, seria preciso encontrar uma câmara magmática não muito profunda com uma grande quantidade de magma e gases sob pressão. Além disso, as bombas deveriam ser extremamente potentes para romper a rocha maciça e abrir caminho para a lava sair”, diz a geofísica Leila Soares Marques, da USP. Para aumentar o potencial do estrago, uma opção seria enterrar bombas subterrâneas a centenas de metros de profundidade. “Mas, nesse caso, é bem provável que o artefato não resistisse às altas temperaturas do subsolo”, afirma o geólogo Victor Klein, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). De qualquer forma, mesmo que o explosivo fosse detonado, provavelmente nada aconteceria com o vulcão.
A principal razão é que os processos que desencadeiam as erupções, como o choque entre placas tectônicas ou o acúmulo de gases nas câmaras magmáticas, acontecem a dezenas de quilômetros da superfície terrestre. As bombas, mesmo as mais poderosas, têm um efeito muito menor. “Já fizemos várias experiências com a Força Aérea americana e descobrimos que uma bomba com cerca de mil quilos de explosivos consegue criar uma cratera de no máximo 20 metros de diâmetro e 3 metros de profundidade”, diz o vulcanologista americano John Lockwood. Parece incrível, mas já teve gente tentando provocar erupções na base da força bruta. “Em 1944, o Exército dos Estados Unidos bombardeou um vulcão em Rabaul, na Papua Nova Guiné, que na época havia sido invadida pelos militares do Japão”, afirma John. Como era de se esperar, o ataque não fez nem cosquinha no vulcão, e ele permaneceu adormecido.