Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

E se o Sul se separasse do Brasil?

O cenário envolveria desafios tanto para o Brasil abandonado quanto para a nova nação: conheça os baques e os pontos fortes da hipotética República do Mate.

Por José Eduardo Coutelle
Atualizado em 22 fev 2024, 10h38 - Publicado em 16 mar 2015, 19h03
  • Seguir materia Seguindo materia
  • ME_159_virada_36&37

    Publicidade

    Pergunta do leitor Gabriel Afonso Costacurta, São Miguel do Oeste, SC

    Publicidade

    O Sul tem um histórico de lutas por independência. Antes mesmo do Brasil iniciar sua carreira no republicanismo, a Revolução Farroupilha (1835-1845) criou temporariamente as repúblicas Rio-Grandense e Juliana (no RS e em SC, respectivamente), durante o Império de D. Pedro II.

    Se, atualmente, a região optasse novamente pela separação, parte expressiva da produção agrícola e industrial, da força de trabalho e da capacidade intelectual do Brasil seria perdida. O Sul tem alguns dos melhores índices de empregabilidade, educação e desenvolvimento humano.

    Publicidade

    Mas o novo país não estaria necessariamente melhor que o restante do Brasil. Entre os desafios a enfrentar, estariam a falta de unidade cultural, as divergências políticas, a crise energética e dificuldade de obter certos produtos ou matérias-primas.

    Continua após a publicidade

    República do mate

    Publicidade

    A erva, usada em bebidas como chimarrão e tereré, seria o símbolo da nova nação

    FRONTEIRAS

    Publicidade

    A tentativa de separação resultaria em resposta imediata do governo brasileiro, primeiro com a destituição dos governadores e em seguida com o avanço das Forças Armadas. Não quer dizer que a independência se tornaria necessariamente uma guerra. O processo poderia ser pacífico, decidido por meio de plebiscito recomendado pelo Congresso Nacional ou como resultado de um acordo entre governos.

    Continua após a publicidade

    POLÍTICA

    Publicidade

    O primeiro ato seria elaborar uma Constituição, definir a forma de governo e o processo eleitoral. Com histórico de oposição ao regime militar e uma tradição de líderes fortes, o país provavelmente optaria por uma república governada por um presidente carismático, que precisaria conciliar interesses de gaúchos, catarinenses e paranaenses.

    ENERGIA

    Uma aposta certeira é que o Brasil não abriria mão de uma das maiores hidrelétricas do mundo. Sendo assim, o Sul perderia Itaipu – e a principal fonte de energia seria o carvão mineral. Para uma alternativa menos poluente, o governo precisaria investir pesado em energia eólica – um plano viável só em longuíssimo prazo.

    Continua após a publicidade

    A solução imediata seria importar gás natural da Argentina, além de ampliar hidrelétricas do rio Uruguai. Sem produção local de petróleo, o preço dos combustíveis dispararia. Uma opção seria investir no etanol. De novo, ia demorar para resolver todos os problemas. Atualmente, a região Sul abriga apenas 7% das plantações de cana-de-açúcar brasileiras

    GOVERNO

    Como capital, uma candidata forte seria Chapecó (SC): cidade planejada, localizada no centro do novo país e com infraestrutura aeroportuária. Alguns ministérios e os poderes Legislativo e Judiciário poderiam se distribuir por outros estados. Outra questão a ser avaliada é a necessidade de manter um país pequeno com estados separados – a alternativa seria uma república unitária, sem estados, como é o caso do Uruguai.

    Além de um Banco Central e uma moeda própria, o Mate teria que providenciar um código de ligação internacional (DDI) e um domínio de internet (.rmt)

    Continua após a publicidade

    AGRICULTURA

    O principal setor da economia mateana afetaria a mesa do cidadão brasileiro. A região produz quase todo o trigo, a maior parte do arroz, mais da metade da cebola e um terço da batata inglesa, soja e milho do Brasil. O País do Mate se tornaria exportador de cereais e de legumes – vale lembrar especialmente da cevada, forte produto nacional mateano. Por outro lado, cacau e café passariam a fazer parte da “cozinha internacional” e precisariam ser trazidos de fora.

    Com a redução na capacidade agrícola, o Brasil provavelmente desmataria ainda mais a Floresta Amazônica para abrigar novas plantações

    PECUÁRIA

    Continua após a publicidade

    A maioria do presunto consumido no Brasil seria importado, já que o Sul é referência na produção de suíno – aliás, de frangos também. Um terço do leite brasileiro viria da República do Mate. Já o tradicional churrasco gaúcho seria afetado pela falta de carne. Hoje, os estados do Sul somados produzem menos gado bovino que São Paulo.

    INDÚSTRIA

    O Mate poderia ganhar destaque no setor metalmecânico. A região abriga siderúrgicas, montadoras de caminhões, carrocerias, reboques e retroescavadeiras.
    O Brasil sentiria o baque na manutenção e ampliação do transporte coletivo, já que cerca de 70% dos ônibus brasileiros são montados na região Sul.

    LEIA MAIS

    – E se não houvesse corrupção no Brasil?
    – E se o Brasil tivesse sido colonizado pelos EUA?

    Fontes Sites Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social e IBGE e relatórios Estatística de Produção Agrícola (julho de 2014) e Estatística de Produção Pecuária (junho de 2014), do IBGE

    Consultoria Rodrigo Stumpf González, professor do Departamento de Ciências Políticas da UFRGS, e Hemerson Luiz Pase, professor do Instituto de Sociologia e Política da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 12,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.