É verdade que drogam as pessoas e roubam seus rins em hotéis?
É bem possível que a parte do "boa noite, Cinderela" funcionasse, mas o resto é... complicado
Você conhece bem a lenda urbana: a pessoa aceita o drinque de um desconhecido na balada e acorda no outro dia numa banheira com gelo, sem se lembrar de nada. Há uma cicatriz no seu corpo e um bilhete: “Ligue para o hospital, seu rim foi extraído”…
Mas a realidade é que não há nenhum caso assim nos registros policiais. E quem inventou essa história certamente não manjava muito de medicina. “Seria impossível fazer a cirurgia num quarto de hotel”, diz o professor doutor Paolo Meneghin, da Escola de Enfermagem da USP. A única parte da lenda que faz algum sentido é o golpe chamado “boa noite, Cinderela”. Abaixo você confere como ele funciona e por que o restante do mito não passa de uma assustadora fantasia.
“BOA NOITE, CINDERELA” – Possível
Há mesmo drogas que causam sono e amnésia. Elas são usadas em um golpe chamado “boa noite, Cinderela”: a vítima que ingere a droga acaba roubada ou até estuprada. Por isso, é bom mesmo ficar esperto ao aceitar bebida de estranhos.
CIRURGIA NO HOTEL – Impossível
A estrutura de uma sala cirúrgica não rola num quarto de hotel. O uso da droga, por exemplo, precisaria da supervisão de um anestesista. Uma dose pequena despertaria a pessoa com a dor da cirurgia. Uma overdose poderia matá-la, o que contradiz a lenda.
EXTRAÇÃO DO RIM – Impossível
Ao extrair um rim você perfura veias e artérias. Numa veia, você estanca o sangue fácil, mas só médicos são treinados para fechar artérias em pouco tempo para que o paciente não morra. Essa seria uma tarefa impossível para um traficante-açougueiro qualquer.
BANHEIRA COM GELO – Impossível
Se o sangramento de veias e artérias não for estancado, a pessoa pode entrar em choque por perda de sangue e morrer em pouco tempo. Nenhuma banheira cheia de gelo seria suficiente para estancar o sangramento e provocar a coagulação nas artérias.