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Mulheres que mudaram a história: Aung San Suu Kyi

Ela venceu a ditadura local e hoje é a pessoa mais poderosa de seu país. Mas é criticada por se calar diante do massacre da minoria muçulmana de Mianmar

Por Tiago Cordeiro
Atualizado em 22 fev 2024, 10h06 - Publicado em 5 mar 2018, 16h32
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(Maurício Planel/Mundo Estranho)


O que é:
Conselheira de Estado
Onde vive: Mianmar
Quando nasceu: 1945

Para dar conta da importância de Aung San Suu Kyi, o governo de Mianmar precisou inventar um cargo. Desde 2016, o país tem um conselheiro de Estado. Com isso, o presidente, Htin Kyaw, abriu mão de boa parte de seu poder. Mas lidou com o clamor popular sem precisar mexer na Constituição do país, que não permite que cidadãos que têm filhos estrangeiros assumam o posto de chefe de Estado.

Existem vários motivos para Aung San Suu Kyi ser tão importante. Seu pai, Bogyoke Aung San, foi o grande responsável pela independência do país, que então se chamava Birmânia. Fundou o Exército nacional e atuou como primeiro-ministro entre setembro de 1946 e julho de 1947 – quando foi assassinado.

Suu Kyi tinha apenas 2 anos. Sua mãe, Khin Kyi, também seguiu carreira na política. Foi ao lado dela que Aung Sang fez faculdade de ciências políticas em Nova Délhi, na época em que Khin Kyi era embaixatriz na Índia.

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PRISÃO DOMICILIAR
Na sequência, Suu Kyi seguiu para a Inglaterra, para estudar filosofia, política e economia em Oxford. Formou-se em 1968 e seguiu para Nova York, onde foi funcionária da Organização das Nações Unidas. Em 1972, a acadêmica se casou com um historiador britânico chamado Michael Aris. Foi desta relação que nasceram os filhos estrangeiros, Alexander e Kim.

Em 1988 Suu Kyi voltou a seu país natal para liderar o movimento pela volta da democracia. O país vivia sob ditadura militar, e sua luta rendeu a ela um Prêmio Nobel da Paz, em 1991.

Suu Kyi passou quase 15 anos sob prisão domiciliar. Não podia deixar o país nem receber os filhos, que viviam na Inglaterra. Entre 1988 e 1997, viu o marido apenas cinco vezes – ele acabaria morrendo longe da esposa, vítima de câncer.

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Enquanto Michael esteve doente, até o papa João Paulo 2º e o secretário-geral da ONU Kofi Annan requisitaram que o governo permitisse que ele visitasse a mulher. O pedido foi negado.

VITÓRIA PARCIAL
Tantos anos de luta pela democracia compensaram. O país hoje vive uma situação política relativamente estável, e é liderado, na prática, por Aung San Suu Kyi. Mas a conselheira de Estado tem tido dificuldades em conduzir o país.

É muito criticada por permitir o massacre de minorias muçulmanas, segundo observadores internacionais. Está experimentando dificuldades semelhantes às que Nelson Mandela encontrou na África do Sul, quando assumiu o poder no país. Suu Kyi, aliás, foi por muitos anos equiparada a Mandela. Para o bem e para o mal, a comparação parece fazer sentido.

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SEUS GRANDES ACERTOS

  • Retomou a democracia
    Seguindo a estratégia de resistir de maneira pacífica, ela expôs a ditadura local e se tornou uma liderança incontestável
  • Preparou-se bem
    Ao longo da vida, Suu Kyi fez cursos ligados à ciência política e trabalhou em centros de referência para a democracia internacional
  • Suportou a pressão
    Para ver o marido à beira da morte, ela teria que deixar o país, sabendo que não poderia voltar. Preferiu continuar presa

SEUS GRANDES FRACASSOS

  • Falha na economia
    Apesar de ser popular dentro e fora de Mianmar, Suu Kyi tem experimentado um aumento da taxa de desemprego de seu país
  • Finge que não vê
    Apesar de todas as evidências de que a minoria muçulmana rohingya esteja sendo exterminada diariamente, ela continua negando que haja um massacre
  • Tem gestos ditatoriais
    Sob sua gestão, o governo tem mandado prender cidadãos que usam as redes sociais para criticar a conselheira e suas medida
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DICA DE LIVRO
Viver sem Medo, publicado pela Campus, dá uma ideia das posições políticas de Aung San

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