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O que foi a Ku Klux Klan?

Grupo racista criminoso ganhou força no século 19 devido a um conjunto de leis segregacionistas nos EUA

Por Raquel Carneiro
Atualizado em 22 fev 2024, 10h12 - Publicado em 20 jun 2017, 18h03
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  • (Caio Cacau/Mundo Estranho)

     

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    Foi uma milícia criminosa racista criada no sul dos EUA logo após a Guerra Civil Americana (1861-1865). O grupo formado por pessoas brancas reagiu à libertação dos escravos e a um projeto do governo chamado Reconstrução, que integraria os negros à sociedade. Responsável por massacres, estupros e linchamentos, entre outras atrocidades, a Klan passou por três fases históricas, todas repletas de ódio.

    1. Em 1866, na pequena cidade de Pulaski, no Tennessee, seis amigos começaram a sair com lençóis brancos na cabeça durante a noite para pregar peças nos negros das fazendas locais. Com o tempo, as brincadeiras ganham contornos violentos e motivações políticas. Nascia ali a Ku Klux Klan, que emprestou do grego a palavra kuklos (círculo) e dos escoceses o termo klan (clã). Em um ano, eles atingem meio milhão de adeptos em diferentes cidades

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    2. O governo dos EUA deu à KKK o status de organização criminosa em 1870. Contudo, no sul, eles ganharam força devido a um conjunto de leis segregacionistas dos estados locais. Conhecidas como “Jim Crow” (personagem negro e bobo da cultura popular norte-americana), essas leis ditavam que ônibus, cinemas, restaurantes e outros estabelecimentos possuíssem assentos separados para negros. Quem não cumpria os limites era punido pelas autoridades, com a ajuda da Klan

    3. Com a fuga de negros para outros estados, o grupo aumentou sua atuação pelo país. Uma primeira sede oficial foi aberta em Nashville sob a liderança de Nathan Bedford Forrest, o Grande Mago (ver abaixo). Toda a área de atuação era designada como Império. O que estava fora era chamado de “mundo alienado”. O visual branco com chapéu pontudo remetia aos fantasmas dos soldados confederados mortos durante a Guerra Civil

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    4. Com o fim da Reconstrução em 1877, a KKK perdeu sua força inicial. Mas o declínio não apagou sua ideologia: alguns adeptos se envolveram com a política. Como resultado, cinco ex-presidentes dos EUA hoje são apontados como simpatizantes da organização: William McKinley (1897-1901), Woodrow Wilson (1912-1921), Warren G. Harding (1921-1923), Calvin Coolidge (1923-1929) e Harry S. Truman (1945-1953). O discurso racista de Woodrow ajudou a Klan a retomar suas atividades

    5. A “era de ouro” da KKK aconteceu entre 1914 e 1924. Com a 1a Guerra Mundial e a ida de europeus para os EUA, o grupo se reorganizou e aumentou a lista de inimigos. Judeus, católicos, imigrantes, comunistas e homossexuais se tornaram alvos. A estreia de O Nascimento de uma Nação, em 1915, exibido em sessão especial na Casa Branca, marcou a renovação do grupo. O filme colocava os negros como vilões e romantizava a KKK. Com apoio político, o grupo chegou a 5 milhões de membros

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    6. Explosões de bombas, linchamentos e enforcamentos em árvores eram as principais estratégias do grupo. Um dos momentos mais violentos foi o Massacre de Colfax, em 1873, quando uma manifestação do Partido Republicano (que era a favor de direitos políticos para os negros) terminou em uma guerra ao ar livre. Cerca de 200 pessoas morreram – 197 negros. Outro caso emblemático rolou em 1963, quando quatro meninas foram mortas por uma bomba em uma igreja batista no Alabama

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    7. A Grande Depressão, na década de 30, levou ao segundo declínio da Klan. O enfraquecimento financeiro, causado pela evasão de membros, foi problemático. As muitas ações terroristas também ajudaram a desmoralizar o grupo. Com a chegada da 2ª Guerra Mundial, não faltaram comparações entre a milícia local e os nazistas. A KKK interrompeu as atividades em 1944

    8. As décadas de 50 e 60 foram marcadas por uma onda de protestos e ações que pediam pelo fim do segregacionismo no sul dos EUA. A luta dos negros fez renascer a Ku Klux Klan em versão ainda mais assustadora. Em contrapartida, o ativismo negro ganhou a atenção da imprensa, mudou a opinião pública a motivou o presidente Lyndon Johnson a aprovar a lei dos Direitos Civis, em 1964. As leis “Jim Crow”, após quase 90 anos ativas, caíram em 1965. A KKK como era conhecida acabou em 1981

    9. Atualmente, o grupo ainda sobrevive, com ações menos significativas. Estima-se que existam 190 grupos derivados em atividade nos EUA – em 1990, eram só 28. Possuem um jornal oficial e alguns membros envolvidos na política. Como o nome é de domínio público, outros grupos de ódio se apropriam dele pelo mundo, caso dos Klans Imperiais do Brasil, que rechaçam negros, gays, muçulmanos e nordestinos

    A HIERARQUIA DA KKK

    Cada cargo era eleito pelos líderes do nível abaixo. Após 1944, os títulos fantasiosos foram aposentados

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    (Caio Cacau/Mundo Estranho)

     

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    Grande Mago – Responsável por toda a área de atuação da Klan
    Grande Dragão – Comandantes dos “Reinos”, os estados dos EUA
    Grande Titã – Cuidava dos Domínios, junções de três condados
    Grande Gigante – Líder de uma Província, ou seja, um condado
    Ciclopes, Mágicos e Monges – Líderes “religiosos”, iniciavam novos membros

    Pergunta do leitor Pedro Bacelar Araújo Lima, Salvador, BA

    CONSULTORIA Clifford Andrew Welch, docente do curso de história da EFLCH/Unifesp Guarulhos, Mark Mirabello, professor de história na Shawnee State University, David Goldfield, professor de história na Universidade da Carolina do Norte, e Michael Newton, autor do livro The Ku Klux Klan: History, Organization, Language, Influence and Activities of America’s Most Notorious Secret Society

    FONTES Livro Catalogue of Official Robes and Banners – Knights of the Ku Klux Klan (autor desconhecido); estudo Lynching in America: Confronting the Legacy of Racial Terror, da ONG Equal Justice Initiative

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